capítulo 3

Duas semanas se passaram desde aquela primeira noite.

Duas semanas em que Lorena e Caio se viam quase todos os dias — nem sempre à noite, nem sempre na cama. Às vezes, nos corredores do escritório. Às vezes, em encontros silenciosos dentro do carro dele, onde as janelas embaçadas escondiam o que não podia ser dito em voz alta.

Era um vício. Um jogo perigoso de toque, desejo e poder. E eles estavam jogando sem se preocupar com as consequências.

Naquela sexta-feira, Lorena foi chamada para revisar um contrato no apartamento dele. Era tarde. A cidade lá fora fervia com o caos de sempre. Mas dentro daquele prédio silencioso, o ar era outro — denso, carregado, com cheiro de desejo e tensão.

Ela usava uma saia lápis justa e uma blusa branca de seda com botões abertos até a metade. O salto fazia eco no piso de madeira quando entrou no apartamento.

Caio estava de costas, junto à janela, olhando as luzes da cidade. Camisa preta, mangas dobradas, copo de uísque na mão. Um predador em repouso.

— Você está atrasada — disse, sem se virar.

— Você está me provocando — respondeu ela, deixando a pasta sobre a mesa e tirando lentamente os sapatos.

Ele se virou devagar, o olhar arrastando-se pelo corpo dela. E sem uma palavra, caminhou até ela.

O beijo foi como uma explosão silenciosa. As mãos dele a agarraram pela cintura, virando-a de costas. Ela apoiou-se na mesa, arfando, sentindo-o abrir os botões da blusa com uma lentidão cruel.

— Sabe qual é o problema com você, Lorena? — ele sussurrou, deslizando a blusa por seus ombros. — Você gosta de fingir que está no controle. Mas seu corpo me entrega toda vez.

Ela mordeu o lábio, mas não respondeu. Ele a deitou sobre a mesa, empurrou a saia para cima e puxou a calcinha com um gesto rápido. E então, sem aviso, ajoelhou-se diante dela, entre suas pernas.

Lorena arqueou as costas, gemendo alto quando sentiu a língua dele. Caio a devorava como se ela fosse a única coisa que importava no mundo. Seus gemidos encheram o ambiente. Ela agarrou os cabelos dele, os quadris movendo-se com urgência, desespero.

Quando o prazer explodiu dentro dela, um grito escapou por seus lábios — o nome dele, carregado de prazer e entrega.

Mas quando ela abriu os olhos, algo chamou sua atenção. Um envelope caído sob a mesa. Parte de um relatório jurídico... com o nome do juiz Martins em destaque.

Ela se sentou, ofegante, o corpo ainda tremendo, mas os olhos fixos no papel.

Caio se levantou, limpando os lábios com o dorso da mão, sorrindo satisfeito. Mas ao ver para onde ela olhava, o sorriso sumiu.

— O que é isso? — Lorena perguntou, a voz ainda baixa, mas firme.

— Nada que você precise saber — ele respondeu rápido demais.

Ela se levantou, os dedos tocando o envelope, puxando-o devagar. O nome do juiz... as datas... uma menção a um pagamento... aquilo era corrupção.

— Você está envolvido nisso?

Caio se aproximou, a expressão mais séria do que nunca.

— Isso não muda o que a gente tem.

— Não muda? — ela riu, amarga. — Você é um dos sócios do escritório mais respeitado da cidade e está subornando juízes?

— Eu protejo os meus. Faço o que é necessário. Inclusive por você, se for preciso.

Ela recuou, sentindo o chão tremer sob os pés.

— Eu não sou sua. E você não me conhece tanto quanto pensa.

— Mas eu quero te conhecer — ele disse, se aproximando. — E quero continuar te tocando, te tendo, te sentindo...

Ela hesitou. Cada célula do seu corpo ainda ardia pelo toque dele. Mas sua mente gritava para fugir.

Prazer e perigo.

Desejo e crime.

Ela estava dançando com o lobo, e agora sabia disso.

Mas o mais assustador?

Ela não queria parar.

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