capítulo 4

Lorena não voltou para o apartamento dele nos dias seguintes.

Evitou seus olhares no escritório. Ignorou as mensagens. Pediu a outros colegas que a substituíssem em reuniões onde ele estaria. Fechou-se como uma muralha, tentando apagar da mente o que havia descoberto... e o que havia sentido.

Mas o corpo dela não esquecia.

Toda noite, quando deitava na cama, era como se os dedos dele ainda percorressem sua pele. Como se o gosto dele ainda estivesse na sua boca. Como se o som dos gemidos ecoasse na memória, como uma droga que o corpo implorava em silêncio.

Na sexta-feira, ela ficou até tarde no trabalho. O escritório estava vazio, exceto pelas luzes da cidade piscando do lado de fora. Ela tentava revisar um processo, mas lia a mesma linha pela décima vez quando ouviu a porta da sala abrir.

E então o ar mudou.

Era ele.

— Achei que a rainha do controle ia me evitar por mais tempo — Caio disse, entrando devagar, as mãos no bolso, o olhar escuro como uma tempestade.

Lorena se levantou, o sangue fervendo.

— Você mentiu pra mim.

— Nunca te prometi nada.

— Mas me fez confiar. Me fez... me entregar. E agora sei que você manipula julgamentos como quem troca de camisa!

— E mesmo assim, você treme quando me vê. — Ele deu mais um passo. — Tá com raiva, Lorena? Ótimo. Fica mais linda assim.

— Vai pro inferno, Caio.

Ela tentou passar por ele, mas ele a segurou pelo braço, sem força, apenas o suficiente para impedi-la de sair.

— Você pode me odiar, pode me xingar, mas não pode fingir que não quer isso de novo. — Ele a puxou para perto, o rosto tão próximo que ela sentiu sua respiração.

— Eu odeio você — ela sussurrou, mas a voz falhou.

— Então me odeia com o corpo.

E antes que ela pudesse responder, ele a beijou.

Não foi um beijo doce. Foi brutal. Foi um choque de raiva e desejo, de tudo o que eles estavam tentando reprimir. Ela o empurrou contra a parede da sala, rasgando a camisa dele com as unhas, os corpos colidindo como uma tempestade prestes a explodir.

— Você é um desgraçado — ela arfou, quando ele a ergueu, sentando-a sobre a mesa de reuniões, afastando os papéis com um único gesto.

— Mas sou o único que te faz gemer desse jeito.

Ele levantou a saia dela, puxando a calcinha para o lado. Ela cravou as unhas em seus ombros quando ele a penetrou de uma vez, profundo e urgente. O som dos corpos se chocando ecoava pela sala vazia. As mãos dele apertavam suas coxas com força, e os olhos se mantinham presos nos dela.

Não havia mais espaço para mentiras ali.

Só desejo cru, furioso, verdadeiro.

Quando ela gozou, gritando o nome dele mais uma vez, tudo ao redor desapareceu. Só restava a escuridão, o prazer, e aquela conexão que, por mais errada que fosse, parecia impossível de quebrar.

Após alguns minutos, ainda ofegantes, ele encostou a testa na dela.

— Me odeia ainda?

Ela fechou os olhos. A resposta era sim. E não.

Porque o que sentia por ele ia além da raiva.

Era um abismo onde ela já havia caído. E não queria ser salva.

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