O despertar da princesa rebelde

Lívia despertou atordoada, a cabeça pulsando em um ritmo cruel, o quarto girando levemente como um carrossel desafinado. A lembrança da noite anterior era um borrão fragmentado de champanhe, risadas e uma sensação inebriante de liberdade. Onde estava? O que tinha feito? Antes que pudesse organizar os pensamentos, vozes altas e furiosas ecoavam do andar de baixo, quebrando o silêncio majestoso do palácio.

Um arrepio percorreu sua espinha. Algo estava muito errado. Com um gemido, ela se arrastou para fora da cama, vestindo um roupão de seda apressadamente. A cada passo pela escadaria grandiosa, as vozes se tornavam mais claras – seus pais, gritando. E outra voz, grave e desconhecida, mas que parecia familiar de alguma forma.

Chegando ao pé da escada, Lívia ergueu a mão, uma ousadia que sua família jamais havia testemunhado. "Por favor", ela pediu, a voz um sussurro rouco, mas carregado de autoridade incomum, "poderiam fazer o favor de falar mais baixo? Estou com uma dor de cabeça infernal."

O Rei e a Rainha congelaram, as bocas abertas em choque. Seus rostos, já vermelhos de fúria, empalideceram de descrença diante da atitude da filha. Ali, parado ao lado de seu advogado, estava Jean Wincher, e um sorriso ousado despontou no canto de sua boca ao ver a princesa.

Lívia, ignorando o espanto da família, caminhou até a mesa de desjejum e se sentou, como se nada incomum estivesse acontecendo. "Alguém pode me passar o café?", perguntou, com um ar de cansaço.

Antes que pudesse pegar a xícara, as acusações começaram a chover sobre ela.

"Lívia Lancaster, o que significa isso?", o Rei bradou, apontando para os papéis na mão de Jean. "Que história é essa de casamento? Você..."

A Rainha irrompeu em soluços. "Como pôde, Lívia? No meio da noite? Com um estranho? O escândalo!"

Lívia ouviu tudo em silêncio, a cabeça latejando. Quando houve uma pausa para respirar, ela olhou de um para o outro, um brilho de desafio em seus olhos. "Sim", ela afirmou, com uma clareza que os chocou, "eu confirmo. Eu irei me casar com o Jean. E sim, sairei do palácio." Ela deu de ombros, um gesto de desdém que era chocante para uma princesa. "Já que eu era tão... descartável para vocês, sempre à sombra da Helena, achei que estava na hora de fazer o que é melhor para mim. Para viver bem, sem toda essa dramatização da realeza."

Um rubor de fúria tomou o rosto do Rei. Ele parecia prestes a explodir. Lívia, no entanto, pegou uma maçã da fruteira na mesa. Com um sorriso irônico nos lábios, ela deu uma mordida na fruta crocante e, enquanto a comia, caminhou calmamente até Jean. Chegando perto dele, ela ergueu o rosto, seus olhos encontrando os dele, e com um sorriso que selava um pacto silencioso, assentiu levemente, um gesto de confirmação do casamento.

O Rei bateu na mesa, fazendo os talheres chacoalharem. "Eu nego! Nego este casamento! É um absurdo! Uma farsa!"

Lívia girou para encará-lo, a ousadia transbordando. Sua voz, agora, era firme e cheia de uma nova e perigosa convicção. "Eu irei me casar com o Jean, querendo vocês ou não." Ela fez uma pausa, o olhar fixo no pai, e então, com um sorriso desafiador, soltou a bomba: "E, aliás, não há muito o que fazer, já que... estou grávida. Do Jean."

Um silêncio sepulcral caiu sobre a sala. O choque era palpável. A Rainha ofegou, levando a mão ao peito como se fosse desmaiar. O Rei, com o rosto branco como papel, parecia ter perdido a fala.

Todos os olhos se voltaram para Jean. Ele, que até então desfrutava o drama com um sorriso discreto, sentiu um sobressalto de surpresa com a reviravolta de Lívia. No entanto, sua mente rápida se recuperou em segundos. Ele encontrou o olhar desafiador de Lívia e, com uma piscadela quase imperceptível, assentiu gravemente. "Sim, Majestade. A Princesa está certa. Nossa... união... já começou a gerar frutos."

A família real estava extremamente surpresa, incrédulos e, acima de tudo, derrotados. O escândalo de uma gravidez fora do casamento real era algo que o reino jamais suportaria. Um casamento, por mais inusitado, era a única saída para "salvar" a honra.

O Rei, com a derrota estampada em cada fibra de seu ser, levantou-se lentamente, a dignidade real esvaziada. "Sr. Wincher", ele disse, a voz trêmula de raiva e desespero, "peço-lhe a licença. Tenho assuntos urgentes a tratar." Sem esperar resposta, ele se retirou da sala, cambaleante, e subiu as escadas para seus aposentos, deixando o caos e o futuro de sua filha nas mãos do bilionário e de sua própria ousadia.

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