Herança de Sangue

Herança de Sangue

1-capitulo

 

 Mansão dos Amaral

os jardins impecáveis da Mansão dos Amaral, onde palmeiras balançam suavemente com o vento da manhã. A fachada neoclássica da casa brilha sob o sol, imponente, silenciosa, como se escondesse algo.

Na janela do segundo andar, envolta por cortinas de linho branco, surge Helena Amaral, uma mulher de meia-idade, elegante, com cabelos castanhos ondulados e olhos profundos marcados pelo tempo — e por histórias não contadas. Usa um robe de seda azul-marinho, e segura uma taça de vinho branco, apesar de ainda ser manhã.

Seus olhos não piscam.

Ela observa, com uma mistura de orgulho, melancolia e inquietação, o jovem que nada na piscina lá embaixo — Lucas, seu filho , Ele tem cerca de 22 anos, porte atlético, cabelos molhados escorrendo pelo rosto. Nada com vigor, em silêncio, como se o movimento fosse um refúgio. Usa apenas uma sunga preta, o corpo dourado pelo sol, perfeito como uma estátua viva.

Helena sussurra para si mesma: — "Ele nunca vai saber... nunca pode saber..."

o rosto dela, endurecido por um segredo, e o corpo livre e despreocupado de Lucas. O contraste entre os dois mundos é intenso.

*************************

Local: Escritório da Mansão Amaral

_ Lucas sai da piscina, agora devidamente vestido, vai em direção ao escritório conversar com a sua mãe, que está-lhe aguardando.

 

(Lucas entra no escritório. Helena assina documentos, cercada por plantas de projeto e mapas. Ele observa o ambiente em silêncio por alguns segundos.)

LUCAS:

Todo esse projeto do Ribeirão…

Você já esteve lá pessoalmente?

HELENA (sem levantar os olhos):

Não preciso. Temos relatórios. Tudo regularizado.

É uma área com potencial para expansão e retorno rápido.

LUCAS (se aproxima devagar):

Mas é uma comunidade, mãe. Tem casas, tem gente.

Não é só uma “área”.

HELENA (ergue o olhar, firme):

São ocupações irregulares.

A maioria sem escritura.

Você sabe como funciona. É legal. E é rentável.

LUCAS:

Até onde sei , meu pai fez doação daquelas , por que a senhora insiste nesse processo , desista mãe , era desejo de meu pai .

HELENA (fecha a caneta com firmeza):

Você está repetindo esse discurso a semanas, não vou desistir de nada , eu quero essa terras , não aceito essa doação.

LUCAS:

Ou talvez eu só esteja começando a me perguntar que tipo de legado a gente está construindo.

E quem vai ter que sustentar isso no futuro.

(Pausa. Helena observa o filho. Ele está calmo, mas firme.)

HELENA:

Você cresceu nessa empresa, Lucas.

Você viu como seu pai fez para manter tudo de pé.

Poder exige decisões difíceis.

LUCAS:

Então quer dizer que calar pessoas, apagar histórias e derrubar casas… é o preço?

HELENA (fria):

É o jogo.

LUCAS:

E se alguém um dia resolver não jogar?

HELENA:

Esse alguém vai perder tudo.

(Pausa longa. Ele respira fundo. Já tem dúvida no coração.)

LUCAS:

Ou talvez… ganhe algo que a gente nunca teve.

Paz.

(Ele sai, deixando Helena sozinha com os mapas e o peso do passado.)

*************

Local: Varanda da Mansão – fim de tarde. O céu começa a ficar dourado.

Personagens: Lucas e Isabela (irmã).

 

(Lucas está sentado no muro da varanda, olhando para o horizonte. Isabela chega com uma taça de vinho, descalça, descontraída.)

ISABELA (oferece a taça):

Quer?

LUCAS (aceita, mas sem sorrir):

Obrigado.

ISABELA (se senta ao lado):

Tá calado demais. Isso é raro.

Problemas com o espelho da academia?

LUCAS (sorri de leve):

Tô pensando nas terras do Ribeirão , porque nossa mãe não aceita essa doação do papai antes de morrer naquele acidente.

(Isabela ergue uma sobrancelha, surpresa.)

ISABELA:

Desde quando você pensa nisso?

LUCAS:

Desde que vi o mapa hoje cedo.

E comecei a pensar… quem é que mora lá. Quem vai ser tirado de lá.

