capítulo 04

A Noite em Que o Inferno Começou

A remessa chegou no fim da tarde.

Caminhões militares descarregaram novos soldados, todos jovens, uniformes impecáveis, rostos tensos.

A maioria não sabia onde estava se metendo. Outros achavam que fariam parte de uma missão especial.

Mas todos iriam morrer.

Era mais um grupo de cobaias.

Mais um lote para alimentar o ego dos cientistas.

Entre eles, um novato — um técnico de segurança recém-recrutado.

Desatento. Nervoso. Cometeu um erro.

Deixou uma brecha no sistema.

Uma simples falha no protocolo de contenção.

Uma porta que deveria ter sido trancada… não foi.

E essa brecha custaria a vida da humanidade.

Naquela noite, começaram os testes.

Utilizaram soro filtrado diretamente do sangue da Cobaia 00.

Altamente refinado, potencializado.

Acreditavam que, com o sangue dela como base, conseguiriam resultados mais "controlados".

Mas estavam errados.

Os infectados não se contorceram. Não gritaram. Não se tornaram feras irracionais.

Eles despertaram.

Os olhos deles tinham foco.

Eles se comunicavam entre si com grunhidos ritmados, quase como códigos.

Não eram humanos. Mas também não eram mais apenas zumbis.

Eram algo novo.

Elbeka acordou de repente.

Suava frio. O coração batia mais rápido. Os sentidos em alerta máximo.

Sentia… algo no ar.

Uma vibração silenciosa.

Como se o mundo tivesse mudado de frequência e ela fosse a única que podia ouvir.

Levantou-se da cama e foi até a porta de sua cela.

Encostou a mão no metal frio.

— Algo aconteceu — sussurrou.

Do outro lado do laboratório, os cientistas estavam em êxtase.

Os novos infectados estavam de pé, imóveis, observando tudo.

Olhos fixos. Inteligentes. Calmos.

Um deles seguiu um dos doutores com o olhar até ele sair da sala.

— Estamos diante de um salto evolutivo — disse o chefe de pesquisa, com um sorriso doentio.

Mas eles não perceberam.

Aqueles olhos não observavam com curiosidade.

Observavam com intenção.

O caos estava prestes a começar.

E Elbeka sabia, sem entender como, que aquela noite mudaria tudo.

Para sempre.

A Queda da Fortaleza

Ele se lembrava da cama. Do frio do chão. Do cheiro metálico no ar.

E da sensação que atravessava seu corpo como um sussurro cortante:

algo estava vindo.

Elbeka abriu os olhos e se levantou devagar.

Miriã dormia ao lado, respirando fundo. Inocente demais para aquele lugar.

Ela a tocou no ombro com calma.

— Miriã… acorda.

— O quê…?

— Não fala nada. Só levanta. Não faz barulho.

Miriã apenas assentiu com a cabeça, os olhos arregalados.

Lá fora, o inferno começava a tomar forma.

No laboratório principal, o primeiro infectado se moveu rápido demais.

Antes que alguém notasse, já estava sobre um dos cientistas. Garras. Mordida. Sangue.

O corpo do doutor estremeceu, caiu… e em menos de dez segundos, se levantou de novo.

Não como humano.

A mutação foi instantânea. Violenta.

Mas diferente das outras vezes.

Não se tornou como os zumbis anteriores.

Se transformou em uma besta faminta, selvagem, sem controle — um cão de caça primitivo.

E o infectado original?

Ele foi até as celas e soltou os outros.

Um por um.

Mais de 15 criaturas saíram.

Farejando. Procurando.

Rastreando o mesmo cheiro.

Um cheiro único. Familiar.

Algo que os guiava como bússolas vivas.

Eles estavam procurando por Elbeka.

As sirenes começaram a gritar.

Luzes vermelhas piscando. Portas automáticas trancando. Ordens ecoando pelos alto-falantes.

Mas era tarde.

Beka segurou Miriã pela mão e saiu correndo do dormitório, guiada pelos instintos.

Cada passo era um impulso animal.

Ela sentia a morte vindo. Sentia as bestas se espalhando.

Corredores vazios. Nenhum soldado.

Nem um único guarda no posto.

Ela achou estranho.

Talvez estivessem tentando conter o surto…

Mas no fundo, ela já sabia:

Eles tentaram. E falharam.

Lá embaixo, o som era puro pesadelo.

Grunhidos. Gritos. Estalos de ossos. Tiros. Depois… só silêncio.

Elbeka correu.

Miriã quase não conseguia acompanhar.

— A gente precisa sair daqui agora! — gritou Beka, mais para si mesma do que para a amiga.

E atrás delas, nos corredores de concreto…

as bestas já sentiam o cheiro do Alfa.

O caos havia começado.

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