Lia já estava estudando.
Ela e Caio estudavam na mesma escola, e todos os dias iam juntos. No começo era só companhia — caminhar lado a lado pelas ruas, dividir o mesmo portão de entrada e trocar algumas palavras no intervalo.
Com o tempo, a amizade entre eles foi crescendo. Eles se ajudavam com os deveres de casa, riam juntos de alguma situação engraçada Para todos, eram apenas primos próximos que se davam bem até mesmo para eles mesmo.
Mas dentro de Caio algo estava mudando. Ele começou a perceber que os olhos azuis dela chamavam atenção demais, que o sorriso dela mexia com ele de um jeito que não sabia explicar.
Lia, por sua vez, também sentia algo diferente. O coração batia rápido quando ele se aproximava na hora do intervalo ou quando esperava por ela na saída.
Eles foram se apaixonando aos poucos, um sentimento crescendo em silêncio entre os dois.
Mas nenhum deles tinha coragem de admitir. Guardavam aquilo só para si, escondendo o amor que, a cada dia, se tornava impossível de ignorar.
Na escola.
Na escola o sinal do intervalo tocou e Lia saiu da sala. No pátio movimentado, ela logo avistou as três meninas com quem havia começado a se enturmar: Ana Clara, de cabelo cacheado e sorriso fácil; Bianca, tímida mas muito observadora; e Rafaela, a mais falante do grupo.
Ana Clara
Bianca
Rafaela
— Lia! Vem ficar aqui com a gente.— chamou Rafaela, acenando animada.
Lia sorriu e se aproximou, sentando no banco ao lado delas.
— Oi, meninas. Vocês já comeram?
— Ainda não, tô morrendo de fome — disse Clara, rindo enquanto abria a lancheira. — E você, tá se acostumando com a escola?
Lia respirou fundo, ajeitando o cabelo atrás da orelha.
— Tô… ainda é tudo muito novo pra mim, mas vocês estão me ajudando bastante.
— E aquele menino que veio contigo hoje de manhã? — perguntou Bianca
— ah o Caio ele é meu primo — falou lia já nervosa
— Primo? — Rafaela levantou uma sobrancelha, sorrindo de lado. — Ele é bonito, viu?
— Lia riu nervosa, tentando disfarçar. — Para com isso…
— Ué, tô só dizendo a verdade ué kkk— respondeu Rafaela, dando uma mordida no sanduíche. — Vocês parecem se dar bem.
Lia desviou o olhar, vendo Caio do outro lado do pátio conversando com alguns colegas. Sentiu o coração bater mais rápido, mas tentou mudar de assunto.
— E aí, têm algum professor legal? Porque até agora só vi uns três que não pegam tão pesado…
As meninas começaram a rir e a comentar sobre os professores, as matérias difíceis e as fofocas da turma. Enquanto ouvia, Lia sentiu algo bom: pela primeira vez desde que chegara à cidade, sentia que estava começando a fazer parte de algo, a ter um lugar.
Mas, mesmo ali cercada de novas amigas, não conseguiu evitar um rápido olhar para Caio… e aquele sentimento silencioso voltou a apertar seu peito.
As quatro estavam sentadas no banco, rindo de uma história que Rafaela contava, quando Clara ajeitou a mochila no colo e disse animada:
— Gente, sábado lá em casa vai ter bolo de aniversário do meu irmão mais novo… vocês querem ir?
Rafaela bateu palmas na mesma hora:
— Eu tô dentro! Adoro festa com comida de graça!
As meninas riram, e Bianca assentiu com um sorriso discreto:
— Eu também quero ir. Faz tempo que não saio de casa pra nada.
Clara então olhou para Lia com um olhar esperançoso:
— E você, Lia? Vai também, né?
Lia ficou um pouco sem jeito. O coração acelerou ao pensar em sair assim, sem falar com ninguém.
— Ah… eu… — ela fez uma pausa, ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha e disse com cuidado: — Tenho que pedir à minha tia primeiro. Não posso ir assim sem falar nada com ela.
— Claro, né? — disse Clara, sorrindo compreensiva. — Pergunta pra ela, então. Queria muito que você fosse.
Rafaela se inclinou na direção dela, como quem conta um segredo:
— Se for, leva aquele caderno seu… você desenha bem demais, menina!
Lia riu, sem graça:
— Ah, nem desenho tão bem assim…
— Desenha sim! — Bianca falou de repente, mais firme, surpreendendo as outras. — Eu vi aquele que você fez na aula de artes… ficou lindo.
Lia sentiu o rosto corar, mas o sorriso veio fácil:
— Obrigada… eu vou perguntar pra minha tia, tá bom? Se ela deixar, eu aviso vocês amanhã.
— Combinado! — disse Clara, animada. — Vai ser divertido, prometo.
