capítulo 4

...Laura...

...                           ...

...----------------...

O segundo dia chegou antes que Laura tivesse tempo de descansar o suficiente. Acordou com o barulho distante de motos na rua estreita da comunidade e o choro leve de Lucas, que dormia ao lado dela, enroscado no cobertor fino

 Beijou-lhe a testa, ajeitou o travesseiro e preparou a mamadeira com cuidado, tentando ignorar a ansiedade que já lhe consumia o estômago. Sabia que precisava se levantar, pegar o ônibus cedo, chegar à mansão impecável antes que Felipe notasse qualquer atraso.

No caminho, observava as janelas abertas das casas humildes e, em contraste, os muros altos do condomínio chiques ao longe. Era como se eu tivesse atravessando dois mundos diferentes a cada dia.

No portão, o segurança já a reconhecia e fez apenas um sinal de cabeça. Laura entrou cabisbaixa, ainda sem acreditar que pisava ali não como uma intrusa, mas como alguém que tinha um lugar, ainda que temporário.

Na cozinha, o silêncio a recebeu novamente. Preparou café, pão e frutas, arrumou a mesa como vira em novelas, mesmo sem saber se Felipe valorizava detalhes assim. Quando ele apareceu, camisa social clara e expressão séria, Laura sentiu os dedos gelarem.

— Bom dia, senhor Felipe.

Ele a encarou por um segundo antes de se sentar. — Bom dia.

Foi só isso, apenas duas palavras, mas o coração dela disparou como se tivesse travado um diálogo longo. A cada prato lavado, a cada chão varrido, Laura sentia o peso da convivência silenciosa. Não era apenas um trabalho, estava sendo um teste constante de limites, de paciência, de coragem. E, por mais estranho que fosse, ela já havia percebido: aquele lugar, apesar de pouco assustador, mas que ainda dava medo, começava a lhe devolver algo que há muito tempo tinha perdido : A chance de respirar sem tanto medo do amanhã. Ainda era seu 2° dia, mas sentia segurança no que Felipe havia a dito, não que acreditasse na lei, já que com ela não funcionava....

O dia arrastou-se em pequenas tarefas.

 Laura limpava, organizava, passava pano nos móveis que já brilhavam de tão polidos. O silêncio da mansão era perturbador; Cruzou com Felipe em algum dos corredor, mas nenhum não dizia muito, apenas observava de soslaio, tragando o cigarro ou falando brevemente ao telefone. Ainda assim, aquela presença constante a fazia sentir como se estivesse sempre sendo avaliada.

Laura escutou o carro saindo da garagem e logo após uma mensagem caí em seu celular.

" Laura, estou indo trabalhar. Cida daqui a pouco vai chegar para orientar você!

Faça almoço para vocês duas, não irei almoçar em casa. "

Ao ler aquela mensagem fico aliviada! Como é bom saber que estava "livre" sem aqueles olhos me perseguindo.

Coloco minha playlist para tocar, com minhas músicas bem cariocas do jeito que sou.

No almoço, preparei novamente algo simples e de repente, apareceu na cozinha uma senhora de cabelos grisalhos, baixa e rechonchuda, me fazendo sair do transe que estava presa.

-- Oi minha querida -- Disse com uma voz calma. - Por sua beleza diria que é a Laura, a moça que meu menino falou, estou certa?

-- Oi, sim. Muito prazer em conhecê-la-- A comprimento com um aperto de mão, mas ela logo me puxa para um abraço.

-- Eu sou a cida, cuido daqui desde sempre, quando meu menino veio para a cidade.

O "veio" para a cidade me deixou curiosa, eu jamais imaginaria que ele poderia pertencer a um interior, parecia tão sofisticado e chique, apesar de robusto.

-- Eu estou saindo pois vou estar aposentada agora graças a Deus e ao meu menino Felipe. -- Ela fala com um sorriso largo no rosto. -- Ele falou para você todas as coisas?

-- Sim, ele me passou alguns afazeres para mim fazer.

-- Que bom minha querida, sempre estarei vindo aqui para ver vocês e auxiliar você quando for preciso. - ela pausa e fala -- Ele não foi muito grosso com você não, né?

-- Até que não -- Falo apreensiva

-- Que bom, ele é uma boa pessoa, só já passou por muitas coisas na vida.

Eu fico em silêncio e ela, mas logo volta a falar comigo.

-- Está fazendo almoço, né?

-- Sim, senhora.

— Não precisa fazer nada muito elaborado — ela disse, com voz firme. — O que importa é estar bem-feito.

Laura apenas assentiu, engolindo a vontade de explicar que cozinhar bem era uma forma de mostrar que ainda tinha valor

Elas conversaram durante um tempo enquanto ela terminava almoço.

Elas almoçaram, e Cida a elogia.

-- Você cozinha bem, com quem aprendeu?

-- Com minha vó, tudo que sei foi ela - Falo com amor sobre minha querida vó.

À tarde, enquanto lavava a varanda, Cida apareceu novamente.

— Você sempre trabalhou assim? — perguntou, encostada na porta.

Laura parou, surpresa pela pergunta. — Desde nova. Sempre foi o jeito de ajudar em casa, com trabalhos considerados "inferiores". Mas teve um tempo que Laura ministrava aula para alunos assim como ela, aqueles que tinham dificuldades de aprendizagem.

Ela assentiu apenas em silêncio balançando a cabeça para Cida.

Quando o relógio marcou cinco horas, Laura terminou suas funções. Pegou a bolsa simples e se despediu de Cida, que já lhe entregava um novo bilhete com instruções para o dia seguinte. Ao sair do condomínio, respirou fundo. O ar ali parecia mais leve, mais limpo, e ao mesmo tempo carregava um peso invisível: a lembrança de que, atrás daqueles muros, existia um mundo que não lhe pertencia.

O ônibus lotado foi um choque de realidade. Gente cansada, suor, sacolas pesadas. Laura agarrou firme a barra de ferro e deixou a mansão para trás.

Em casa, encontrou Lucas brincando com tampinhas no chão e a avó cochilando na cadeira. O coração se aqueceu. Preparou o jantar com o que tinha: sopa simples de legumes e um pedaço pequeno de frango que havia guardado do dia anterior. Enquanto comiam, Lucas sorria como se o mundo fosse generoso, e Laura entendeu que tudo valia a pena por eles que era seu mundo.

ela e sua vó conversava durante o jantar, e Laura fica feliz em ver como sua vó está se recuperando.

Quando a noite caiu, deitou-se ao lado do filho, cansada mas com um fio de esperança diferente. Pela primeira vez em muito tempo, tinha a sensação de que o amanhã poderia ser menos cruel.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!