O TRATO PERFEITO

O TRATO PERFEITO

NOS FLASH DE PÁRIS

Na passarela dourada da Paris Fashion Week, onde os flashes pareciam relâmpagos e os olhares eram tão afiados quanto lâminas de crítica, Adrien caminhava com a postura de quem dominava o mundo — mesmo sendo um ômega.
O final de mais um desfile chegou,e como sempre Adrien estava exausto
E para ajudar, sua mãe não parava de falar o quão "desastroso" foi o dia
Letícia
Letícia
— Você tem noção do vexame que foi hoje, Adrien? Se não fosse por mim, aquele desfile teria sido um desastre completo. Você andava como se estivesse prestes a desmaiar!
Adrien
Adrien
Mãe, eu dei o meu melhor. Eu estava cansado, foram dias de ensaio sem parar
Letícia
Letícia
Cansado? Ah, por favor! Enquanto você reclamava, quem estava ali salvando sua imagem? Eu! Com um sorriso no rosto, fingindo que estava tudo sob controle, como sempre. Porque, se depender de você…
Adrien
Adrien
eu preciso de um copo d'água*se senta com as pernas tremendo*
Letícia
Letícia
— Um copo d’água? Que espetáculo ridículo… Você é um modelo, Adrien, não uma criança fraca pedindo colo! Está tremendo por quê? Vergonha, talvez? Porque foi isso que você fez comigo hoje: me envergonhou diante de todos.
Adrien
Adrien
— Eu… eu só preciso respirar um pouco… meus olhos estão ardendo, mãe.
Letícia
Letícia
— Ah, não chore. Não estrague ainda mais o pouco que resta da sua imagem. Você sabe o que todos comentavam nos bastidores? “Adrien está acabando, virou uma decepção.” E quer saber? Eles estão certos.
Ao ouvir aquilo, foi como levar um tapa seco no rosto. Adrien sentiu o coração despencar, esmagado por dentro. As palavras da mãe perfuravam seu orgulho como agulhas afiadas, e, por mais que tentasse ser forte, tudo nele gritava por socorro. Seu reflexo, sua carreira, sua dignidade... tudo parecia estar ruindo ali, na frente dela.
Letícia cruzou os braços, impaciente, e lançou um olhar de cima a baixo para o filho, como se o peso da decepção estivesse estampado em cada centímetro de sua expressão.
Letícia
Letícia
Sabe o que é pior, Adrien? Nem precisa de escândalo pra arruinar sua imagem... você mesmo já está fazendo isso, só de existir nesse estado*Ela fez uma pausa, o olhar frio como gelo*
Ela deu um passo para trás, ajeitando o próprio cabelo com elegância forçada.
Letícia
Letícia
Faça um favor a si mesmo. E a mim. Pare de comer. Já está difícil carregar o peso da vergonha… não preciso também carregar o peso do seu corpo em decadência.
Virou-se nos saltos e saiu, os passos firmes e o perfume caro deixando um rastro amargo no ar. Adrien permaneceu parado, engolindo o silêncio que sobrou, enquanto tudo dentro dele implodia — pela milésima vez.
esperou a sua mãe sair para entrar em colapso total
Ele abriu devagar. Lá dentro, os comprimidos que um maquiador havia lhe oferecido uma vez, “só pra relaxar”. Adrien havia recusado naquela época. Hoje, era diferente. Hoje, ele só queria desaparecer por dentro.
Adrien
Adrien
Eu parei de comer… eu sorri nas fotos… desfilei machucado, com febre… aguentei tudo calado. Tudo pra ela me olhar com orgulho. Tudo pra ouvir, pelo menos uma vez, um “estou orgulhosa de você”. * Seus olhos marejaram, mas ele riu. Um riso curto, seco, quase doentio* Mas nem isso eu consegui
Ele levou um comprimido à boca com mãos trêmulas, a outra cobrindo os olhos enquanto o choro finalmente vinha, silencioso. O gosto era tão amargo quanto as palavras da mãe.
Adrien
Adrien
Talvez, se eu sumir por umas horas… ela perceba que ainda existo. Ou talvez nem isso.
A porta do camarim continuava entreaberta, deixando entrar um fio de luz do corredor. Mas ali dentro, Adrien afundava cada vez mais no escuro — tentando, de algum jeito, anestesiar a dor de nunca ter sido suficiente
Espanha:16:34
