Capítulo 4 – Patricinha em Missão Internacional
Acordei me sentindo… imbatível.
Tomei meu banho demoradamente, sequei o cabelo com carinho e deixei meu loiro platinado brilhar.
O perfume era doce, marcante, mas sem forçar. A maquiagem leve, mas certeira. E o look? Totalmente inspirado em uma idol coreana: saia de alfaiataria preta, camisa branca com laço no pescoço, blazer justo e um salto que fazia minhas pernas — já naturalmente torneadas — parecerem ainda mais longas.
Olhei no espelho e sorri.
— “Vai com tudo, Lara Mendes. Mostra pra esse povo o que é competência com glitter.”
Julia apareceu na porta do quarto ajeitando o crachá.
— “Você tá pronta pra ir pra um desfile de moda ou pra fechar contrato?”
— “Pros dois, se for necessário.”
Rimos. Heitor e Maicon já nos esperavam no saguão do hotel. Nossos seguranças, sempre atentos, sempre calados, sempre de óculos escuros mesmo dentro do elevador.
Entramos na van e seguimos direto para a sede da VitalShape México, um prédio envidraçado de 18 andares no coração empresarial da Cidade do México. Chique demais. Parecia coisa de filme.
Fomos recepcionadas por uma assistente chamada Camila — super simpática, falava um português perfeito, e me olhava como se já me conhecesse de algum lugar.
— “O senhor Francesco já está nos esperando na sala de reuniões.”
Assenti, confiante.
O nome “Francesco” soava forte. Mas ainda assim, não despertou nenhuma luz vermelha. Não conectei nada.
Pra mim, era só mais um nome estrangeiro de CEO poderoso com cara de poucos amigos.
Entramos.
A sala de reuniões era enorme, com uma mesa de vidro gigantesca no centro, ar-condicionado na medida e uma vista absurda da cidade.
E lá estava ele: Francesco Ramírez.
Terno cinza escuro, cabelo grisalho penteado pra trás, rosto sério como uma estátua grega. Mas os olhos... os olhos dele analisavam tudo. Inteligência pura.
Levantei a mão com firmeza e apertei a dele.
— “Prazer, senhor Francesco. É uma honra conhecê-lo pessoalmente.”
Ele retribuiu o aperto com um sorriso discreto.
— “O prazer é nosso, senhorita Mendes. Ouvi muito sobre sua empresa. E confesso que estou curioso.”
Julia ajeitou o tablet e começou a organizar os arquivos. Eu me sentei, cruzei as pernas com elegância e abri meu notebook.
— “Hoje eu trouxe uma proposta bem completa. Quero apresentar a Corpo em Dia não apenas como uma rede de academias, mas como uma experiência de bem-estar. E acredito que a VitalShape tem exatamente o que a gente precisa pra dar o próximo passo.”
Comecei falando do nosso diferencial: treinos personalizados, tecnologia nos equipamentos, acompanhamento nutricional e psicológico.
Depois, passei pra parte que eles queriam ouvir: estrutura comercial.
Mostrei como seriam os pontos de venda internos, dentro das academias — com prateleiras para suplementos, roupas fitness e acessórios. Mostrei os designs em 3D, a proposta de layout, o fluxo de clientes, o público-alvo segmentado por estado. Mostrei números. Tendências. Possibilidades.
Francesco me observava o tempo todo com atenção.
— “Você sabe exatamente o que tá fazendo.” — ele comentou, no meio da apresentação.
Sorri.
— “Sim, senhor. Eu nasci pra isso.”
Conversamos por quase duas horas. Julia completava as informações quando necessário. Francesco fazia perguntas pontuais.
No fim, ele se levantou, estendeu a mão novamente e disse:
— “Estaremos no Brasil na próxima semana. Quero conhecer a sede da sua academia pessoalmente. Vamos agendar para segunda-feira?”
— “Perfeito. E mais uma coisa...”
Ele me olhou, curioso.
— “Na sexta-feira, iniciamos a construção de uma nova unidade em Teresina, Piauí. Vai ser uma das maiores que já fizemos. Se quiserem visitar também... as portas estarão abertas.”
— “Vamos considerar, senhorita Mendes.”
Saí da reunião me sentindo invencível.
Julia me abraçou no elevador.
— “Você mandou muito bem, chefa.”
— “A gente tá só começando.”
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O resto da semana passou voando. Voltei pro Brasil na quarta e fui direto pra Teresina.
Nunca tinha estado lá, mas a cidade me recebeu com aquele calor típico do nordeste — tanto no clima quanto nas pessoas.
O terreno da nova unidade ficava numa das avenidas mais movimentadas da capital. Um espaço imenso, cercado de potencial.
Passei os dias acompanhando a obra, escolhendo materiais, visitando fornecedores locais.
Conheci arquitetos, engenheiros, futuros professores e até alguns alunos que já estavam perguntando quando a academia ia abrir.
Fiquei hospedada num hotel simples, mas confortável, com Julia ao meu lado e os meninos da segurança sempre por perto.
À noite, ligava pra Dona Maria e pro Lucas.
Contava tudo, ria das fofocas do condomínio, ouvia as reclamações do meu irmão, e desligava com o coração aquecido.
No sábado à noite, eu e Julia saímos pra jantar. Sentamos num restaurantezinho de esquina, e ela me cutucou, cheia de segundas intenções:
— “Tá feliz, né?”
— “Tô.”
— “Nem pensa mais no mexicano casado que dividiu mesa contigo na praia, né?”
Revirei os olhos.
— “Ele era bonito. Gentil. Mas casado, Julia. E você sabe que eu não sou dessas. Tô bem solteira, livre e focada.”
— “Só achei... sei lá. Tava rolando um clima.”
— “Se teve clima, foi passageiro. Ele é um homem casado. Eu sou uma empresária ocupada. Fim da história.”
Julia sorriu, mas não respondeu.
Porque ela sabia. E eu também.
Algumas histórias só começam quando você acha que elas terminaram.
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Voltei pra Maceió no domingo.
O corpo cansado, mas a alma elétrica.
Na segunda, seria o dia de reencontrar os mexicanos — dessa vez, em casa, no meu território.
E o nome na agenda da reunião?
Gael Ramírez.
Mas eu não li esse nome com atenção.
Nem imaginei que fosse o mesmo homem que um dia dividiu a mesa comigo, com a esposa amarga do lado e os olhos mais tristes que eu já tinha visto.
Eu só sabia que era mais um CEO vindo avaliar minha empresa.
E sinceramente? Eu tava pronta pra impressionar.
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Atualizado até capítulo 40
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