Cúmplices do Desejo
Noite Fria na Ilha do Governador
Introdução
A Ilha do Governador parecia ainda mais isolada naquela noite chuvosa, como se o mundo inteiro tivesse desaparecido dentro da escuridão. Dentro do saguão quase vazio do Aeroporto Internacional do Galeão, Larissa contava os minutos para o fim de seu turno.
Ela tinha vinte e seis anos e carregava no corpo e no olhar uma mistura de inocência e desejo mal contido. Morena de pele macia, cabelos cacheados e curtos que emolduravam um rosto de traços suaves, sorriso tímido e olhos castanhos grandes, que sempre pareciam prestes a perguntar algo que ficava preso na garganta. O corpo, volumoso, com curvas generosas e uma leveza no jeito de andar que disfarçava um peso que ela mesma fingia não perceber.
Quando Vitor apareceu, parecia que a tempestade o havia trazido de algum lugar remoto. Ele tinha trinta e quatro anos, moreno, cabelos curtos bem aparados no disfarçado, barba rente, ombros largos e um corpo forte que esticava o tecido escuro do casaco encharcado. Os olhos castanhos quase negros não pediam permissão para nada — apenas observavam, atentos, carregando um mistério que se insinuava em cada silêncio entre uma frase e outra.
Naquela noite, dois estranhos descobriram que a solidão pode ser perigosa. E, às vezes, irresistível.
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Capítulo Único
A chuva castigava o asfalto lá fora, correndo pelas vidraças como dedos nervosos. Larissa segurava seu café morno, tentando disfarçar o desconforto de tê-lo ali, parado diante dela, olhando sem pressa.
— Está chovendo muito. Não tem transporte? — ela arriscou, procurando qualquer assunto que diminuísse o peso daquele olhar.
— Nada. Parece que a ilha inteira decidiu dormir cedo hoje — respondeu ele, com uma calma que a desarmou.
O silêncio se estendeu. Larissa sentiu o coração acelerar de um jeito que não acontecia havia muito tempo. Talvez fosse o frio, talvez fosse o cheiro dele, ou apenas a certeza de que aquela noite ainda não terminaria ali.
— Se você quiser… pode esperar a chuva passar lá em casa — disse por fim, com a voz mais baixa do que pretendia. — Tenho vinho e um sofá seco.
Ele arqueou uma sobrancelha, como se decidisse naquele instante o rumo de tudo.
— Eu aceito. Prometo não ser um problema… a menos que você queira.
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O apartamento dela era pequeno, iluminado apenas por um abajur âmbar. O cheiro de lavanda se misturava ao perfume dele e ao aroma do vinho recém-aberto. Larissa trocou o uniforme por uma camiseta larga demais e meias longas. Por baixo, nada. Ela sabia o que estava fazendo, mas não tinha coragem de admitir nem para si.
Vitor tirou o casaco e soltou dois botões da camisa branca, revelando parte do peitoral firme. Sentou-se no sofá com o copo na mão, estudando o ambiente — e a dona da casa.
— Você mora sozinha? — perguntou, girando o vinho com uma paciência calculada.
— Moro. Às vezes me canso da solidão… mas gosto do silêncio — ela confessou.
— O silêncio pode ser… perigoso. — O tom dele parecia brincar com algo que ela não conseguia nomear.
O primeiro toque foi apenas um roçar de joelhos. Depois, a mão dele subiu para a nuca, enlaçando seus cachos curtos. O beijo não foi urgente — foi tenso, cheio de expectativa. Quando finalmente se encontraram, foi como se a tempestade lá fora se tornasse parte deles.
Os minutos se alongaram num jogo de aproximações, olhares, respirações entrecortadas. Ela tocava o peito dele devagar, sentindo o coração pesado, e ele percorria seu quadril largo com uma firmeza que não pedia permissão. A excitação nascia do silêncio — cada segundo mais íntimo que o anterior.
Quando ela se viu de joelhos no tapete, o rosto corado, entendeu que não havia mais volta.
— Fica de joelhos. Agora — disse ele, a voz baixa e sem pressa.
Ela obedeceu. O coração batendo alto demais, a respiração curta.
O cinto deslizou pelas presilhas, o som cortando o ar. O olhar dele era escuro, cheio de um desejo contido que finalmente explodia. Com um puxão firme, rasgou a camiseta, revelando seus seios pesados. As mãos dele apertaram sua carne, fazendo-a gemer alto.
— Você gosta de ser minha? — ele rosnou, os dedos cravando em sua pele quente.
— Gosto… muito… — arfou ela, os olhos baixos.
A penetração foi um rito. Primeiro, ele a virou de costas no sofá, explorando cada centímetro. O sexo começou lento, profundo, como se ele quisesse memorizar cada reação. O membro quente se afundando devagar, até que Larissa arqueou, gemendo alto. Quando ele sentiu a boceta sugar tudo para dentro, o ritmo se tornou mais brutal. As estocadas ecoavam na sala, abafadas pela chuva.
O prazer crescia como um incêndio. Quando ele a puxou pelos quadris e cuspiu entre suas nádegas, ela entendeu que ele tomaria tudo.
— Eu vou entrar aí. E você vai agradecer — sussurrou ele, cuspindo de novo, espalhando o líquido com o dedo antes de penetrá-la com lentidão cruel.
— Sim… me fode… onde você quiser… — gemeu, perdida.
O sexo anal foi firme, intenso, mas nunca apressado. Ele explorava cada centímetro como se quisesse deixá-la marcada por dentro. O corpo dela tremia, entregue.
Quando ele gozou em sua boca, ela bebeu tudo, olhando-o com olhos famintos.
Depois, ele a puxou para seu peito. Dormiram juntos ali mesmo, exaustos, com o barulho da tempestade como testemunha.
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Na manhã seguinte, ele havia sumido. Nenhum bilhete, nenhuma explicação. Apenas o cheiro dele no travesseiro e a lembrança de tudo que viveram.
Por três noites, ela esperou. Quando o interfone finalmente tocou, o coração dela quase parou.
— Sou eu.
Ela destrancou a porta sem dizer nada. Vestia uma camiseta justa, sem nada por baixo. Quando Vitor entrou, parecia mais sombrio, mais cansado. Mas seu olhar ainda a despia inteira.
— Você é perigoso, Vitor? — ela perguntou, sem se mover.
— O perigo… é relativo. — Ele caminhou até ela, parou tão perto que seu cheiro a envolveu. — Mas você… você me deixou com saudade.
O segundo encontro foi ainda mais intenso. Ele a tomou como se quisesse apagar o tempo em que ficaram separados. A camiseta voou longe, o sofá virou palco de uma entrega brutal e cheia de ternura. Ele a penetrou sem pressa, depois com força, dominando cada movimento até ela se dissolver em gritos e gemidos.
Quando tudo terminou, ela caiu de joelhos, devorando-o outra vez, ansiosa, satisfeita.
No silêncio que se seguiu, ela encostou o rosto em seu peito suado.
— Vai sumir de novo?
— Talvez. Mas sempre volto… pra quem sabe me receber assim.
Ela sorriu. E enquanto a chuva recomeçava lá fora, dentro do apartamento tudo ainda ardia.
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Atualizado até capítulo 55
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