O Delegado Montenzano

O Delegado Montenzano

capítulo 1

...Laura...

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Laura acorda antes dos barulhos que os vizinhos faziam. Arruma Lucas, seu pequeno filho na cama, a qual dividia com ela.

Em seguida vai ao quarto de sua vó, Valéria, e encosta sua mão no rosto dela, verificando se sua febre tinha diminuído.

-- Filha... -- Fala sua vó ainda com dificuldade.

-- Oi, vó! bom dia -- Ela beija a testa de sua vó -- Está melhor?

-- Bom... Sim, o que faz acordada tão cedo?

-- Eu vou ir procurar um trabalho de novo,as nossas economias acabaram! Vou passar no mercado e na farmácia, vou ver se me vendem mais uma vez fiado.

-- Minha filha a vó vai arrumar um trabalho também!

-- Não senhora -- Laura se senta junto com ela na cama - Vó eu consigo, a senhora tem que descansar para se recuperar logo. Daqui uns meses vou voltar para a faculdade com a Lu, a senhora vai estar 100% melhor e o Lucas vai entrar na escolinha.

-- Cadê o nosso pequeno?

-- Ainda está dormindo, a senhora pode ficar de olho nele?! Prometo que hoje trago almoço.

Valéria balança a cabeça em afirmação e assim Laura sai.

Ainda era de manhã, estava começando a raiar o dia...

Caminho até a próxima parada de ônibus e assim fui para o centro. Eu sempre trabalhei, e agora mais que nunca precisava, tinha um filho e minha vó para cuidar.

...

Durante toda a manhã andei, andei e andei...

já estava com medo de tanto levar "não estamos precisando ", "Já contratamos", "não contratamos mulheres com filho pequeno".

Em toda empresa que ia recebia um não diferente...

Eu só conseguia pensar no Lucas e na vovó, os dois dependem de mim, a comida lá de casa havia acabado há uns 15 dias, estamos comendo só o que recebemos em doação, o que era algo humilhante, mas ficava grata pelo cuidado da Lu e de nossos vizinhos.

Assim que entrei no mercado me senti envergonhada, como eu podia pensar nisso... Me senti suja, mas eu não podia deixar eles mais um dia com fome.

No mercado tinha também um restaurante o qual tinha uma comida muito cheirosa, com aquele cheiro minha fome só aumentava.

Me aproveitei de uma bolsa de costas pequena que sessãogava, assim que cheguei na seção de "alimentos básicos".

Rapidamente coloquei um pacote de arroz, um leite e uma pacote de absorvente. A cada item que eu pegava era uma facada no peito e também um medo se instalava de ser pegado em flagra.

Os grandes olhos de Laura escaneavam os mantimentos empilhados em prateleiras velhas e enferrujadas, mas com tantas coisas que ela necessitava levar.O estômago roncava. Lucas estava em casa, com fome e com sua vó doente, febril...mal conseguia sair da cama. A farmácia recusara fiado. A mercearia também. Então, ela teve que tomar uma decisão que pensou muito.

Ela foi rapida, pegou nada mais que o suficiente para sobreviver até os próximos dias. Ela escondia tudo dentro da mochila pequena que carregava, quando ouviu o clique seco de uma arma sendo engatilhado atrás dela.

— Larga. Agora. — a voz firme e grave congelou o sangue em suas veias.

Ela ergueu as mãos devagar, sentindo o calor das lágrimas arderem nos olhos antes mesmo de cair. Quando se virou, seus olhos se encontraram com os dele. Um homem alto, branco, expressão tensa e uma arma apontada direto para ela. Os olhos verdes ardiam em autoridade, o distintivo preso à calça jeans denunciava sua identidade.

— Delegado Felipe... — Disse ele em voz baixa para não chamar atenção.

Laura ficou surpresa por vê-lo ali.

Ela abaixou os olhos. O coração disparado e a vergonha queimando mais do que o medo.

— Quantos anos você tem? — ele perguntou, a voz menos rígida agora, mas ainda dura.

— Dezenove. — respondeu quase sem som.

— E por que está roubando? — ele se aproximou. Não havia sarcasmo nem deboche na pergunta, apenas a crueza da realidade.

— É pro meu filho... ele é pequeno e minha vó que está doente... — sussurrou, mordendo o lábio para conter o choro. — Eu não queria...

Felipe a observava com atenção. O olhar treinado de anos na delegacia sabia distinguir mentiras — e o que viu ali foi só desespero.

— Solta a mochila. — ordenou.

Ela obedeceu, tremendo. Esperava que ele chamasse a viatura, que a algemasse, que a envergonhasse diante de todos. Mas ele ficou em silêncio por um longo instante, avaliando cada detalhe, até suspirar fundo.

— Vem comigo. -- ele puxou ela e guardou a arma.-- Mas primeiro guarde tudo o que ia levar, por favor.

Laura o encarou com medo.

— Você vai me prender? — murmurou, chorando.-- Por favor não me prenda!

Eu não sabia mais o que fazer, minha vontade era sumir dali.

-- Faz silêncio, se continuar chamando atenção aí sim será presa. Vem comigo! -- Ele faz sinal para ela ir até o estacionamento e a obriga entrar no carro.

-- O que vai fazer? -- Ele puxa os braços dela e coloca uma algema. -- Por favor...

Sua voz não sai mais após começar a chorar.

Ele dirigi durante alguns minutos, mas que pareciam uma eternidade.

Assim que chegamos em um bairro ele para.

— Não, vou te prender! -- Laura suspira de alivio.

-- Mas por que me trouxe para cá?- Laura fica apreensiva, por o bairro que estavam era parado e muito quieto.

-- Vou dar uma chance de se levantar com dignidade. Melhor do que ser fichada é sua escolha. Estou precisando de uma ajuda na minha casa, minha empregada não vai mais trabalhar e então você vai cobrir a vaga dela ou te levo para a delegacia agora...

Ela hesitou, mas sabia que não tinha escolha. A vergonha era um preço menor do que a fome de Lucas.

— Tá bom... eu vou.

Felipe assentiu, tirou o celular bolso e começou a anotar umas coisas.

-- Me passa seu número para resolvermos tudo por lá que já estou querendo ir para casa.

-- Tá bom, é 00- 0000000. --Laura ainda estava em choque então só aceitou tudo que estava acontecendo.

-- É melhor aparecer amanhã, ou eu mesmo te busco já na sua casa com a viatura.

Laura arregala os olhos.

-- Pega e sai -- Felipe tira algumas notas de dinheiro, era muito o suficiente para fazer a compra do mês.

Eu me surpreendo e penso em não aceitar, mas meus pensamentos são interrompidos.

-- Sai logo garota! -- Ele grita comigo e abre minha algema.

— E leva a comida para seu filho ele precisa mais disso do que eu de princípios agora.

Ela não respondeu. Apenas saiu correndo pelas ruas mal iluminadas até sua pequena casa de madeira nos fundos da vila.

Naquela noite, não dormiu. Observou Lucas dormindo, e sua avó tossindo baixinho, e se perguntando que tipo de homem era aquele Felipe.

Eles já haviam combinado tudo e ela já começava amanhã.... Com receio, mas feliz, o salário era maior do que imaginava e o horário era perfeito para ela cuidar de Valéria e seu filho.

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