O sinal tocou anunciando o fim do intervalo. Elas se levantaram juntas, arrumando mochilas e lanches. Enquanto caminhavam de volta pra sala, Lia sentiu algo leve.
E, mesmo tentando não pensar, a ideia de contar a novidade pra Caio quando chegasse em casa fez o coração dela bater um pouquinho mais rápido.
Logo as aulas acabou e ele estava lá, sentado naquele banco, esperando Lia para irem juntos para casa.
Ele se levantou quando a viu se aproximar.
— Você tá bem, Lia? Vi que fez novas amigas… — perguntou Caio, com aquele jeito tranquilo.
— Fiz sim, Caio. Elas são muito legais. — respondeu ela com um sorriso tímido.
Caio deu um meio sorriso e comentou:
— Hum… elas são bem gatas.
Na mesma hora, o sangue de Lia ferveu por dentro. Ela sentiu uma pontada de raiva misturada com algo que nem sabia explicar.
— Ah, kk… entendi. — disse, forçando um riso sem graça, olhando para frente enquanto caminhavam lado a lado.
Eles seguiram assim, sem dizer muito, até chegarem ao prédio. A mãe de Caio tinha saído para trabalhar e resolver umas coisas pela cidade. O apartamento estava silencioso, só o barulho distante da rua entrando pela janela.
Lia foi tomar banho e, depois, sentou-se à mesa para almoçar junto com Caio. O clima estava mais leve, e ela resolveu falar:
— Caio… a Clara me chamou pra sábado ir lá na casa dela… vai ter um bolinho pro irmão dela, sabe? Será que a sua mãe deixa eu ir?
Caio levantou os olhos do prato, apoiou o garfo e pensou por um instante.
— Acho que deixa sim… mas é bom você falar com ela quando ela chegar, né? Ela gosta de saber onde você vai estar.
— Eu vou falar sim… — disse Lia, mexendo na comida e sentindo um certo nervosismo.
Caio sorriu de canto:
— Vai ser bom pra você, Lia. Tá começando a ter amigas aqui… isso é legal.
Lia olhou pra ele, um pouco mais calma, mas ainda com aquele coração acelerado que ela não sabia como controlar.
Mais tarde, no fim da tarde, a porta do apartamento se abriu e Teresa entrou carregando algumas sacolas de mercado.
— Oi, Lia! Oi, Caio! — disse ela, sorrindo cansada enquanto deixava as coisas sobre a mesa. — Como foi o dia de vocês?
— Foi bom, tia… — respondeu Lia, ajudando a guardar algumas frutas. Ela respirou fundo, sentindo o coração acelerar. — Tia… posso te perguntar uma coisa?
Teresa a olhou curiosa, apoiando as mãos na cintura:
— Pode sim, minha filha, o que foi?
Lia ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, sem jeito:
— Então… a Clara, uma amiga minha da escola, me chamou pra ir lá na casa dela no sábado… vai ter um bolinho pro irmão dela. Eu queria saber se a senhora deixa eu ir…
Teresa sorriu de leve, como quem não via problema nenhum:
— Hum… que bom que já está fazendo amizade! Onde ela mora?
— Ela mora aqui perto… umas três ruas daqui, eu acho. Ela disse que a mãe dela vai estar lá.
Teresa pensou por um instante e depois respondeu com um tom tranquilo:
— Eu deixo sim, Lia. Mas quero o endereço certinho e o telefone da casa dela, tá bom? E volta antes de escurecer.
Os olhos de Lia brilharam na mesma hora e ela abriu um sorriso largo:
— Tá bom, tia! Muito obrigada!
Caio, que estava sentado no sofá ouvindo a conversa, apenas sorriu de lado e disse baixinho:
— Olha aí… já tá cheia de programa…
Lia olhou pra ele com um sorriso tímido e, por dentro, sentiu aquele coração bater forte de novo, sem entender direito o porquê.
O sábado logo chegou. Lia estava no banheiro, terminando de se arrumar, quando se olhou no espelho e sorriu de leve.
Ela tinha escolhido uma roupa linda e simples: uma blusa rosa delicada com detalhes claros e um short branco que combinava perfeitamente. O cabelo loiro solto caía nos ombros, e ela passava a mão entre as mechas, ajeitando-as com cuidado.

Quando saiu do quarto, Caio estava encostado na parede do corredor, braços cruzados, observando-a em silêncio.
Ele não conseguia parar de olhar. Cada movimento dela — o jeito como ajeitava o cabelo, o sorriso de canto ao se ver pronta — fazia o coração dele bater mais rápido.
