A sala estava silenciosa, só a TV iluminando o rosto dos dois enquanto o filme rolava. Lia estava encostada de lado na almofada, tentando se concentrar na história, mas sentia cada movimento de Caio ao lado dela, o cheiro dele tão perto…
De repente, Caio pegou o controle e pausou o filme. O silêncio ficou ainda mais pesado.
Lia franziu a testa, confusa:
— Por que você parou?
Caio não respondeu de imediato. Ele virou o corpo de leve, ficando mais de frente pra ela, os olhos fixos nos dela.
— Posso te perguntar uma coisa, Lia?
Ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, nervosa:
— Pode…
Ele respirou fundo, como quem pensa se deveria mesmo falar, e então deixou escapar baixinho:
— …Você sente algo… por mim?
Lia arregalou um pouco os olhos, pegando de surpresa.
— C–como assim? — perguntou, tentando rir, mas a voz saiu trêmula.
Caio manteve o olhar firme, um pouco sério, um pouco brincalhão, mas com algo verdadeiro ali:
— Do jeito que eu sinto por você… você sente alguma coisa também?
O coração dela disparou. Por um segundo não conseguiu responder, apenas piscou rápido, sentindo o rosto queimar.
— Caio… eu… — ela começou, mas a voz falhou.
Ele se aproximou um pouco mais, os olhos brilhando:
— Fala a verdade, Lia… eu preciso saber.
Lia baixou o olhar, apertou as mãos no colo e engoliu em seco, sem coragem de encará-lo.
— Eu… eu não sei… — sussurrou, a voz embargada. — É errado… você é meu primo…
Caio sorriu de canto, com aquele jeito confiante que ela odiava por fazer seu coração disparar:
— Errado… mas você sente. Eu vejo nos seus olhos, Lia.
Ela o encarou por um instante, sem ter como negar. O silêncio entre os dois dizia mais do que qualquer palavra.
Lia, com o coração acelerado e sem saber o que responder, pegou o controle da mesa de centro e, nervosa, apertou o botão de play.
— Vamos só assistir, Caio… por favor. — disse, tentando fugir daquela pergunta que queimava por dentro.
O filme voltou a rodar, mas Caio ficou imóvel por alguns segundos, olhando pra tela e depois pra ela. Uma mistura de frustração e desejo cresceu dentro dele. Sem dizer nada, ele se levantou devagar, caminhou até a TV e, sem pensar duas vezes, apertou o botão power.
A tela ficou preta.
Lia o olhou assustada:
— Caio… o que você tá fazendo?
Ele não respondeu. Deu a volta devagar, se aproximando dela com um olhar intenso. Antes que Lia pudesse reagir, Caio segurou de leve o braço dela, puxando-a para ficar de pé, e a conduziu até a parede ao lado da porta da sala.
Ela ficou encostada ali, sentindo o coração bater tão forte que parecia que ia explodir. Ele colocou uma das mãos ao lado do rosto dela, a outra segurando de leve seu pulso, e se inclinou um pouco, aproximando o rosto do dela.
— Caio… — Lia sussurrou, a voz trêmula.
Ele a encarou profundamente, o olhar firme e sério, sem mais brincadeiras:
— Me responde, Lia… você gosta de mim?
Lia engoliu em seco, sentindo as bochechas queimarem, os olhos marejados de tanta emoção.
— Caio… eu… eu não posso… — disse baixinho, desviando o olhar.
Ele aproximou ainda mais o rosto, a voz baixa e carregada de sentimento:
— Não perguntei se pode… eu perguntei se você gosta.
Lia fechou os olhos por um segundo, tentando encontrar forças para mentir… mas não conseguiu. Quando abriu os olhos novamente, encontrou os dele, tão próximos, e apenas sussurrou:
— Eu… gosto.
O coração dele disparou, um sorriso pequeno surgiu nos lábios antes de ele encostar a testa na dela, respirando fundo.
— Eu sabia… — murmurou, a voz rouca. — Eu sabia, Lia…
Ela sentiu as pernas tremerem, as mãos suadas, o rosto queimando de vergonha e desejo.
— Caio… a gente não devia…
— Eu sei… — ele respondeu, passando a mão devagar pelo cabelo dela, sem se afastar. — Mas eu não consigo parar.
O silêncio voltou, pesado, intenso, cheio de algo que nenhum dos dois tinha coragem de nomear.
Lia respirou fundo, sentindo o coração martelar no peito. Ela desviou o olhar, tentando escapar daquela intensidade.
— Caio… acho melhor… a gente parar por aqui.
Ele ficou alguns segundos em silêncio, ainda perto demais, sentindo a própria respiração acelerada. Então deu um passo para trás, soltando devagar o braço dela.
— Tá certo… — disse baixo, a voz carregada de um sentimento que ele não conseguiu esconder. — Eu não queria te deixar desconfortável.
Lia passou a mão no rosto, ajeitou o cabelo e olhou para baixo, tentando organizar os próprios pensamentos.
— Não é desconfortável… é que… isso é complicado demais, Caio.
Ele respirou fundo, colocando as mãos nos bolsos, tentando relaxar a postura.
— Eu sei… e eu prometo… não vou forçar nada. Mas… eu precisava saber.
Lia levantou os olhos, encontrou os dele e deu um sorriso tímido, meio triste:
— Agora você sabe…
— Agora eu sei. — ele respondeu com um sorriso pequeno, apesar do coração ainda acelerado.
Ela saiu devagar de perto da parede e foi se sentar novamente no sofá, tentando se acalmar. Caio voltou para o sofá também, mas sentou um pouco mais afastado, respeitando o espaço dela.
Por alguns minutos ficaram em silêncio, ouvindo apenas o som distante da cidade lá fora. Ambos sabiam que nada mais seria igual depois daquela conversa… e que, mesmo tentando parar, havia algo ali entre eles que não dava pra ignorar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 26
Comments