Capítulo 3. A noite de Anne e Rael promete ser ainda mais reveladora.

A transição da cafeteria para o restaurante japonês foi suave, quase como se o fluxo do destino os guiasse. A Praça do Rosário, antes banhada pelo sol da tarde, agora começava a acender suas primeiras luzes, criando um cenário urbano acolhedor para a noite que se iniciava. Rael pediu um táxi, e em poucos minutos, eles estavam a caminho, o cheiro de incenso e a melodia oriental suave já emanando do local escolhido por ele.

O restaurante, chamado "Sakura", era elegante e discreto, com iluminação baixa, mesas de madeira polida e detalhes em bambu. Um jardim zen em miniatura adornava a entrada, e a calma do ambiente contrastava agradavelmente com o burburinho da cidade de Sorocaba lá fora. Eles foram conduzidos a uma mesa mais reservada, perto de uma janela que dava para uma pequena cascata artificial, o som da água adicionando uma camada de tranquilidade à atmosfera.

"Gostou?", Rael perguntou, o sorriso gentil de sempre em seus lábios enquanto ela observava o ambiente. Seus olhos castanhos claros brilhavam com a luz difusa, parecendo mais expressivos do que nunca.

"É lindo, Rael! Adoro a calma daqui", Anne respondeu, a pele clara corando levemente com o olhar intenso dele. Seus cabelos castanhos ondulados caíam suavemente, emoldurando o rosto que, para ele, se tornava a cada minuto mais familiar, mais essencial.

Enquanto esperavam os cardápios, a conversa da cafeteria continuou de forma ainda mais íntima. Rael falou sobre sua empresa, uma gigante no desenvolvimento de softwares de inteligência artificial para o setor de logística. Ele explicou que estava em Sorocaba para supervisionar a instalação de um novo centro de dados e a integração com uma grande transportadora local. "É um projeto ambicioso", ele disse, gesticulando com as mãos fortes, "envolve muita tecnologia de ponta, otimização de rotas, gestão de frotas... É fascinante, mas também exaustivo. São semanas longe de casa, em hotéis, reuniões intermináveis."

Anne ouvia, fascinada. A imagem do CEO de sucesso se encaixava perfeitamente com a aura de Rael, mas havia uma nuance de cansaço em sua voz, uma pontada de solidão que ela detectou. "Parece um mundo completamente diferente do meu", ela comentou. "Eu passo meus dias entre pranchetas, maquetes, códigos de construção... Prazos, sim, mas de uma natureza diferente. E em Sorocaba é minha casa, minha base."

"E o que te motiva na arquitetura, Anne?", ele perguntou, genuinamente interessado, inclinando-se ligeiramente para a frente.

Ela sentiu a paixão acender em seus olhos castanhos escuros. "Eu amo a ideia de criar algo do zero, algo que antes só existia na mente, e vê-lo se erguer. Projetar espaços onde as pessoas vão viver, trabalhar, sonhar... É como moldar a experiência humana. Eu me sinto uma artista e uma cientista ao mesmo tempo. E aqui em Sorocaba, há tanto potencial para revitalização, para projetos inovadores que respeitem a história da cidade, mas olhem para o futuro."

Rael assentiu lentamente, um sorriso pensativo. "Isso é inspirador, Anne. Eu vejo a paixão em seus olhos quando você fala. É a mesma sensação que tenho quando uma de minhas equipes encontra uma solução elegante para um problema complexo. É a beleza da criação, não importa o campo." Ele fez uma pausa, o olhar intenso se fixando nela. "Mas me diga, sendo CEO, estou sempre correndo contra o tempo, viajando. É uma vida solitária, às vezes. E você, como estudante, com os desafios de equilibrar a vida acadêmica e social. Como você vê... essa nossa conexão, com realidades tão distintas?"

Anne ponderou. Era a pergunta que estava em sua mente desde o primeiro esbarrão. "Eu acho que, talvez, seja exatamente essa a beleza. Não é uma história de pessoas iguais, mas de almas que se reconhecem apesar das diferenças. O sonho que tive, o pressentimento que você sentiu... Isso transcende profissão, cidade, rotina. É algo mais profundo. É como se o universo tivesse nos dado um empurrão, e agora cabe a nós descobrir o porquê."

Rael pegou o cardápio, mas seus olhos ainda estavam nela. "Eu concordo. Meu cérebro lógico, que adora dados concretos, está em curto-circuito com tudo isso. Mas a cada minuto que passo com você, Anne, a cada palavra, a cada risada... meu lado intuitivo grita que há algo real e muito especial aqui. Algo que vale a pena investigar." Ele deu a ela um sorriso que a fez sentir como se o mundo inteiro tivesse se alinhado naquele momento.

Eles pediram uma seleção de sushis e sashimis frescos, acompanhados de saquê morno. A comida era deliciosa, e a cada peça que provavam, um novo tópico surgia. Rael falou sobre crescer em uma família simples no interior de Minas Gerais, o que o impulsionou a buscar a tecnologia como forma de ascensão. Ele se revelou um homem de princípios, que valorizava a meritocracia, mas nunca esquecia suas raízes. Anne, por sua vez, compartilhou suas memórias de infância em Sorocaba, as tardes na praça, os primeiros desenhos que fez, a paixão por descobrir novas culturas através da arquitetura.