O cheiro de couro novo e café forte se misturava ao som abafado do trânsito lá fora. Diego, encostado na mesa de vidro, observava os croquis com olhos famintos por algo a mais. As roupas estavam perfeitas — ousadas, sexuais, afiadas. Mas ele queria alma.
Diego Marini
Diego Marini
— A coleção está pronta. Mas sem um rosto à altura… é só tecido caro em movimento. Eu quero fogo. Eu quero dor com elegância.
Ravi, seu sócio, cruzou os braços e se recostou no sofá, encarando Diego com um sorriso desconfiado.
ravi
ravi
— E onde você acha que vai encontrar esse alguém? No meio desses modelos artificiais que fazem pose com alma vazia?
Diego Marini
Diego Marini
— Não. Esses aí são bonitos demais pra sentir alguma coisa de verdade.
Riu de forma rouca mostrando seu desprezo.
Ele girou um tablet na mesa, parando numa foto antiga de um desfile caótico. E ali, parado no centro da passarela, havia um rapaz com olhos vazios e postura inquebrável.
Diego Marini
Diego Marini
Quem séria esse?
Mostrou interesse no olhar, algo naquele omega o atraía.como um feitiço seus olhos vazios e melancólicas deixava o alfa com uma certa.... tensão?
Ravi notou o brilho nos olhos de Diego. Não era só interesse profissional. Era algo mais. Algo mais... perigoso.
ravi
ravi
*arqueando uma sobrancelha, provocador* — Tensão, é? Você sempre teve uma queda por casos complicados.
Diego Marini
Diego Marini
*sem tirar os olhos da imagem* — Eu gosto do que é real. E ele... *pausa, voz mais baixa, quase um sussurro* — Ele carrega a dor como se fosse parte da pele. E eu quero essa dor estampada nas minhas roupas
ravi
ravi
*rindo de canto* — Vai usar o omega como musa ou como distração?
Diego Marini
Diego Marini
*se afastando do tablet, passando a mão pelo colarinho aberto* — Talvez os dois. Ou talvez ele só seja mais uma peça que irei usar
O silêncio pairou no ar por alguns segundos. Um silêncio pesado, carregado de desejo contido e intenções não ditas.
ravi
ravi
*se levantando, com um sorriso de desafio* — Então vamos achá-lo. Mas lembra do que você disse, Diego...
Diego Marini
Diego Marini
*encarando-o com aquele olhar frio * — Que tudo que provoca medo… vende?
ravi
ravi
— Exato. Mas algumas coisas também queimam quem chega perto demais.
Diego Marini
Diego Marini
*já caminhando até a janela, encarando a bela Espanha* — Eu sei. — Mas é exatamente por isso que vale a pena.
[Algumas horas depois – no mesmo escritório, luz mais baixa, ambiente mais íntimo. Ravi entra com o tablet na mão, enquanto Diego bebe um whisky, à meia-luz]
*sem olhar, girando o copo lentamente* — Continua.
ravi
ravi
— Fiz uma pesquisa rápida, como você pediu. Adrien Moreau, 22 anos. Omega. Começou a modelar aos 16, saiu do interior da França, e chegou em Paris com uma mala, um contrato... e nenhuma rede de apoio
ravi
ravi
— Ele e uma promessa. Mas algo aconteceu. Sumiu depois daquele desfile, a duas semanas atrás. Alguns dizem que entrou em colapso nervoso. Outros que foi sabotado. O certo é: ninguém viu mais ele desde então.
Diego Marini
Diego Marini
*interessado, finalmente o encarando* — E onde ele está agora?
ravi
ravi
*fazendo uma leve pausa, como se saboreasse a informação* — ele mora em um apartamento de luxo bem no centro de Paris,tudo indica que foi achado no seu camarim totalmente drogado....a beira da morte
Diego Marini
Diego Marini
*sorrindo de canto, voz baixa e carregada* — Perfeito. — Um fantasma que ainda respira. É tudo que eu preciso.
ravi
ravi
*cruzando os braços* — Você vai atrás dele pessoalmente?
Diego Marini
Diego Marini
*pegando o casaco, já indo em direção à porta* — Claro. Se vou vesti-lo com minha arte... — Quero ser o primeiro a despir as cicatrizes.
Diego Marini
Diego Marini
mandei meus homens me esperarem na porta da minha residência..... iremos para Paris amanhã
Puf e a porta se fechou

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