Por dentro, Caio sentiu um aperto tão forte que quase escapou alto, mas foi apenas um sussurro para si mesmo:
— Ah… que mulher… como eu queria tê-la só pra mim…
Ele abaixou o olhar na mesma hora, com medo de que ela percebesse. Mas Lia, distraída, pegou a bolsinha em cima da mesa e perguntou com um sorriso tímido:
— Tô pronta, Caio… tô bonita assim ou tá estranho?
Caio engoliu seco, tentou parecer natural, mas a voz saiu baixa e sincera:
— Tá linda, Lia… muito linda…
Ela sorriu, um pouco corada, ajeitando mais uma vez o cabelo.
— Obrigada… então eu já vou indo pra casa da Clara, tá?
— Eu te acompanho até a portaria. — disse ele rápido, sem nem pensar.
E assim eles foram juntos até o elevador, em silêncio, com os pensamentos dele a mil e o coração dela batendo num ritmo que era inexplicável.
Logo chegaram na portaria.
Caio parou ao lado dela antes de abrir o portão e olhou bem nos olhos de Lia, com aquele jeito protetor que sempre tinha com ela.
— Lia… se cuida, tá? Qualquer coisa, liga pra mim. — disse ele com a voz calma, mas cheia de cuidado.
Lia segurou a alça da bolsinha e assentiu, sorrindo de leve:
— Tá bom.
Ele a observou atravessar a rua, o coração apertado, como se quisesse ir junto. Só quando ela virou a esquina é que ele voltou para o prédio, ainda com aquele sentimento forte no peito.
Lia logo chegou na casa da amiga. Clara estava na porta com um sorriso enorme no rosto.
— Você veio mesmo! — disse Clara, animada, puxando Lia para dentro.
— Claro, eu prometi, né? — respondeu Lia, sorrindo, olhando ao redor da casa cheia de balões coloridos e cheirinho de bolo no ar.
Bianca apareceu logo em seguida com um pratinho de brigadeiros na mão:
— Lia! Que bom que você veio! Olha isso aqui… tá uma delícia!
— Ai meu Deus… já vou acabar com a minha dieta que nem comecei. — brincou Lia, dando risada.
Rafaela surgiu atrás delas, segurando um copo de refrigerante:
— Nem vem, Lia, aqui a gente come sem culpa! Hoje é dia de festa!
As quatro riram juntas, e Lia sentiu aquela sensação boa de pertencimento. Pela primeira vez desde que chegou na cidade, ela não se sentia apenas “a menina nova”, mas parte de algo.
E mesmo se divertindo, enquanto ouvia as amigas conversarem, vez ou outra lembrava do jeito que Caio a olhou antes de ela sair… e isso fazia seu coração bater mais rápido, sem que ela conseguisse controla.
A casa de Clara estava cheia de gente, crianças correndo, música baixa tocando na sala e o cheiro doce de bolo recém‑saído do forno. Lia estava sentada no sofá, rindo de alguma piada boba de Rafaela, quando Clara voltou da cozinha acompanhada de um garoto que Lia nunca tinha visto antes.
Ele era um pouco mais velho, talvez uns 15 anos, cabelo castanho arrumado de um jeito despreocupado, camiseta branca simples e um sorriso fácil que chamava atenção. Clara, animada, puxou o braço dele:
— Lia, deixa eu te apresentar… esse aqui é o Henrique, meu primo. Ele veio ajudar a montar a festa.
Henrique sorriu para Lia e estendeu a mão:
— Prazer, Lia. Já ouvi falar de você, nova na escola, né?
Lia apertou a mão dele, sentindo as bochechas esquentarem de leve:
— Sou eu… prazer também.
Clara riu da cara dela e deu um empurrãozinho brincalhão em Henrique:
— Ela é tímida, mas é super gente boa. Fica aí com a gente.
Henrique se sentou ao lado de Lia no sofá, bem perto, o suficiente para ela sentir o perfume suave dele.
— Tá gostando da cidade? — perguntou, olhando diretamente nos olhos dela.
Lia hesitou, ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha (como sempre fazia quando ficava nervosa):
— Tô… tô me acostumando ainda, mas tô gostando sim.
— Se precisar de alguém pra te mostrar uns lugares legais, pode me chamar. — disse ele com um sorriso tranquilo.
O coração de Lia disparou com aquela atenção inesperada.
— Obrigada… eu… eu vou lembrar disso. — respondeu com um sorriso tímido.
Enquanto as meninas conversavam animadas do outro lado, Lia e Henrique foram trocando palavras baixas, rindo de vez em quando. Ele era gentil, divertido e tinha um jeito de olhar que fazia Lia se sentir especial.
Mas, em um momento de silêncio, Lia olhou para o celular em cima da mesa e, sem perceber, pensou em Caio. Mas logo parou de pensa os parabéns havia começado a festa estava boa, com salgado refrigerante bolo, brigadeiro é atc... O tempo passou q ela nem havia notado.
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Atualizado até capítulo 26
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