Capítulo 2 – Cheiro de Instinto

O elevador era silencioso, revestido de aço escovado e espelhos escuros, refletindo as imagens com suavidade. O som do motor era quase imperceptível, e ainda assim, Yago Lancaster sentia o coração pulsando alto demais dentro do peito.

Era o seu primeiro dia oficial na Montgomery & Co., e ele fazia de tudo para manter o controle. Supressores em dia. Postura firme. Roupas alinhadas e discretas — um terno marfim com detalhes dourados sutis, como ele gostava. Era elegante, mas não provocante. Ou ao menos, ele esperava que não fosse.

O elevador parou no 27º andar, onde ficava o setor de planejamento e análise. Quando as portas se abriram, o cheiro o atingiu.

Forte. Quente. Marcante. Alfa.

Yago travou por um segundo. Aquilo não era normal. Supressores deviam protegê-lo dessas reações — mas o que invadia suas narinas era selvagem, amadeirado, misturado com especiarias e algo mais primitivo. Seu corpo respondeu antes que sua mente processasse: o coração acelerou, a pele se arrepiou, e a nuca queimou sob a gola da camisa.

Ele deu um passo hesitante para fora do elevador.

Foi quando o viu.

Matteo Montgomery.

O CEO da empresa. O alfa que comandava um império.

Ele estava parado ao lado da sala de reuniões de vidro, falando com dois diretores, com uma expressão séria. Alto, imponente, terno preto ajustado perfeitamente ao corpo largo. Os cabelos escuros estavam penteados para trás com precisão, e seus olhos levemente puxados, quase felinos, eram escuros como a noite antes da tempestade.

E então... Matteo olhou para ele.

Yago congelou.

O mundo pareceu silenciar naquele segundo. O alfa franziu levemente a testa, como se detectasse algo no ar — e claro que detectava. Ele sentia Yago. O cheiro, mesmo abafado, atravessava o andar.

Matteo piscou devagar, mas seus olhos não se desviaram.

Nem os de Yago.

Aquele instante durou apenas segundos. Mas Yago sentiu tudo: o instinto gritando, o estômago se contraindo, o corpo inteiro pedindo para correr… ou se entregar.

Ele abaixou o olhar, forçando as pernas a se moverem. Caminhou até sua mesa, onde Clara, sua supervisora imediata, o esperava.

— Está tudo bem? — ela perguntou, entregando-lhe uma caneca de café.

— Sim — Yago respondeu rápido demais. — Só... calor.

Clara arqueou uma sobrancelha.

— Bem-vindo ao inferno dos feromônios. Esse andar é quase uma arena. E você acabou de atrair o olhar do rei.

Yago não respondeu. Sentou-se, tentando normalizar a respiração.

Mas sabia.

Nada naquele dia seria simples.

E nenhum supressor do mundo o impediria de sentir aquele cheiro outra vez.

Horas depois, Matteo atravessava os corredores com passos pesados. A conversa com os diretores já havia terminado, mas o cheiro do novo ômega ainda estava na sua memória. Algo doce, refinado, e ao mesmo tempo selvagem. Era como se Yago exalasse um convite silencioso ao caos.

Matteo odiava isso.

Ele não gostava de distrações. De emoções. E muito menos, de instinto.

Mas ao passar novamente pelo setor de planejamento, seus olhos o buscaram, mesmo sem querer.

E lá estava ele.

Yago Lancaster.

E Matteo soube, naquele instante silencioso entre o controle e a perdição:

Aquele ômega ia ser o seu fim.

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