capítulo 3

Na manhã seguinte, Theo acordou com o celular vibrando.

📲 “Leva casaco. Vai esfriar. — Dante.”

Theo sorriu, abraçando o travesseiro. Dante agora mandava mensagens. Curtas, ranzinzas… mas se preocupava. E isso deixava o coração do ômega feito gelatina doce.

Na escola, o dia começou estranho. Alguns alunos olhavam Theo e cochichavam. Dante percebeu.

— Estão falando o quê?

— Ah, nada demais — Theo tentou disfarçar. — Só disseram que “até o Dante caiu na rede do ômega do jardim encantado”.

— Que rede?

— Eu tenho um grupo de amigas que dizem que meu cheiro é calmante… e que sou tipo um “isco de alfa”. Bobeira.

Dante estreitou os olhos.

— Isco de alfa? Você tá me chamando de peixe?

— Talvez um tubarãozinho... — Theo provocou, rindo.

Dante rosnou baixinho e o agarrou pelo pulso com firmeza, mas sem machucar.

Foi quando algo aconteceu.

Ambos congelaram.

Uma onda quente percorreu os braços dos dois. O toque do pulso parecia brilhar. Literalmente.

Theo olhou para baixo e arregalou os olhos: um brilho suave, azul-púrpura, tremia ali na pele onde o alfa o segurava. Dante largou rapidamente, como se tivesse tocado fogo.

— O que foi isso?

Theo olhou para o próprio pulso, depois para o de Dante. O brilho desapareceu… mas o cheiro de ambos ficou mais forte no ar. Os alunos começaram a sussurrar.

— Dante... você acha que isso foi…?

— Ligação de fado — Dante completou, engolindo em seco.

Theo sentiu o estômago revirar. Aquilo não era brincadeira. Ligações de fado eram raras. Só aconteciam entre alfas e ômegas compatíveis… destinados. Era coisa de alma. De laço. De eternidade.

— Isso... não pode ser.

— Por que não? — Dante perguntou, de repente. — Você tá me dizendo que não pensou nisso nenhuma vez?

— Eu… pensei. Mas achei que era coisa da minha cabeça. Ou que você ia me ignorar pra sempre.

Dante deu um passo à frente. Os olhos escuros fixos nos dele.

— Eu tento. Juro que tento. Mas seu cheiro me acalma… e me enlouquece ao mesmo tempo.

Theo sorriu, tímido.

— Então... você também sente?

— Desde o primeiro “Trovãozinho”.

O sinal tocou, mas nenhum dos dois se moveu. Estavam ali, no meio do corredor, parados no tempo.

— Dante… e agora?

O alfa suspirou e coçou a nuca.

— Agora... a gente vê onde isso leva. Mas uma coisa é certa: se for mesmo uma ligação de fado… você é meu.

Theo arregalou os olhos, as bochechas queimando.

— Que jeito mais rústico de dizer “quero ficar com você”, hein?

Dante puxou o capuz da blusa de Theo e o cobriu inteiro.

— Fica quieto, Isquinho.

Theo riu alto lá de dentro.

E enquanto caminhavam para a próxima aula, um com o coração disparado e o outro tentando parecer durão, ambos sabiam: nada mais seria o mesmo.

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