| Chloe Beth Parker |
Chloe respirou fundo algumas vezes antes de entrar no quarto. Passava das 00h45, e ela sabia que precisaria inventar uma desculpa convincente para Alex, se ele resolvesse implicar. O marido provavelmente já estaria dormindo — afinal, ele dava aula de Literatura Moderna no The Manchester College, o que os mantinha em frequentes embates silenciosos.
Mas, ao abrir a porta, Chloe o encontrou sentado na cama, com seus óculos de leitura equilibrados no nariz perfeito e um livro repousando em seu colo.
— São quase uma da manhã. — Alex não ergueu os olhos do livro.
Chloe caminhou até a frente do closet, lançando-lhe um olhar por cima do ombro, indiferente.
— Estava tensa. Dennael precisou intensificar a sessão de acupuntura.
— Não me parecia tensa essa semana. — Ele tirou os óculos, apoiando-os na mesinha de cabeceira, e a encarou com aquele ar de julgamento que tanto a irritava.
— Grande novidade você não reparar em nada, querido. — Ela respondeu com sarcasmo, abrindo os botões da camisa social branca, revelando o sutiã de renda no mesmo tom.
— Não seja dramática, Chlou. — Alex rebateu, rolando os olhos. Mas logo seus olhos voltaram a segui-la, como se visse algo que ainda lhe pertencia. Chloe soltou os grampos do coque, e seus cabelos negros caíram como uma cortina sobre os ombros nus.
— Você deveria dormir. — murmurou, baixando o zíper da saia, deixando-a cair aos pés.
— Ei… — Alex se ergueu da cama, aproximando-se antes que ela abrisse a porta do banheiro. — Por que não aproveitamos? Sinto saudade de você…
Ela revirou os olhos, mas se deixou encostar contra a parede. Sabia que às vezes precisava ceder, manter a ilusão do casamento perfeito.
— Prometo não demorar. — Ele sussurrou, roçando a ereção na curva de suas costas. — Apoie as mãos na parede…
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Não passava das 8h30 quando Chloe chegou à editora. Deixara Charlie na escola, tentando aproveitar ao máximo o pouco tempo com o filho. Ele entendia a ausência dos pais, mas havia dias em que Chloe sentia uma culpa devastadora por não ser mais presente.
O dia prometia ser exaustivo: uma nova remessa de livros sairia dali direto para a Blood Moon Book’s — sua livraria em Manchester. A única parte boa disso era ter uma desculpa para falar com Evanna, a gerente da loja. Pensar em Evy lhe aquecia o peito.
— Senhora Parker, sua reunião é em meia hora. — A voz suave de Emma a trouxe de volta. A secretária estava parada na porta: loira, cabelos curtos perfeitamente arrumados, um decote perigoso para o ambiente corporativo.
Chloe precisou morder o lábio inferior.
— Já lhe pedi pra não me chamar de senhora, Emma. Me faz parecer uma velha.
— Desculpe… você não é velha. — A loira corou, corrigindo-se num tropeço tímido. Chloe arqueou uma sobrancelha, divertindo-se.
— Agradeço a gentileza, senhorita Dowson. — Disse, deslizando os óculos sobre o nariz. — Vai me atualizar sobre a reunião?
— Claro. — Emma pigarreou, fechando a porta atrás de si. Chloe a convidou a se aproximar, como uma pantera cercando sua presa. — É sobre o livro que será lançado hoje… e sua palestra na The Manchester College, na semana que vem.
Chloe sorriu. A menção da universidade era um lembrete delicioso de Evanna.
— Hm. Meu marido é professor lá… vai ser interessante. — murmurou perto do pescoço de Emma, apreciando os pequenos arrepios que surgiram. — Você cheira tão bem, Emma.
— Senhora Parker… eu acho que devo…
— Sol, não tinha ninguém para me anunciar, então… — A porta abriu de supetão. Emma sobressaltou-se, colando o corpo magro no de Chloe. Parada à porta, Evanna congelou — bochechas coradas, os olhos castanhos transformados em navalhas.
O silêncio na sala era quase palpável. Chloe afastou-se de Emma, contornando a mesa, o som do salto agulha soando como uma sentença.
