Onde Ela Não Está

Capítulo 4

Desde o dia do encontro inesperado, Alexios não era mais o mesmo.

As paredes da propriedade Drakos pareciam mais sufocantes. O ar, mais pesado. Os salões, mais silenciosos. Mas o que mais lhe pesava… era o nome. O nome dela.

Thalía.

Como se aquela palavra tivesse sido gravada a ferro em sua memória. Um nome simples, mas com peso de trovão.

No dia seguinte, sem dizer muito ao pai, Alexios voltou a Kymi. Disfarçou o interesse com assuntos administrativos: checar a posição da estrada, conversar com moradores, supervisionar trabalhadores.

Mas na verdade, buscava por ela.

Passou por ruas estreitas, casas de pedra, olhos curiosos e olhares desviados. Parou em bancas, fingiu interesse por colheitas, perguntou por “uma jovem camponesa, de olhos fortes, que colhe ervas”.

Ninguém soube dizer.

Ou talvez soubessem… e escolhessem calar.

Porque Thalía estava lá.

Sempre esteve.

Escondida entre sombras, atrás de árvores, dentro das trilhas que conhecia desde criança. Observava cada passo de Alexios com o coração apertado e os olhos atentos.

Ele era um Drakos.

E Drakos não vinham a Kymi sem um motivo perigoso.

Mesmo que seu olhar naquele dia tivesse sido diferente. Mesmo que sua voz não tivesse sido arrogante.

Ela não podia se iludir.

Não podia esquecer que sua aldeia já sofrera demais por conta da família dele.

Do alto de uma colina, entre arbustos, ela o observou conversar com uma senhora que vendia leite. Depois com um ferreiro, depois com duas crianças. Ele andava sem guarda, sorria de verdade.

Parecia perdido.

Parecia… humano.

E isso a irritava mais ainda.

— Não me confunda, Alexios Drakos — ela sussurrou para si mesma. — Eu sei o que você é.

Mas mesmo dizendo isso, algo dentro dela começava a ceder.

Uma parte silenciosa, que não tinha voz, mas tinha batidas.

Batidas que ficavam mais fortes cada vez que ele passava.

---

Naquela noite, Thalía voltou para casa com o rosto sério.

— Você está pálida — disse a avó, mexendo um tacho de chá. — Viu algo que não gostou?

— Vi alguém — respondeu.

— Ele te olhou diferente?

— Sim…

Mas não sei se era por bem ou por curiosidade.

A avó riu, rouca.

— Homens ricos não olham por bem. Eles olham o que querem tomar.

Thalía ficou em silêncio. Queria acreditar nisso. Precisava acreditar.

Mas não conseguia esquecer o momento em que Alexios sorriu, sem arrogância, como se ele também estivesse tentando se encontrar naquele lugar esquecido.

---

Enquanto isso, na tenda provisória onde Alexios se instalara perto da estrada em construção, ele se revirava na cama de palha. A imagem dela vinha em lampejos: os olhos escuros, a voz firme, o lenço no cabelo.

Aquela mulher havia desafiado seu mundo inteiro com uma frase.

E agora… sumira como fumaça.

— Quem é você, Thalía? — murmurou para o teto.

Ele não sabia que ela estava perto.

Não sabia que, do lado de fora, entre as árvores, ela o vigiava em silêncio.

Ela sabia cada passo que ele dava.

Sabia onde dormia, onde parava, e até a hora em que suspirava olhando para o céu.

Porque Thalía também estava presa naquele laço invisível.

E embora seu dever fosse proteger sua aldeia, seu coração começava a proteger algo mais…

Algo que ela não sabia se era certo, mas que já era impossível de ignorar.

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E o amor crescia… sem toque, sem palavra, sem permissão.

Como erva daninha.

Como semente lançada pelo vento.

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