Narração: Dante
Depois que ela adormeceu sobre meu peito, fiquei observando o teto escuro, contando os segundos até o inferno começar.
Porque ele viria. E eu sabia disso.
Isabella não era qualquer mulher. Era uma bomba-relógio com sobrenome marcado em sangue. Eu a sequestrei, a fodi, a fiz gozar até esquecer quem era… mas não podia esquecer quem ela era.
Eu levantei da cama devagar, puxando o lençol sobre o corpo dela. Estava linda dormindo, com os cabelos espalhados no travesseiro, as pernas entrelaçadas. Tão minha... e ao mesmo tempo, tão inalcançável.
Fui até a sala ao lado e peguei o celular queimado. Só usado pra emergência.
Três mensagens.
Uma delas era o que eu temia:
“Movimentação no porto. Os Moretti estão agindo. Achamos um infiltrado.”
Merda.
Bati o punho na parede.
Acordei Lorenzo naquela noite, três anos atrás. Foi minha culpa ele ter saído. Minha culpa ele ter morrido. E agora... estava repetindo o mesmo erro com Isabella.
Mas o problema é que eu não conseguia mais pensar só com a cabeça.
Voltei para o quarto.
Ela estava acordada, me olhando com os olhos semicerrados.
— Você vai embora? — murmurou.
— Não. Mas a sua família está procurando por você.
Ela respirou fundo, e sentou na cama, abraçando os joelhos.
— Era questão de tempo.
— Você quer voltar?
— Eu não sei. — Ela abaixou a cabeça. — Pela lógica, sim. Mas meu corpo ainda tá pulsando por você, Dante. Eu não consigo pensar direito.
Me aproximei e sentei ao lado dela. Peguei seu rosto com as duas mãos e a obriguei a me olhar.
— Eu nunca menti pra você. Isso começou como vingança, sim. Mas agora... se alguém tentar te arrancar de mim, vai sair em pedaços.
Ela mordeu o lábio, hesitando.
— Meu pai é capaz de tudo. Inclusive me matar se achar que eu o traí.
— Então que tente.
— Você fala como se fosse imortal.
— Eu não sou. Mas quando o sangue ferve, eu luto até o fim.
Ela sorriu de leve. Um sorriso triste.
— Você é louco.
— Sou. E você também. Por isso combinamos tanto.
Na manhã seguinte, tudo explodiu.
Giovanni, meu braço direito, arrombou a porta do quarto sem aviso.
— Dante, temos um problema. Um dos nossos foi encontrado morto. Cortado, com uma rosa negra na boca.
— Moretti? — perguntei, tenso.
— Sim. Mensagem clara. Eles sabem onde estamos.
Isabella ficou pálida. — Meu pai manda rosas negras como assinatura quando quer declarar guerra.
— Ele tá declarando, então. — respondi.
Ela se levantou. — Você tem que me deixar falar com ele. Se eu me mostrar viva, talvez ele recue.
— E se ele mandar atirar mesmo assim?
— Ele nunca faria isso.
— Tem certeza?
Ela hesitou. E foi aí que entendeu o que eu já sabia: Paolo Moretti não tinha mais limites.
— Me leva até ele. Deixa que eu resolvo. — Ela olhou firme pra mim. — Eu sou uma Moretti, lembra? Eu sei dançar nesse campo minado.
Respirei fundo. Eu não confiava em ninguém. Mas confiava nela. E isso... isso podia ser o meu fim.
— Vai ser com escolta. E eu quero um rifle apontado pro coração do seu pai. Se ele tentar algo, eu atiro primeiro.
Ela assentiu. — Justo.
A reunião aconteceu num galpão antigo no porto de Gênova.
Isabella foi na frente, comigo ao lado. Dois dos meus homens atrás. O lugar cheirava a ferrugem e gasolina. As paredes úmidas pareciam sussurrar promessas de morte.
Paolo Moretti já nos esperava.
Alto. Cabelos grisalhos bem penteados. Terno preto impecável. Olhos como gelo. Ele era o próprio poder, o próprio veneno.
— Bella. — Ele abriu os braços, mas ela não se moveu.
— Não estou aqui pra abraço, papà.
— Você está bem?
— Sim.
— Ele te machucou?
— Não.
Silêncio. Ele olhou pra mim com desprezo.
— Vai pagar caro por isso, Ricci.
— Ela veio por vontade própria.
— Você acha que isso me impede de te matar?
— Acha que não previ isso? Metade da sua equipe está sendo vigiada agora. Um passo em falso e a cabeça de cada um vai cair.
Paolo sorriu, cínico.
— Você se apaixonou pela minha filha?
— Isso não é da sua conta. Mas se tentar tirar ela de mim, eu declaro guerra.
Ele olhou pra Isabella.
— E você? Vai abandonar sua família por um Ricci?
Ela ficou em silêncio. Respirando fundo.
— Não. — respondeu. — Mas também não vou viver como prisioneira. Nem dele, nem sua. Eu escolho o meu caminho agora. E se esse caminho for Dante… então que seja.
O silêncio pesou como chumbo.
E então Paolo riu. Riu de verdade. Um riso seco, sem alma.
— Então que o inferno comece.
Na volta pro esconderijo, Isabella estava muda.
Quando chegamos, fechei a porta atrás de nós e a puxei com força pra mim. Nossos corpos se colaram. Nossas respirações estavam quentes, aceleradas. Era medo, raiva, desejo.
Ela me beijou com força, e eu sabia: estávamos entrando num jogo onde o amor podia ser a maior arma… ou a sentença de morte.
Continua…
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Atualizado até capítulo 24
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