Capítulo 2 – O Herdeiro das Areias
O sol do deserto não perdoava. Pairava implacável sobre as dunas douradas de Al Zarim, refletindo seu brilho ardente sobre os telhados brancos do palácio real. Lá dentro, o ar era fresco graças às paredes grossas de mármore e aos delicados sistemas de ventilação que usavam métodos milenares para conservar o frescor.
Mas nada ali refrescava o espírito de Sheik Khaled Al Maktoum, o mais jovem príncipe herdeiro de uma das famílias mais tradicionais do Oriente Médio. Herdeiro não só de terras e poder, mas também de uma responsabilidade que ele nunca escolheu carregar.
Com 32 anos, Khaled era conhecido por sua mente estratégica, sua frieza nos negócios e pela beleza selvagem que fazia até mulheres casadas abaixarem os olhos ao vê-lo passar. Alto, cabelos escuros, olhos de um âmbar penetrante herdado de sua mãe francesa, era um homem temido e desejado em igual medida. Seu corpo era o reflexo de disciplina e rigor militar — treinado desde a adolescência para ser forte, ágil e letal, se preciso.
Mas por trás da imagem perfeita havia feridas escondidas.
Desde cedo, Khaled soube que o amor era um luxo. Cresceu entre cerimônias, mestres de etiqueta, táticas de guerra e rituais religiosos. Não teve infância. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas dez anos, num acidente de helicóptero que até hoje sussurram ter sido sabotagem. Após a tragédia, seu pai, o temido Rei Rashid, tornou-se mais duro e inflexível.
“Homens de verdade não choram. Governam.” — disse ele na noite do funeral, ao ver o menino Khaled tentando conter as lágrimas.
Naquele dia, uma parte da alma de Khaled morreu.
Foi educado nas melhores escolas do mundo. Estudou na Suíça, Londres, Dubai e até passou uma temporada na Califórnia, aprendendo sobre tecnologia e investimentos. Sabia falar cinco idiomas com fluência. Seu currículo era impecável. Mas seu coração… era uma terra seca, onde nunca brotara sentimento real por ninguém.
Tivera amantes, claro. Mulheres belíssimas, modelos, diplomatas, herdeiras, até mesmo uma princesa europeia que quase causou escândalo. Mas tudo com prazo de validade. Ele não se apegava. Não permitia. Porque havia algo dentro dele que gritava: “Não confie. Nunca.”
Nos salões do palácio, os rumores cresciam.
— "Ele precisa se casar."
— "Precisa gerar um herdeiro."
— "Não pode mais fugir do trono."
E era verdade. O pai estava envelhecendo. A pressão internacional sobre Al Zarim era cada vez maior. O petróleo ainda sustentava a economia, mas Khaled sabia que o futuro exigia algo mais: investimentos estrangeiros, reformas culturais, alianças perigosas.
E para isso, um príncipe solteiro era... uma ameaça.
Então, quando seu pai lhe apresentou a proposta de noivado com Samira Al Qassim, filha da rainha da Arábia Ocidental, ele engoliu o orgulho e aceitou. Samira era linda, perfeita, educada, submissa, virgem. Uma mulher de porcelana. Exatamente o tipo de esposa que a tradição exigia — e exatamente o tipo de mulher que Khaled desprezava.
Na primeira noite em que jantaram juntos, ele teve certeza: ela não tinha alma.
Falava somente o que fora ensinada. Cada gesto era treinado. Cada sorriso era falso. Era como dormir ao lado de uma boneca fria, com cheiro de flor de laranjeira e alma de papel.
Ainda assim, os preparativos para o casamento começaram.
Khaled fingia. Mas por dentro, a raiva crescia.
Descontava a sua raiva na academia do Castelo que ele pediu que montassem, com o tempo os seus músculos foram crescendo a barriga ficando trincada, isso para seu pai era um absurdo seu pai é de seguir tradição antiga, já o filho seguia mais não na risca como ele gostaria.
Certa noite, no terraço de seu quarto, ele observava o céu estrelado, sentindo o vento quente varrer seu rosto. Vestia apenas uma calça de linho branca. O telefone vibrou sobre a mesa. Era uma mensagem de Fouad, seu amigo de juventude, que havia se mudado para o Brasil anos antes.
> “Irmão, tenho um negócio para te mostrar. Uma boate exclusiva que comprei. Luxo, segurança, mulheres de tirar o fôlego. Você precisa vir antes do casamento.”
Ele não respondeu imediatamente. Responderia amanhã
Mas algo dentro dele despertou. Um sussurro antigo. Um desejo de se sentir vivo… nem que fosse pela última vez antes de se prender para sempre.
Khaled olhou para o horizonte. O casamento seria em dois meses. O mundo esperava que ele se tornasse rei, marido, pai… uma estátua viva do que os outros queriam que ele fosse.
Mas ele ainda era um homem.
E antes de se tornar prisioneiro de um castelo dourado, ele queria apenas uma noite de liberdade.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Bia 💙🐈⬛
to ansiosa demais 😘😚
2025-07-12
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