A Primeira Nota de Coragem

"Tem sentimentos que começam com silêncio, mas que precisam de som pra se tornarem

Conservatório, pátio central | Quinta-feira à tarde

O céu estava nublado, e o vento que soprava pelas árvores do pátio trazia cheiro de chuva. Clara e Cecília estavam sentadas no chão, apoiadas na parede branca do prédio antigo, cercadas por mochilas, papéis de música e um restinho de suco de caixinha.

— Clara, a música é sobre coragem. E amor. Você tem os dois. Só tá escondendo.

Clara abaixou o olhar.

— E se eu mostrar e alguém rir? Ou disser que é só uma fase?

Cecília deu de ombros.

— Então você sorri e continua tocando. Porque música de verdade não pede permissão pra existir.

Clara olhou para cima. O céu cinza refletia o que ela sentia por dentro — mas, de alguma forma, havia também um tom de esperança ali. Como se o tempo estivesse prestes a mudar.

— Talvez eu só precise de uma nota de coragem.

Nesse momento, uma voz surgiu atrás delas:

— O que seria isso? Uma peça nova?

As duas se viraram. Era André, colega de turma, aluno de composição. Tinha cabelo encaracolado, óculos redondos e uma pasta sempre cheia de manuscritos.

— É minha música...— disse Clara, encolhendo um pouco os ombros. — Não gostou?

André se sentou ao lado delas, ajeitando os fones no pescoço.

— Eu amei. Que poético. Isso é... isso é incrível, Clara. De verdade. Me deu até ideia de melodia. Você sabe que isso tem alma, né?

Clara corou, sem saber o que responder.

Cecília a cutucou com o cotovelo.

— Sabia que você ia conseguir, amiga.

— Obrigada... — disse Clara, com a voz baixa. — Ainda tô processando.

André sorriu.

— E essa peça tem nome?

Clara hesitou.

— "Entre Canções e Silêncios."

André assentiu devagar, como se estivesse saboreando as palavras.

— Bonito. Parece nome de história de amor.

Cecília lançou um olhar para Clara. André ergueu a sobrancelha.

— É história de amor?

Clara respirou fundo.

— Será que eu tô ficando emocionada demais? — perguntou-te mesma

Clara tá no mundo da lua?

Quarto de Luna

Luna estava deitada na rede pendurada entre duas paredes descascadas do quarto. O violão descansava no chão, o celular na mão. Ela ouvia de novo o áudio que Clara tinha mandado — uma gravação simples, dela tocando um trecho de uma nova melodia e sussurrando no fim:

"Acho que isso pode virar parte da nossa música."

Luna suspirou, sorrindo sozinha, meio boba.

A porta do quarto se abriu devagar.

— Luna... olha só isso!

Nina, uma das colegas de república, artista visual, cabelo raspado de um lado e colorido do outro. Ela entrou com o notebook aberto na mão.

— O quê?

— Isso aqui. Tá rolando num grupo do Conservatório. Um vídeo seu e da Clara. Olha.

Ela mostrou o vídeo que alguém tinha gravado discretamente na estação: Clara e Luna tocando juntas, olhos fechados, respirando na mesma cadência. A legenda dizia:

"Tem coisa mais bonita que gente que se entende só com som?"

Luna se levantou, apoiando-se no cotovelo.

— Oh... é a Clara.

— Tá fomosinha ela, hein. — disse Nina, com um sorrisinho no canto. — Ela te beija e já tá virando viral acadêmico.

Luna riu, mas com um brilho nos olhos.

— Ela não faz ideia do tanto que brilha quando se permite.

Nina fechou o notebook e sentou-se no chão.

— Você gosta mesmo dela, né?

— Gosto. E não é aquela paixão que explode e some. É tipo... semente. Vai crescendo devagar. Mas firme.

Nina assentiu.

— Então cuida. Música bonita a gente não deixa morrer no silêncio.

Luna olhou para o teto. Depois para a janela.

E pensou:

"Tomara que ela também queira regar isso todo dia."

Se quiser, posso seguir a partir dessa cena com:

A repercussão do vídeo no Conservatório.

A reação de Clara ao saber que está "famosinha".

Uma conversa tensa com a mãe.

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