— Uh… cheguei em má hora. — Evanna forçou um sorriso. — Entro em contato depois.
— Emma, mande os detalhes da reunião por e-mail. — Chloe disse sem tirar os olhos de Evanna. — Entre, Evanna.
— Já estou de saída.
— Eu insisto. — O tom cortante de Solis não deixava espaço para discussão.
Emma passou por Evanna, ainda vermelha. Assim que a porta se fechou, a tensão tomou forma, grudenta, quente. Chloe se sentou na beirada da mesa, analisando a mulher que agora parecia uma tempestade contida.
— Não deveria me chamar de Sol. — Chloe lambeu o lábio, provocante. — Nossos codinomes ficam no flat.
— E você deveria ter mais cuidado. — Evanna rebateu, os braços cruzados, o maxilar trincado.
— Cuidado com o quê?
— Com quem se envolve no trabalho. Surpresa se sua empresa escapar de um processo de assédio…
Chloe gargalhou, jogando a cabeça pra trás. O riso dela ecoou pela sala silenciosa.
— Essa é sua preocupação?
— Minha preocupação é ver você tão descuidada, a ponto de quase ser pega. — Evanna avançou, o tom quente, a respiração curta.
— Está com ciúmes?
— É ÓBVIO que não! — Evy corou violentamente, o que dizia tudo.
— Está, sim… — Chloe se levantou, avançando até colar seus corpos. — Está com ciúmes de mim. Está com ciúmes da Emma, porque queria estar no lugar dela.
Evanna bufou, desejando que fosse permitido calar Solis com uma mordaça ali mesmo.
— Cala essa boca, Parker.
— Em momentos assim, queria que fosse minha submissa. — Chloe roçou o nariz no dela. — Te castigaria até essa língua aprender respeito.
— Engraçado… eu daria tudo para te amarrar nessa mesa agora. — Evanna rosnou, a ponta dos narizes se tocando. — Te esfolaria até esse fogo apagar.
Elas sorriram, um sorriso de predadores prestes a devorar o mesmo coração.
— Não sonhe alto. — Chloe provocou.
— Não pague pra ver. — Evanna disparou, recuando.
O ar voltou a circular. Chloe se acomodou na poltrona, cruzando as pernas com elegância.
— Veio me ver pra quê?
— Precisamos dos manuscritos do lançamento. E… — Evanna ajeitou o rabo de cavalo, o rubor ainda em suas bochechas. — Temos cliente novo na sessão de acupuntura hoje.
Chloe sorriu como quem saboreia uma confissão proibida.
— Ah… então nos vemos mais tarde. Luna.
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| Taylor J. Kohler |
Taylor odiava ser desastrado. Havia passado dois anos impecavelmente invisível na The Manchester College — até trombar em Dustin Armstrong. Desde então, era o alvo perfeito para piadinhas.
— Vê se não bate na parede, nerd! — alguém gritou no corredor, rindo.
— Você tá famoso, cara. — Louis deu uma cotovelada em Taylor, que só revirou os olhos.
— Engraçado pra caralho. — murmurou.
Quando cruzaram o campus, Louis quase engasgou ao ver Evanna Francis passar, toda dona de si, ignorando o mundo.
— Quando vai parar de encarar minha colega como um psicopata? — Taylor cutucou.
— Quando você parar de comer folha de alface e virar homem. — Louis rebateu.
No fundo, Taylor estava distraído — seus olhos sempre pareciam procurar Dustin, mesmo que não admitisse. Aquilo era ridículo, irritante… mas real.
— Você tá afim da gostosona, né? — Louis perguntou.
Taylor se engasgou.
— Quem?
— Pâmela. A gêmea siamesa do Dustin. — Louis zombou, rindo alto. — Cara… você é tão previsível.
Mal sabia ele que o problema de Taylor era o irmão siamês da Pâmela — Dustin e aquele sorriso irritantemente perfeito.
No fim do dia, Taylor respirou fundo, abriu o site de agendamento e confirmou a próxima sessão. Solis e Luna tinham aberto algo nele que ele nunca soube existir.
Ele estava pronto para os próximos jogos.
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Comments
Meliora
O jeito que a autora escreve é simplesmente maravilhoso.
2025-07-26
1
uranus
uiiii
2025-07-31
1