Sob o Luar de Concreto

Sob o Luar de Concreto

capítulo 1

A cidade nunca dormia. As luzes de neon piscavam refletidas nas poças da calçada, e o som constante de buzinas e passos apressados era como uma batida cardíaca frenética de São Paulo.

Ela caminhava entre os prédios altos com passos firmes e salto alto, vestida com um vestido preto justo, que deixava as costas nuas e as pernas em evidência. Lorena era advogada criminalista, conhecida por sua frieza no tribunal e por nunca se envolver com ninguém. Naquela noite, ela só queria esquecer o peso dos processos, da rotina, da pressão.

Parou em frente ao bar onde um grupo de colegas celebrava uma vitória no caso da semana. Mas antes de entrar, o viu. Alto, moreno, terno impecável e olhar perigoso. Ele fumava um cigarro encostado em uma moto preta, com o ar de quem não se importava com nada — nem com o trânsito, nem com as regras, muito menos com as pessoas.

Lorena sentiu um arrepio que percorreu sua espinha. Era o novo sócio do escritório. O nome dele? Caio Montenegro. Um mistério de poucas palavras e olhares intensos. Ela o evitava desde que ele havia assumido o cargo, justamente porque o desejo que sentia por ele era forte demais para ser ignorado.

— Vai ficar só me olhando? — ele disse, com a voz grave e rouca, soprando a fumaça para o lado.

— Estou decidindo se vale a pena me aproximar de um problema — ela respondeu, arqueando uma sobrancelha.

Caio sorriu de canto, e aquilo foi quase um pecado. A forma como ele a olhava, como se despisse cada centímetro dela com os olhos, fez seu coração bater mais rápido.

— Às vezes, o problema é o que a gente mais precisa — ele murmurou, se aproximando devagar, até ela sentir o calor de seu corpo bem próximo ao seu.

Lorena desviou o olhar, tentando manter a pose. Mas ele estendeu a mão, tocando de leve seu queixo, fazendo-a encará-lo de novo.

— Se entrar nesse bar, vai ser mais uma noite comum. Mas se subir comigo naquela moto... — ele sussurrou, a voz baixa, quase uma promessa — ...a noite pode ser tudo, menos comum.

Ela hesitou por apenas um segundo.

Depois, virou nos calcanhares e caminhou em direção à moto.

Ela não precisava de mais uma noite comum.

Precisava dele.

Precisava do perigo.

Precisava do toque que seus olhos prometiam desde o primeiro olhar.

A moto rugia pela avenida Paulista como uma fera indomável. Lorena se agarrava à cintura de Caio, sentindo o corpo firme dele sob a camisa social, o calor subindo por seus dedos. A cidade se tornava um borrão ao redor deles, e pela primeira vez em meses ela se permitia não pensar. Não planejar. Apenas sentir.

Ele parou o veículo em frente a um prédio de fachada de vidro, moderno, discreto. Um apartamento no último andar. O elevador subia em silêncio, mas os olhares diziam tudo. Ela podia sentir a tensão densa entre os dois, como eletricidade estática prestes a virar raio.

Assim que a porta do apartamento se fechou, o silêncio foi quebrado por um estalo seco — o som das costas dela pressionadas contra a parede, o corpo dele colado ao dela, as mãos grandes segurando sua cintura com firmeza.

— Você tem ideia do quanto me provoca? — ele sussurrou em seu ouvido, a voz baixa, rouca, quente como um sussurro de pecado.

— Você tem ideia do quanto eu me controlei pra não fazer isso antes? — ela respondeu, encarando-o, os olhos brilhando de desejo.

Ele não esperou mais. A boca dele encontrou a dela com uma mistura de urgência e fome. O beijo foi intenso, sem cerimônia, como se ambos estivessem cansados de fingir que não queriam aquilo desde o primeiro olhar. As mãos de Caio exploravam suas curvas, subindo pelas costas nuas, puxando-a para mais perto, até que não restava espaço entre eles.

Lorena retribuía com a mesma intensidade. Seus dedos desfaziam os botões da camisa dele com rapidez, revelando a pele quente, o abdômen definido. Ela o empurrou em direção ao sofá, montando sobre ele com uma confiança crua, selvagem, que deixava Caio ainda mais excitado.

— Você gosta de ter o controle, doutora? — ele provocou, deslizando as mãos pelas coxas dela, por baixo do vestido.

Ela mordeu o lábio inferior, encarando-o com desafio.

— Gosto de ser desafiada.

Caio riu baixo, mas era um riso carregado de desejo. Ele puxou o vestido dela até os quadris, expondo a lingerie preta de renda. Um de seus dedos percorreu a linha da cintura dela, provocando arrepios. O toque era leve, quase torturante.

Ela gemeu baixo quando ele puxou seu quadril contra si, fazendo-a sentir a ereção dele, dura e pulsante sob o tecido da calça.

— Eu ainda nem comecei, Lorena — ele sussurrou contra seus lábios, antes de beijá-la novamente com ainda mais intensidade.

A noite seguiu como uma dança de pele, suor e gemidos abafados. Cada toque, cada suspiro, era como seimar fogo em um pavio que já estava prestes a explodir. Eles não fizeram amor. Eles se consumiram. E quando finalmente chegaram ao ápice, juntos, os corpos entrelaçados, o mundo lá fora deixou de existir.

E ali, entre lençóis amassados e respirações ofegantes, Lorena soube que aquele homem seria seu vício mais perigoso.

E ela não estava nem um pouco disposta a se curar dele.

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