capítulo 2

No dia seguinte, Dante chegou cedo à escola — o que era estranho, até pra ele.

Ficou parado perto do portão, fingindo olhar o celular, quando na verdade estava esperando... ele.

E então lá vinha Theo, com sua mochila de pelúcia, fones pendurados no pescoço, e o habitual sorriso de quem acordou ouvindo música animada e tomando leite com achocolatado.

— Oi, Trovãozinho! — Theo acenou, os olhos brilhando. — Não sabia que você acordava antes do sinal solar nascer!

Dante resmungou algo ininteligível, enfiando as mãos no bolso.

— Só vim cedo porque... o treino mudou. — Mentira. Mas Dante não mentia bem. E Theo percebeu.

— Que gracinha, você me esperou?

— C-claro que não! Eu nem sabia que você vinha por aqui.

— Aham, claro. E o céu é verde.

Theo riu e, antes que Dante pudesse dizer qualquer coisa, já estava andando ao lado dele, falando de uma nova receita de cookies que tinha feito com a tia.

— Fiz cookies com gotas de caramelo e flor de sal. Trouxe um pra você.

— Eu não quero... — Dante começou, mas Theo já estava abrindo a lancheira.

O aroma doce se espalhou no ar e... maldição. Feromônios.

Theo corou levemente, envergonhado.

— Droga. Acho que exagerei no perfume... ou é o açúcar. — disse, tímido.

Dante engoliu seco. O cheiro de Theo era delicado, quente, envolvente… e o deixava inquieto.

— Você devia tomar mais cuidado. Ômegas soltos assim… são alvos.

Theo parou e o olhou nos olhos. Pela primeira vez, sem o sorrisinho brincalhão.

— Mas eu não tô sozinho, né?

Dante sentiu um arrepio subir pela espinha.

Theo estendeu o cookie.

— Aceita. Tá quentinho ainda. E… é com carinho.

Dante pegou o doce sem saber por quê. Mordeu. Estava absurdamente bom.

— Hm. Não é horrível.

— Isso vindo de você é quase uma declaração de amor — Theo disse, rindo de novo.

Dante tossiu, engasgando com o pedaço de cookie.

— Para de dizer essas coisas!

— Mas é tão divertido te ver assim… — Theo inclinou o rosto. — Meio vermelho, meio bravo. Você fica fofo.

Dante se virou, emburrado, e acelerou o passo.

Mas Theo correu atrás, rindo.

— Espera! Você vai comer outro cookie ou posso dar pro professor João? Ele tá de dieta, mas eu sempre saboto!

No pátio, todos começaram a notar. O alfa solitário, temido e antissocial... agora andava com um ômega falante e risonho do lado.

E ele não espantava o garoto. Não o empurrava. Não rosnava.

Às vezes, até… sorria.

Mais tarde, no intervalo, Theo apareceu na arquibancada do ginásio, onde Dante sempre se escondia pra evitar gente.

— Você sempre fica aqui?

— Sim. Sozinho.

— Agora não.

Theo sentou-se ao lado dele, tão próximo que os ombros se encostaram. Dante travou. A presença de Theo era quente, gentil. E o alfa começou a perceber que... não se importava mais em ficar “sozinho”.

Theo tirou da mochila dois suquinhos de caixinha.

— Uva ou pêssego?

— ...Uva.

— Boa escolha. Sabe que você tá virando um alfa fofo, né?

— Cala a boca.

Theo riu de novo, e se deitou ali, apoiando a cabeça no ombro de Dante como se fosse o lugar mais natural do mundo.

— Você tem cheiro de trovão depois da chuva — Theo murmurou, baixinho, os olhos fechando. — Acho que por isso fico calmo perto de você.

Dante ficou em silêncio. O peito batia rápido, mas ele não afastou Theo. Nem um centímetro.

E ali, com um suco de uva na mão e um ômega risonho dormindo no seu ombro, Dante teve certeza de uma coisa:

Estava perdido.

Perdido naquele sorriso, naquela risada… e no cheiro doce que agora reconhecia de longe.

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