– Ecos da Mutação
Eles tentaram replicar o milagre.
Usaram o mesmo soro, as mesmas doses, os mesmos protocolos.
Mas nenhuma outra cobaia reagiu como Elbeka.
Corpos se contorcendo. Pele rasgando. Ossos quebrando.
Gritos. Sangue. Falhas.
As mutações ficaram piores.
Mais rápidas. Mais agressivas.
Como se o vírus tivesse evoluído — como se soubera que estava sendo forçado.
Alguns zumbis, antes lentos e apáticos, agora se agitavam violentamente dentro das câmaras de contenção. Rugiam. Rasgavam o ar. Tentavam escapar.
Era como se… procurassem algo.
Ou alguém.
Os cientistas não entendiam. Anotavam, ajustavam, mentiam uns para os outros.
Mas uma coisa era clara: só o corpo de Elbeka aceitava o soro.
Ela era o código genético perfeito. A chave.
A origem.
No setor onde ficava isolada, ela começou a sentir isso.
Uma pressão no peito.
Um peso na nuca.
Algo na base da espinha formigando, como um radar invisível.
Os sons vindos dos outros corredores começaram a incomodá-la mais do que o normal. Os gritos. Os rugidos. As batidas nas paredes.
Era como se algo dentro dela estivesse chamando por eles. Ou… ouvindo.
Elbeka não comentou nada.
Não com os cientistas.
Não com os médicos.
Ela apenas ficou quieta.
Não era problema dela.
Ela não queria saber.
Mas no fundo… sabia que algo estava errado.
A Arma Perfeita (ou o Erro Final)
Os dias passaram.
Lá fora, o mundo ainda respirava, mas começava a tossir sangue. Pequenos surtos pipocavam em diferentes estados, silenciados pela mídia e soterrados sob mentiras.
Dentro da instalação, Elbeka era treinada.
Força. Velocidade. Controle dos sentidos.
Ela ouvia passos a corredores de distância. Sentia a frequência cardíaca dos soldados ao redor.
Era como se estivesse aprendendo a usar um novo corpo — uma nova arma.
E então… as garras surgiram.
Durante um exercício de combate corpo a corpo, suas unhas se alongaram de forma involuntária. Curvas, negras, afiadas como lâminas.
Os sensores da sala dispararam.
Os cientistas pararam tudo.
Correram para analisá-la.
As garras eram feitas de um composto orgânico rígido, impossível de quebrar. Mais afiadas que qualquer lâmina já desenvolvida pelo exército.
Mas havia algo pior.
Elas eram venenosas.
Um veneno letal. Rápido.
Não mutava — matava.
Invadia o sistema nervoso e desligava o corpo em segundos.
Eles testaram em ratos. Depois em porcos. Depois… em um zumbi.
O resultado foi sempre o mesmo: morte quase instantânea.
E o que assustou os cientistas não foi só a eficiência, mas o fato do vírus continuar evoluindo dentro dela.
Não era estático.
Não estava “curado”.
Estava vivo. Adaptando-se. Criando novas defesas.
Criando… um predador.
Elbeka começou a sentir isso também. Um instinto estranho. Um faro novo.
Às vezes, via as câmeras se moverem e sabia exatamente quem estava atrás delas.
Às vezes, ouvia sussurros em frequências que ninguém mais percebia.
Ela já não era só humana.
E não sabia mais se ainda era “ela”.
Mas os cientistas continuavam sorrindo.
Encantados. Obcecados.
Diziam que estavam vendo o nascimento da arma perfeita.
Mas nenhum deles parou pra se perguntar:
E se essa arma decidisse que não queria mais ser usada?
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Claudia Santos
já estou em frangalhos,como ela sairá daí?
2025-07-14
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