Meus músculos ainda doíam. Não da luta, mas do prazer. O gosto dele ainda estava na minha boca, o cheiro do sexo ainda impregnado na minha pele. Eu odiava o que ele fazia comigo. Odiava que meu corpo traísse a minha mente.
Dante Ricci. Um nome que sempre ouvi em reuniões sussurradas entre homens armados. Um nome que meu pai dizia com desprezo. Um inimigo. Um monstro. E agora… o homem que me fez gozar como nenhum outro.
Eu estava sentada na beira da cama estreita, com a perna cruzada, vestindo apenas uma camisa dele — grande demais no corpo, pequena demais pra esconder as marcas. Minhas coxas ainda estavam sensíveis, e entre elas, uma lembrança latejava.
A porta abriu de novo. Ele.
O cabelo bagunçado, barba por fazer, olhos ainda escuros de desejo. Entrou como se fosse dono do quarto. De mim.
— Vai ficar me encarando ou vai falar alguma coisa? — perguntei, com a voz seca.
Ele sorriu. Aquele maldito sorriso torto que me deixava com vontade de dar um tapa… ou um beijo.
— Você tem uma boca perigosa, Moretti.
— E você tem um ego que merece um tiro.
Ele se aproximou devagar. Parou à minha frente e abaixou, ficando na altura dos meus olhos.
— Por que você não gritou? — ele perguntou, sério.
— Quando?
— Quando eu te toquei. Quando te beijei. Quando te fodi.
Engoli seco. Me recusei a baixar o olhar.
— Porque gritar daria a você exatamente o que queria: o controle.
Ele estalou a língua e passou os dedos pelo meu queixo, erguendo meu rosto.
— Você ainda acha que tem algum?
— Tenho. Tenho meu nome. Minha vontade. Meu corpo. E você só teve porque eu deixei.
Ele riu, mas dessa vez havia algo mais nos olhos dele. Respeito? Curiosidade? Eu não sabia.
— Então por que deixou?
Demorei pra responder. Porque a verdade era simples. E absurda.
— Porque eu quis.
Ele ficou em silêncio por um segundo. Depois se levantou, foi até uma pequena mesa e pegou um copo de uísque. Voltou e me ofereceu. Eu aceitei.
O álcool queimou a garganta. Queimou menos que a vergonha.
— Me conta, Ricci. Por que eu? Você podia ter sequestrado qualquer figurinha da máfia. Por que a filha?
Ele se recostou na cadeira, encarando o copo. Os olhos fixos no líquido âmbar. A mandíbula travada.
— Porque o teu pai matou o meu irmão. — disse, por fim. Voz baixa. Quase um sussurro.
Fiquei em silêncio. Meu coração disparou.
— Aquele ataque há três anos? — perguntei.
Ele assentiu.
— Lorenzo Ricci. Ele era só dois anos mais velho que eu. Cuidava de mim como se fosse meu pai. Não era parte da máfia. Não ainda. Mas o teu velho achou que ele era um risco.
— Eu… eu não sabia. — murmurei.
Ele riu sem humor. — Claro que não. Você era a bonequinha de luxo do papai. Protegida. Intocável. Mas agora está aqui. No meu mundo.
As palavras bateram forte. Mas mais forte foi a dor no olhar dele. Por um segundo, ele não era o mafioso cruel. Era só um homem quebrado.
— Me sequestrou pra se vingar? — perguntei, firme.
— No começo, sim. Mas quando te vi naquela sacada, com aquele olhar de tédio, de raiva contida… eu soube que você também era uma prisioneira. Não de mim. Mas da sua família.
Ele estava certo. E eu odiava que ele soubesse.
— Você acha que me entende, Dante. Mas você não sabe o que é crescer sendo treinada pra ser troféu. O que é sorrir em festas sabendo que cada brinde é um pacto de sangue. Eu nunca fui livre.
Ele se aproximou outra vez. Lento. Firme. Se ajoelhou entre minhas pernas e colocou as mãos nas minhas coxas nuas.
— E se eu disser que aqui, comigo, você pode ser?
Minha respiração falhou. Ele deslizou os dedos pela minha pele, subindo devagar, sem pressa, como se quisesse memorizar cada curva.
— Isso é loucura… — sussurrei.
— É. Mas você já está dentro dela. — Seus dedos alcançaram meu centro, e eu gemei, surpresa com o toque quente e preciso. — E agora, vai me deixar mostrar o que a liberdade pode te dar?
Fechei os olhos. Soltei o ar com força. E pela primeira vez na vida, me entreguei sem pensar em nada além do agora.
Continua…
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Atualizado até capítulo 24
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