O Salão das Rosas estava impecável.
Candelabros franceses lançavam um brilho quente sobre a mesa longa de madeira escura. Pratos de porcelana inglesa repousavam sobre jogos americanos bordados à mão. No centro, arranjos de flores vermelhas e brancas — as cores da união entre os Valença e os Montenegro de Bragança.
Catarina desceu os últimos degraus da escada interna como quem pisa no palco de uma peça cuidadosamente ensaiada. Sabia exatamente o que cada olhar esperava dela: controle, graça e uma leveza que escondia o peso do que estava por vir.
Thomás já estava lá, encostado junto à lareira, com uma taça de vinho em mãos e a sombra do fogo dançando sobre seu rosto. Ele a observou por alguns segundos sem sorrir — como se analisasse não apenas a imagem, mas as intenções por trás dela.
— Está linda — disse, por fim.
Catarina parou diante dele e ergueu uma sobrancelha.
— E você, previsível. Mas elegante.
Ele sorriu de lado. Um sorriso que dizia mais do que qualquer cumprimento.
Os convidados começaram a entrar. Empresários, acionistas, embaixadores discretos e algumas figuras da velha aristocracia portuguesa. Os pais de ambos comandavam o ambiente como dois maestros de uma orquestra invisível.
O jantar seguiu com perfeição. Entradas sofisticadas, risos suaves, conversas de aparências. Mas havia uma tensão suspensa no ar — como se algo estivesse prestes a acontecer.
E então, após a sobremesa, veio o momento que todos aguardavam.
O Sr. Alberto Valença se levantou com uma taça de champanhe na mão.
— Senhores e senhoras, brindamos hoje não apenas a uma fusão empresarial. Brindamos ao futuro. À continuidade de duas linhagens que, unidas, se tornam inquebráveis.
Os aplausos soaram contidos. Educados.
Mas o que veio em seguida não estava no script.
— E para selar esse futuro, temos o prazer de anunciar algo ainda mais especial: o compromisso entre Catarina e Thomás. Um noivado oficial. Uma união não apenas de negócios, mas de sangue. De nome.
Silêncio.
O tipo de silêncio que não se impõe — ele caí.
O olhar de Catarina se ergueu, lento, para encontrar o de Thomás. Ambos estavam parados. Perfeitos. E completamente traídos.
— Vocês sabiam disso? — sussurrou ela, entre dentes, enquanto sorria para os convidados.
— Eu não. — respondeu ele, baixo, com um olhar que dizia tudo: isso muda o jogo.
Catarina ergueu sua taça. Não por tradição.
Mas por orgulho.
— Ao futuro. — disse, com a voz firme, enquanto seu coração batia como se fosse explodir contra as pérolas do vestido.
Naquela noite, houve brindes, aplausos e juras feitas em voz alta.
Mas o verdadeiro acordo foi selado em silêncio — entre dois olhares.
E algo dentro de Catarina começava a se romper.
Não pela ideia de casamento.
Mas por finalmente entender o quanto estava sendo usada.
E, talvez, o quanto pretendia reagir.
Personagem Principal
Nome completo: Thomás Albuquerque Montenegro de Bragança
Thomás aos 27 anos tem 1,88 de altura, postura ereta e gestos precisos, como quem foi treinado desde criança para dominar uma sala sem levantar a voz. Seu corpo é atlético, porém discreto — mais moldado por esgrima, equitação e natação do que por academia. Nada nele é exagerado, e isso o torna ainda mais irresistível.
Os cabelos são negros e espessos, sempre penteados com elegância displicente, como se tivessem sido arrumados por acaso — embora tudo nele seja meticulosamente calculado. Às vezes, alguns fios caem sobre a testa, especialmente quando está frustrado, ou pensativo.
Seus olhos são azul-marinho, quase negros à sombra, mas intensamente azuis quando banhados pela luz. São penetrantes, observadores e sempre guardam mais do que revelam — como se ele estivesse ouvindo o que você não disse.
A pele é clara, mas com um leve bronze sutil de quem passou verões nos vinhedos europeus. A barba é sempre bem feita, mantida em um contorno leve e elegante, reforçando o maxilar firme e o queixo marcado.
Seus traços faciais são definidos: nariz reto, sobrancelhas expressivas e lábios bem desenhados, que raramente sorriem por completo — mas quando o fazem, causam efeito. Há algo perigoso na beleza de Thomás, como se você devesse admirá-lo… mas não se aproximar demais.
O perfume que usa é discreto, amadeirado com notas de couro e especiarias — memorável sem ser invasivo. Um aroma que permanece no ar mesmo depois de sua partida.
Nos trajes, Thomás é impecável: ternos sob medida da Savile Row, relógio suíço herdado do avô, abotoaduras personalizadas e sapatos sempre engraxados. Nada reluzente — tudo refinado.
Ele não é o tipo que chama atenção quando entra.
É o tipo que você sente antes de vê-lo.
E que continua ocupando espaço mesmo quando já saiu da sala.
Resumo do próximo capítulo
Após o jantar, Catarina confronta seus pais na biblioteca, exigindo explicações sobre o noivado anunciado sem seu consentimento. Enquanto isso, Thomás também questiona sua família — mas com uma abordagem mais fria e estratégica. Ambos percebem que estão sendo usados como peças para salvar a aliança entre os impérios familiares.
Mais tarde, os dois se reencontram — sozinhos — na antiga Sala dos Espelhos, um lugar que frequentavam quando crianças. A conversa começa carregada de ironia e orgulho, mas logo se transforma em algo mais íntimo e perigoso. Palavras afiadas, verdades veladas… e o primeiro toque que ameaça romper a distância que eles mesmos criaram.
Nos bastidores, um documento antigo é descoberto por Thomás — algo relacionado a uma cláusula do passado que pode anular toda a fusão… ou destruí-los se for revelado.
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Atualizado até capítulo 34
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