O coração de Cristal batia descompassadamente enquanto ela se esgueirava pelos corredores luxuosos da mansão, cada sombra parecendo esconder um perigo. A liberdade, por mais precária que fosse, infundia-lhe uma nova adrenalina. Ela alcançou uma das imponentes escadarias, o mármore frio sob seus pés, e começou a descer, guiada apenas pela esperança de encontrar uma saída. O som distante de vozes a fez congelar. Homens. A busca havia começado. Ela se enfiou às pressas atrás de uma enorme cortina de veludo, o tecido pesado abafando sua respiração.
Lá em cima, no escritório, Brad percebeu a ausência de Cristal de forma abrupta, como um soco no estômago. A porta da cela estava aberta. Um rugido de fúria escapou de sua garganta. Ahmet, que havia lhe falado sobre a inocência da "moça do café", encolheu-se. "Ela fugiu?! Encontrem-na! Agora! Quero cada canto desta mansão vasculhado. Ela não pode ter ido longe." Sua voz trovejou, mais intensa do que nunca. O pânico de perdê-la, misturado à fúria pela insolência da fuga, era um veneno. Ele não queria perdê-la. Não agora, quando a dúvida e a atração estavam tão presentes. O inferno prometido não havia nem começado de verdade, e ela já tentava escapar.
A mansão se transformou em um ninho de vespas agitadas. Passos apressados, vozes roucas e o latido distante de cães de guarda ecoavam pelos vastos salões. Cristal ouvia a caçada se intensificando. Ela sabia que não conseguiria sair dali sem ser vista. Um plano precisava surgir, e rápido. Ela espiou por entre as cortinas. O hall de entrada estava cheio de homens, as portas principais, vigiadas. Não havia rota de fuga.
Foi então que seus olhos percorreram o ambiente, buscando um refúgio temporário, qualquer lugar para se esconder. Sua visão pousou em uma das portas mais próximas ao escritório de Brad, uma porta imponente e escura que ela sabia ser a entrada para os aposentos privados dele. Uma ideia louca, perigosa, mas talvez a única chance. Ninguém esperaria que ela fosse se esconder no covil do lobo.
Respirando fundo, Cristal moveu-se com agilidade felina, abrindo a porta silenciosamente e entrando no quarto de Brad. Era um espaço imenso, dominado por tons escuros e a aura inconfundível do homem. A cama king-size, com lençóis de seda escuros, ocupava o centro. Um cheiro de charuto, amadeirado e masculino, impregnava o ar. Ela se escondeu rapidamente atrás de um biombo decorativo, o coração batendo descontroladamente.
Horas se passaram na mais tensa espera. Cristal ouvia a agitação diminuir gradualmente na mansão. A busca se afastara. Quando a porta do quarto de Brad se abriu, ela prendeu a respiração. Ele entrou, sua figura alta e imponente silhuetada contra a luz do corredor. A raiva em seu rosto havia sido substituída por uma exaustão sombria. Ele caminhou até uma mesa de bebidas, serviu-se de um copo de uísque e virou-o de uma vez só.
Cristal esperou, imóvel. Ela ouviu o som de suas roupas sendo tiradas, a água caindo no banheiro. Ele estava lá, tão perto. Quando Brad saiu do banheiro, envolto apenas em uma toalha na cintura, Cristal sabia que o tempo estava se esgotando. Ele se jogou na cama, com um suspiro pesado, o corpo tenso.
O dia seguinte trouxe a inevitabilidade. Brad se levantou, mas não saiu do quarto imediatamente. Ele sentou-se na poltrona perto da janela, o olhar distante. Cristal sabia que não podia mais se esconder. Ela revelou sua presença, saindo de trás do biombo. Brad a viu, e a surpresa, por um breve instante, passou por seus olhos, rapidamente substituída por uma fúria controlada.
Ele se levantou, caminhando lentamente em sua direção, os olhos fixos nos dela. "Eu sabia que você não iria longe, Cristal", ele disse, a voz baixa, mas carregada de uma promessa perigosa. "Corajosa, mas imprudente. Você realmente acha que pode me enganar?" Ele parou a poucos centímetros dela, seu corpo emanando calor. "Você não vai a lugar nenhum." Seus dedos roçaram seu queixo, erguendo seu rosto para encará-lo. "A partir de agora, você não estará mais na 'cela dourada'. Estará aqui. Sob meus olhos. Constantemente. É o meu novo disfarce para vigiar você, Cristal. Para garantir que eu a quebre, e que eu encontre a verdade. Este quarto é agora a sua nova prisão. E eu, o seu carcereiro pessoal." Um sorriso sombrio, quase um brilho de possessividade, apareceu em seus lábios enquanto ele a puxava, não com agressividade, mas com uma determinação fria, para mais perto. Ela estava presa, não apenas na mansão, mas agora, no espaço íntimo de seu algoz.
Cristal empurrou as mãos dele de seu queixo, a indignação borbulhando em seu peito, sobrepondo-se ao medo. "Eu não vou ficar neste quarto com você!", ela declarou, a voz alta e firme, apesar do tremor incontrolável em suas mãos. "Eu não sou sua prisioneira, muito menos seu brinquedo para ser exibido e observado!" Ela deu um passo para trás, tentando criar distância, mas Brad a segurou pelo braço, seus dedos apertando com força, um aviso silencioso. "Eu sou inocente! Seu irmão..."
"Cale-se", Brad rosnou, a paciência esgotada, a voz como um trovão que a fez encolher. Seus olhos se tornaram fendas escuras, e antes que Cristal pudesse pronunciar mais uma palavra, ele a puxou abruptamente, a distância entre eles desaparecendo. A boca dele desceu sobre a dela em um beijo brutal e dominador, roubando-lhe o ar e silenciando qualquer protesto. Não havia ternura, apenas possessão e fúria, uma forma selvagem de calá-la. Cristal debateu-se, suas mãos batendo em seu peito, mas ele a segurava firmemente, apertando-a contra seu corpo musculoso, a força esmagadora dele impedindo qualquer movimento. O sabor da raiva dele, misturado à sua própria impotência e a uma faísca inegável e aterrorizante de algo que ela se recusava a sentir, preencheu sua boca. Quando ele finalmente se afastou, seus lábios estavam vermelhos e inchados, e seus olhos fixos nos dela, ainda ardendo com a mesma intensidade perigosa. "Você está aqui, Cristal", ele sibilou, a voz rouca, "e você fará o que eu digo. Cada movimento seu será meu. Cada respiração. Você não tem escolha."
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Atualizado até capítulo 56
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