ISABELA (dá um gole, mais irônica):

Ué. Gente simples, invasores.

A maioria sem registro. Nada que o jurídico não resolva.

LUCAS:

Você já foi lá?

ISABELA:

Claro que não.

E nem você.

LUCAS:

Pois é.

Talvez seja esse o problema. A gente assina sobre lugares que a gente nunca pisou.

Decide o destino de gente que nunca olhou no olho.

ISABELA (encara o irmão, muda):

Você tá diferente.

LUCAS:

Tô tentando ser honesto comigo.

Só me pergunto se isso cabe dentro do que esperam de um “Amaral”.

ISABELA (mais séria agora):

Olha… eu não sei o que tá te incomodando exatamente.

Mas se você quiser mudar tudo isso… vai ter que comprar uma briga feia.

LUCAS:

Talvez eu precise.

ISABELA:

E vai ficar sozinho.

LUCAS:

Você vai me deixar sozinho?

ISABELA (olha pra frente, sem responder de imediato):

Eu… ainda não sei.

(Pausa. O silêncio entre eles diz muito.)

LUCAS:

O que a gente chama de progresso… às vezes é só um nome bonito pra destruição.

*******************

_ comunidade Ribeirão.

Local: Interior do carro de Lucas – fim de tarde. Estrada em direção ao Ribeirão.

Lucas. (Voz em off – pensamentos)

o carro de luxo cortando uma estrada de terra vermelha, ladeada por vegetação nativa. A cidade já ficou para trás. A música do rádio toca baixinho. Lucas dirige, com o braço fora da janela, o vento batendo no rosto.)

Voz de Lucas em off (pensamento):

> “Quantos contratos eu já assinei sem olhar duas vezes?

Quantas pessoas perderam o lugar onde viviam… enquanto eu ganhava o direito de chamá-las de ‘projeto’?”

> “Será que o nome Amaral pesa mesmo no mundo...

...ou só pesa em mim?”

suas mãos no volante — tensas. O relógio caro no pulso contrasta com a estrada de terra irregular.)

> “Meu pai dizia que quem hesita… perde o negócio.

Mas e quem não hesita… perde o quê?”

(O carro passa por uma ponte de madeira estreita. Lucas diminui. Olha o rio embaixo.)

> “Será que é aqui que termina o que eu era…

…e começa o que eu preciso ser?”

(Lucas respira fundo. A estrada termina numa porteira de madeira simples. Ele para. Desce devagar. O som dos pássaros é alto. O silêncio do campo… é outro.)

ele olhando para a casa simples ao longe — a casa de CLARA . Pela primeira vez, ele não parece o herdeiro da cidade, mas um homem comum, diante do desconhecido.)

****************

(Lucas estaciona o carro próximo à cerca de madeira. Desce devagar, limpando as mãos nos jeans. O sol se deita no horizonte. Ao longe, CLARA recolhe roupas do varal, de costas para ele. O som do vento e dos pássaros domina a cena.)

LUCAS (voz firme, mas cuidadosa):

Com licença?

(Clara se vira, surpresa. Seus olhos castanhos encontram os dele — por um momento, tudo silencia. Ela mantém a compostura, segura, mas atenta.)

CLARA:

Boa tarde.

Veio procurar alguém?

LUCAS (dá um passo adiante, sem invadir o espaço):

Acho que sim.

Meu nome é Lucas… Lucas Amaral.

(Clara ergue as sobrancelhas. Seca as mãos no pano de prato que carrega.)

CLARA:

Amaral?

Sua mãe mandou funcionários da fundação , chegaram ontem ,dizendo que querem medir a terra?

LUCAS (suspira, sincero):

O mesmo.

Mas… eu não vim como empresário. Nem como herdeiro.

Só… como alguém que quer entender.

CLARA (mais firme):

Entender o quê?

LUCAS:

O que a gente tá prestes a destruir.

(Clara o encara por alguns segundos, tentando decifrar se é encenação ou verdade. Ela caminha até o portão e o abre, sem sorrir.)

CLARA:

Então entra.

Mas aqui, a gente pisa com cuidado.

O chão tem raiz.

LUCAS (com um leve sorriso de respeito):

Aprendi a andar descalço... mas faz tempo que não pratico.

(Clara o guia com o olhar. Ele atravessa o portão. Dona Celeste, ao fundo, aparece na varanda. Observa tudo — silenciosa, mas com olhos que enxergam longe.)

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