"Você é uma pessoa fascinante, Anne", Rael disse, um tom de admiração genuína em sua voz. "Sua paixão pela arquitetura é contagiante. E você tem uma sabedoria... para alguém tão jovem. Uma clareza sobre o que sente, o que quer."

"E você", ela respondeu, sentindo o rosto aquecer. "Você é... muito mais do que o CEO poderoso que eu poderia imaginar. Tem uma profundidade, uma gentileza, uma curiosidade que me surpreende." Ela arriscou um pouco mais. "E a forma como você fala sobre seus sonhos, Rael... é como se eu já conhecesse essa parte de você."

Um silêncio confortável pairou entre eles, preenchido apenas pelo som suave da água da cascata e da música oriental. Os olhos castanhos claros de Rael se fixaram nos dela, e ela sentiu a intensidade do olhar que havia povoado seus sonhos. Ele estendeu a mão novamente, desta vez sem hesitação, e pousou-a sobre a dela, que estava descansando na mesa.

"Porque você conhece, Anne", ele disse, a voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de significado. O polegar dele acariciou suavemente sua pele clara. "Eu sinto o mesmo. É como se eu estivesse acordando para algo que sempre esteve lá, esperando."

A pele de Anne arrepiou. Aquele toque, aquela frase, era a confirmação física do sonho, o eco da paixão onírica se materializando. A eletricidade entre eles era palpável, um campo magnético que os puxava para mais perto.

Eles terminaram o jantar sem pressa, saboreando cada momento, cada palavra. Quando a conta chegou, Rael insistiu em pagar. "Minha vez de garantir que o destino continue nos favorecendo", ele brincou, mas o sorriso em seus olhos mostrava que não era apenas uma piada.

Ao saírem do restaurante, a brisa noturna de Sorocaba os envolveu. As ruas estavam mais tranquilas, e as luzes da cidade brilhavam como estrelas no chão. Eles caminharam um pouco, lado a lado, em um silêncio confortável, as mãos eventualmente se roçando, enviando pequenos choques elétricos.

Chegaram ao prédio de Anne. O coração dela batia forte. Era o momento da despedida, e ela não queria que acabasse. Rael se virou para ela, o corpo ligeiramente inclinado, os olhos castanhos claros fixos nos dela.

"Anne...", ele começou, a voz um pouco mais grave. Ele hesitou por um instante, a mão forte dela subindo para o seu rosto, o polegar roçando sua bochecha. "Este dia... esta noite... foi mais do que eu esperava."

Ela inclinou-se ligeiramente para o toque, os olhos fechados por um breve instante, absorvendo o calor da mão dele. "Para mim também, Rael. Muito mais."

Ele se aproximou um pouco mais, e Anne sentiu o cheiro dele — uma mistura amadeirada e fresca, que a fez lembrar-se da fragrância reconfortante do sonho. Os olhos dele desceram para os lábios dela. O mundo pareceu parar. O som distante dos carros, as luzes da cidade... tudo desapareceu. Apenas eles dois, no meio daquela noite em Sorocaba.

Rael se inclinou lentamente. Anne não hesitou. Seus lábios se encontraram em um beijo suave, hesitante a princípio, mas que rapidamente se aprofundou com a certeza de uma atração que vinha de muito antes. Não era um beijo urgente, mas um beijo de reconhecimento, de promessa, de uma conexão que finalmente encontrava seu toque. Os lábios dele eram macios, e o beijo era doce, uma confirmação silenciosa de que a realidade podia ser tão intensa quanto o mais belo dos sonhos.

Quando se separaram, ambos estavam ofegantes, os olhos brilhando. Um sorriso inebriante surgiu nos lábios de Anne. "Uau", ela conseguiu sussurrar.

Rael riu, a voz rouca. "Uau, de fato." Ele alisou os cabelos levemente ondulados dela. "Eu... preciso ir. Meu voo é cedo para uma reunião amanhã em São Paulo, mas eu não poderia ir sem fazer isso."

Anne assentiu, compreendendo. A vida de CEO dele, as viagens, tudo aquilo era real. "Claro. Vá com cuidado, Rael."

Ele a abraçou forte por um momento, um abraço que a envolveu completamente, cheiro e calor. "Eu te ligo amanhã, Anne. Assim que eu puder. Quero ter certeza de que você não vai voar para longe como um sonho."

"Não se preocupe", ela disse, a voz abafada contra o peito dele, sentindo a força de seus braços. "Eu estarei aqui. Contando os minutos."

Ele a soltou, deu um último beijo suave na testa dela, e se afastou, sem tirar os olhos dela até que Anne estrasse no prédio.

No apartamento, Anne se jogou na cama, o rosto ainda formigando do beijo, o corpo vibrando com a proximidade de Rael. O sonho... Ah, o sonho havia se tornado uma realidade que superava todas as expectativas. Aquele beijo era a prova final. Israel Nery não era apenas o homem de seu subconsciente; ele era um CEO de verdade, com uma vida complexa, e ainda assim, ele sentia a mesma conexão profunda. A promessa da madrugada havia se cumprido, e ela mal podia esperar pelo que o destino lhes reservava.

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