CAPÍTULO 3.

Capítulo 3 — O Príncipe e o Instinto Selvagem

Os corredores do palácio estavam mais movimentados do que de costume. Os conselheiros reais andavam de um lado para o outro com pastas nas mãos, telefones tocavam, documentos eram analisados e assinados em sequência. O príncipe Khaled, agora o herdeiro oficial do trono, assumia funções com a imponência e a pressa de quem carrega nos ombros um reino inteiro.

A sala de reuniões estava perfumada com o aroma doce do incenso de jasmim e o amargor do café forte recém-passado. Khaled sentava à cabeceira da longa mesa de mármore negro, com o olhar firme, a postura ereta e os dedos tamborilando o braço da cadeira com impaciência.

— O contrato com os franceses está pronto? — perguntou, a voz firme como aço polido.

— Sim, alteza. Apenas aguardando sua assinatura. — respondeu um dos secretários.

Ele assinou sem hesitar, página por página, com a mesma frieza com que um general assina ordens de guerra. Era esse o seu papel agora. Ser príncipe, estrategista, futuro rei. Ser firme, inteligente, irrefutável. Mas por dentro... por dentro ele era um animal preso numa jaula de ouro.

Quando a última reunião terminou, já passava das dez da noite. Khaled caminhou sozinho até seus aposentos. Dispensou os guardas e assessores. Precisava de silêncio. Precisava respirar.

Trancou a porta atrás de si e tirou o keffiyeh, o manto branco que usava sobre a túnica tradicional, e depois a camisa. Sentou-se à beira da cama com as mãos nos cabelos, tentando acalmar os pensamentos. Mas eles rugiam. Selvagens.

Desde que fora nomeado sucessor direto do trono, tudo havia mudado. Não que ele não soubesse que aquele era seu destino. Sempre soube. Sempre treinou para isso.

Mas ninguém o treinou para controlar o desejo.

Não o desejo de poder. Esse ele já dominava com maestria. O que o consumia era o desejo carnal. Cru, bruto. O tipo de desejo que o fazia perder o controle em pensamento. O tipo de desejo que, se libertado, destruiria qualquer imagem de príncipe perfeito.

Desde jovem, Khaled sentia esse fogo pulsando nas veias. Ele era um homem que ansiava por sexo de forma intensa, profunda, animalesca. Mas também foi treinado desde a infância em escolas internacionais, onde aprendeu que o sexo deveria ser sagrado, calmo, repleto de carinho, entre duas almas que se amam.

Aprendeu que os líderes deviam ser sensíveis, contidos, cavaleiros. E ele era tudo isso em público. Mas só ele sabia o quanto se contorcia por dentro.

— Por que preciso esconder quem sou? — murmurou, apertando os olhos.

Talvez fosse o sangue ancestral. Talvez fosse algo enraizado na alma. Mas ele não era um homem comum. Ele sabia disso. Nunca fora. Por mais que tentasse se encaixar nas molduras douradas da realeza, havia um instinto que ele não conseguia sufocar.

Um instinto que dizia que a mulher certa, a que suportaria a intensidade que ele carregava, ainda não havia aparecido. Que talvez estivesse por aí, longe das aparências, das convenções, e das damas que se jogavam aos seus pés tentando conquistar o futuro rei.

Não. A mulher que ele desejava não se ofereceria. Ela resistiria. Ela o desafiaria. E então, ele a tomaria com toda a selvageria que guardava há anos.

E nesse momento, com os olhos fixos na parede e o corpo tenso, ele sentiu algo estranho: uma intuição. Uma sensação incômoda, como se estivesse prestes a conhecê-la. A mulher que provocaria o leão que ele mantinha preso na jaula.

Mal sabia ele que, do outro lado da cidade, uma jovem chamada Alicia terminava mais uma noite exaustiva de trabalho...

E que em breve, o caminho de ambos se cruzaria — entre o luxo, o desejo e o proibido.

Na manhã seguinte, Khaled apareceu no salão principal para o café. Seu pai, o Rei Rashid, lia os jornais, como sempre. Samira estava ao lado, sorrindo com os lábios, mas vazia no olhar.

— Bom dia, meu pai.

— Bom dia, Khaled. Alguma novidade nos relatórios da ONU?

— Sim, senhor. Eles aceitaram as cláusulas. Mas... gostaria de uma semana de descanso, se me permitir.

O rei o encarou por cima dos óculos.

— Descanso? Antes do casamento?

Khaled manteve o rosto neutro.

— Fouad me convidou para visitar um novo empreendimento dele no Brasil. Poderia ser uma boa oportunidade de estudar possíveis investidores latinos. Uma viagem diplomática disfarçada.

O rei o analisou por alguns segundos. Depois assentiu.

— Apenas volte inteiro.

Khaled sorriu de lado. Levantou-se, beijou a testa do pai e fez um breve aceno para Samira, que continuou com a mesma expressão entorpecida.

Uns dias. Era tudo o que precisava. Mandou mensagem ao seu amigo dizendo que partiria ao Brasil e que pretendia fica uns dias, pois tinha muito em que resolver no palácio.

 

observava as nuvens pela janela. Levava consigo apenas três homens de confiança, roupas discretas e uma identidade falsa. No Brasil, não seria o Sheik Khaled. Seria apenas Kalim, um empresário árabe interessado em investir em casas de show.

No entanto, o que ele não sabia é que o destino já o esperava lá.

Um destino com olhos tristes, cicatrizes na alma e um coração que batia desesperado por liberdade.

Seu nome?

Alicia.

A mulher que viraria seu mundo de cabeça para baixo.

A mulher que faria o Sheik sentir algo que ele acreditava estar morto dentro de si: desejo, ternura… e amor.

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