capítulo 05

Alfa Involuntária

Elas corriam como sombras em um corredor de concreto e fumaça.

O chão tremia. O ar cheirava a sangue e metal. Os sistemas de ventilação faziam ruídos quebrados. A instalação estava em colapso.

Elbeka parou de repente.

Havia uma sala.

A sala de armas.

Ela entrou sem hesitar. Não precisava, mas sabia: mais cedo ou mais tarde, ia usar tudo o que conseguisse carregar.

Pegou rifles, pistolas, granadas, um rádio, munição.

Jogou uma mochila nas costas e rasgou o uniforme branco, trocando por roupas táticas pretas.

Olhou para Miriã.

— Vamos. Precisamos de um mapa.

Seguiram pelos corredores até encontrarem uma sala de arquivos.

Miriã entrou primeiro, vasculhando rapidamente as prateleiras. Papéis, relatórios, dossiês.

Algo chamou a atenção dela.

Documentos com o símbolo do Projeto Nova Era. Classificação máxima.

Ela os enfiou na bolsa sem pensar.

— Beka! — gritou — Tem algo aqui que fala de você!

Mas antes que Elbeka pudesse responder, ela congelou.

Sentiu os passos.

Velozes. Pesados.

Vindo direto na direção de Miriã.

Elbeka saltou.

Empurrou Miriã para trás de si e a segurou nos braços, protegendo-a com o corpo.

A porta foi arrebentada.

Um zumbi entrou. Diferente.

Olhos focados.

Cheirava. Reconhecia. Sabia.

Ele rosnou baixo, com reverência.

Não atacou.

Elbeka sentiu.

O chamado.

Era o que eles procuravam: um Alfa.

Tudo nela gritava que aquele ser não queria matá-la.

Queria que ela liderasse.

Mas ela recuou um passo. Rosnou de volta.

Mais alto. Mais firme. Mais humano.

O zumbi hesitou.

A cabeça baixou.

O caminho foi aberto.

Miriã assistia tudo, paralisada.

— O que… o que tá acontecendo, Beka?

Mas Elbeka não respondeu. Só pegou sua mão.

— Anda.

Elas saíram da sala.

No corredor, vários zumbis estavam parados.

Em silêncio.

Observando.

Esperando.

Nenhum atacou.

Elbeka passou, firme.

Rosnou baixo — um aviso para que respeitassem Miriã.

Eles a farejaram… mas recuaram. Sabiam.

O Alfa a estava protegendo.

Elas seguiram.

E atrás delas, o corredor voltou ao silêncio.

Mas o caos já havia dominado o resto do laboratório.

Paredes manchadas de sangue.

Portas arrebentadas.

Luzes piscando.

Corpos no chão.

Não havia mais nada a fazer ali.

Nada a salvar.

E dentro de Elbeka, algo se quebrava.

Ela não entendia.

Nunca entendeu o que fizeram com ela.

Agora estava rosnando para monstros… e eles obedeciam.

Sentia a mente à beira do colapso.

Era humana. Era mutação.

Era uma arma. Era uma ameaça.

E Miriã… era a única coisa que a mantinha em pé.

Fuga Para o Nada

O caos estava em toda parte.

Sirene. Sangue. Corredores iluminados por luz vermelha intermitente.

Corpos. Portas quebradas. Ecos de monstros nos túneis.

Elbeka e Miriã correram até a garagem subterrânea.

Encontraram um jeep militar abandonado, cercado por caixas de suprimentos e armas.

Os soldados que estavam ali… não estavam mais.

— Miriã, pega água, comida, o que couber!

— Tá!

Enquanto Miriã enchia mochilas com mantimentos e galões de gasolina, Elbeka vasculhava o painel do veículo.

Precisavam partir agora.

Foi quando o rádio ligado no painel chiou.

> “Atenção. Alerta do Departamento de Segurança Nacional. A base experimental será desativada em 10 minutos. Este é um protocolo de contenção de nível máximo. Se ainda estiver vivo… saia imediatamente.”

Silêncio.

Miriã olhou para Elbeka, pálida.

— Beka…

— Eu sei.

— Vão explodir tudo?

— Sim.

Era um protocolo padrão para projetos falhos. Nada pode sair vivo. Nem mesmo dados.

Elbeka fechou o porta-malas e olhou para a entrada da garagem.

O portão automático estava semiaberto. Zumbis podiam chegar a qualquer momento.

Ela viu uma barra de ferro jogada no canto.

A pegou, caminhou até a porta… e com as mãos nuas, entortou a barra, travando a entrada como uma soldagem improvisada.

O metal gritou sob seus dedos.

Miriã só observava.

Atônita.

— Como você consegue fazer isso…?

Elbeka não respondeu.

Só respirou fundo, trancando o medo lá no fundo do peito.

— Entra. Vamos sair daqui.

As duas entraram no jeep.

O motor rugiu.

As rodas cantaram sobre o concreto manchado de óleo e sangue.

Elas saíram em disparada.

A garagem ficou para trás.

O túnel estreito se abriu para o deserto escuro, árido, vasto.

Atrás delas, a base começava a tremer.

No retrovisor, Elbeka viu uma luz crescer no fundo do corredor.

— Segura firme!

Uma explosão surda, profunda, sacudiu o solo.

Uma onda de calor varreu o ar.

A base desapareceu.

Nada mais restava.

Nem soldados.

Nem cientistas.

Nem monstros.

Só elas duas, o jeep, e um mundo que talvez já estivesse morrendo.

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