5º capítulo

Luna precisou ouvir Ravi o caminho inteiro. Já não aguentava mais a voz dele nos seus ouvidos.

— Eu avisei! Essa gente rica só se importa com eles mesmos e com dinheiro. Ele só queria te impressionar!

Ela perdeu a paciência e gritou:

— Chega! Eu não quero mais ouvir falar dele!

— É isso mesmo? Vai brigar com seu amigo por causa daquele cara?

— Eu não estou brigando com você por causa dele, só não quero mais falar sobre isso.

O táxi parou, e Luna desceu. Ravi quis entrar, mas ela recusou, dizendo que precisava de um banho e que, mais tarde, iria para o laboratório.

E foi exatamente o que fez. Entrou no chuveiro e deixou a água escorrer, lavando toda a raiva que sentia.

Na empresa, Henry voltou ao escritório ouvindo os gritos do tio:

— Você largou os acionistas por causa de uma garota?!

— Ela é importante. É ativista. Foi quem me ajudou no meio da confusão. Devo isso a ela.

— Ela ajudou você porque quis! Você não deve nada a ela.

— Vou dar minha coletiva de imprensa, vou me pronunciar sobre o caso e, sim, vou limpar o Bayer. Chega disso. Minha decisão está tomada.

— Só por causa de uma garota? O que ela tem? Mel?!

Henry bufou, irritado.

— Não é por ela. É por mim. Pela empresa.

— Você e esse seu senso de justiça… igualzinho à sua mãe.

— Não ouse falar da minha mãe! E quanto ao meu senso de justiça… Se não queria isso, não deveria ter me mandado para aquele internato religioso rigoroso. Aquilo só ativou ainda mais o meu senso de justiça.

— Eu fiz isso para o seu bem! Sempre pensei em você!

— Em mim… ou em você mesmo?

Henry não esperou a resposta. Pegou suas coisas e saiu. Tinha uma coletiva de imprensa para dar.

À noite, Magali foi até a casa de Luna.

— O Ravi me contou sobre o tal cara…

— Nem me fale. Fui muito burra em acreditar nele.

— Inacreditável! O dono da Ambiental esteve aqui na sua casa…

— Nem eu tô acreditando nisso. Será que ele desconfiou de algo? Viu alguma foto do meu pai, sei lá?

— Acho que não. Deve ter sido coincidência mesmo… Mas, vem cá… Como é que ele é?

— Como assim?

— Ué, ele é o dono da Ambiental! Tipo… um multi bilionário.

— E daí?

— Ele é bonito, pelo menos?

Luna mordeu o lábio. Como negar? Aqueles olhos azuis ainda não saíam da sua cabeça.

— Ai, meu Deus… Ele é. E muito.

As duas caíram na risada.

— E o Ravi?

— Você acha o Ravi bonito?

— Bom, ele é um gatinho… e arrasta um caminhão por você.

— Não consigo nem imaginar ter algo com ele. Sério. Ele é tipo um irmão mais velho. A gente se criou junto, depois que meu pai foi preso. Eu fui morar com eles… A gente tomava banho junto!

Fez uma careta de horror só de pensar.

Luna serviu uma cerveja para as duas e ligou a TV. Não acreditou no que viu.

— É uma coletiva de imprensa?

Aumentou o volume no exato momento em que localizou o rosto de Henry.

— É o Henry…

Magali arregalou os olhos.

— Santo Deus! Esse paraíso dormiu na sua cama e você não fez nada?!

— Não fala assim! O que é que você pensa de mim?

— Jura que não teve nada? Nem mesmo um selinho?

— Claro que não!

— Nem uma olhadinha mais sexy?

Luna voltou a rir.

— Da minha parte, não… Mas não vou mentir. Eu o acho atraente.

— Atraente?! Ele é um Deus na Terra! Olha aqueles olhos! Olha essa voz rouca e aveludada… Jesus! Isso no meu ouvidinho… Ah, não! Eu não deixava passar!

Luna se arrepiou só de imaginar.

— Para, Magali! Chega! Vamos ouvir o que o babaca tá falando!

Ela aumentou o volume ao máximo, tentando se concentrar naquela voz que martelava seu cérebro como uma tortura sonora.

— Boa noite a todos. Infelizmente, os motivos pelos quais estou aqui não são os melhores.

Recentemente, um vazamento de produtos químicos foi encontrado ao ar livre em uma das nossas empresas.

Este vazamento, até então desconhecido por mim, prejudicou uma nascente de água no Bayer, além da vida vegetal e animal de um local que deveria ser de proteção ambiental.

Luna ficou surpresa. Ele estava admitindo a culpa publicamente.

— Por esse motivo, venho anunciar que a empresa do Bayer está fechada temporariamente até que tudo esteja resolvido e esteja de acordo com as leis ambientais.

Eu, Henry Locki Master, repudio qualquer ato contra o meio ambiente. Peço, humildemente, que vocês — ambientalistas, protetores — me procurem sempre que souberem de algo errado em nome da Ambiental.

Luna e Magali estavam boquiabertas.

— Gostaria também de pedir, além de desculpas pelo dano causado, que pessoas como você nos ajudem na recuperação daquele lugar.

Sei que não sou inocente, mas venho, de coração humilde, pedir ajuda.

A Ambiental colocará toda sua equipe e maquinário à disposição desta causa.

Mas precisamos da sua ajuda.

Você, que se importa com o Bayer…

Por favor, nos ajude a recuperá-lo. Desde já, agradeço a todos. Boa noite.

Henry se retirou sem dar tempo para perguntas. Luna se afundou na poltrona e desligou a TV.

— Você ouviu o que eu ouvi?

— Tô passada a ferro, amiga. Ele tá investindo pesado nisso aí…

— Você acha que eu deveria ajudar?

— Luna, você ama aquele lugar. Aquelas terras eram do seu avô! É claro que ele não sabe disso e nem deve saber. Mas, se fosse você, eu iria, sim.

— Você vem comigo?

— Esse sábado tô cheia, mas prometo ir no próximo.

— Não queria ir sozinha… Não quero bater de frente com ele.

— Nem vai. Essa gente rica fala bonito, mas na hora do vamos ver, se esconde atrás dos empregados. Talvez ele nem vá.

— Verdade… Ainda assim, vou pedir pro Ravi se ele vem comigo.

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