No dia seguinte, Dante chegou cedo à escola — o que era estranho, até pra ele.
Ficou parado perto do portão, fingindo olhar o celular, quando na verdade estava esperando... ele.
E então lá vinha Theo, com sua mochila de pelúcia, fones pendurados no pescoço, e o habitual sorriso de quem acordou ouvindo música animada e tomando leite com achocolatado.
— Oi, Trovãozinho! — Theo acenou, os olhos brilhando. — Não sabia que você acordava antes do sinal solar nascer!
Dante resmungou algo ininteligível, enfiando as mãos no bolso.
— Só vim cedo porque... o treino mudou. — Mentira. Mas Dante não mentia bem. E Theo percebeu.
— Que gracinha, você me esperou?
— C-claro que não! Eu nem sabia que você vinha por aqui.
— Aham, claro. E o céu é verde.
Theo riu e, antes que Dante pudesse dizer qualquer coisa, já estava andando ao lado dele, falando de uma nova receita de cookies que tinha feito com a tia.
— Fiz cookies com gotas de caramelo e flor de sal. Trouxe um pra você.
— Eu não quero... — Dante começou, mas Theo já estava abrindo a lancheira.
O aroma doce se espalhou no ar e... maldição. Feromônios.
Theo corou levemente, envergonhado.
— Droga. Acho que exagerei no perfume... ou é o açúcar. — disse, tímido.
Dante engoliu seco. O cheiro de Theo era delicado, quente, envolvente… e o deixava inquieto.
— Você devia tomar mais cuidado. Ômegas soltos assim… são alvos.
Theo parou e o olhou nos olhos. Pela primeira vez, sem o sorrisinho brincalhão.
— Mas eu não tô sozinho, né?
Dante sentiu um arrepio subir pela espinha.
Theo estendeu o cookie.
— Aceita. Tá quentinho ainda. E… é com carinho.
Dante pegou o doce sem saber por quê. Mordeu. Estava absurdamente bom.
— Hm. Não é horrível.
— Isso vindo de você é quase uma declaração de amor — Theo disse, rindo de novo.
Dante tossiu, engasgando com o pedaço de cookie.
— Para de dizer essas coisas!
— Mas é tão divertido te ver assim… — Theo inclinou o rosto. — Meio vermelho, meio bravo. Você fica fofo.
Dante se virou, emburrado, e acelerou o passo.
Mas Theo correu atrás, rindo.
— Espera! Você vai comer outro cookie ou posso dar pro professor João? Ele tá de dieta, mas eu sempre saboto!
No pátio, todos começaram a notar. O alfa solitário, temido e antissocial... agora andava com um ômega falante e risonho do lado.
E ele não espantava o garoto. Não o empurrava. Não rosnava.
Às vezes, até… sorria.
Mais tarde, no intervalo, Theo apareceu na arquibancada do ginásio, onde Dante sempre se escondia pra evitar gente.
— Você sempre fica aqui?
— Sim. Sozinho.
— Agora não.
Theo sentou-se ao lado dele, tão próximo que os ombros se encostaram. Dante travou. A presença de Theo era quente, gentil. E o alfa começou a perceber que... não se importava mais em ficar “sozinho”.
Theo tirou da mochila dois suquinhos de caixinha.
— Uva ou pêssego?
— ...Uva.
— Boa escolha. Sabe que você tá virando um alfa fofo, né?
— Cala a boca.
Theo riu de novo, e se deitou ali, apoiando a cabeça no ombro de Dante como se fosse o lugar mais natural do mundo.
— Você tem cheiro de trovão depois da chuva — Theo murmurou, baixinho, os olhos fechando. — Acho que por isso fico calmo perto de você.
Dante ficou em silêncio. O peito batia rápido, mas ele não afastou Theo. Nem um centímetro.
E ali, com um suco de uva na mão e um ômega risonho dormindo no seu ombro, Dante teve certeza de uma coisa:
Estava perdido.
Perdido naquele sorriso, naquela risada… e no cheiro doce que agora reconhecia de longe.
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Atualizado até capítulo 37
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