Capítulo 4 – Nem Todos São Inimigos.

Manhã no Acampamento Improvisado

O sol da manhã mal aquece o chão úmido da mata, coberto por névoa e orvalho. A família Tamendê forma um círculo ao redor de Neyla, a sobrevivente da família Cassenet da noite passada. Exausta, com olheiras profundas, Neyla mantém os olhos atentos, apesar dos olhares desconfiados e hostis ao seu redor. Zefalla, sentada num galho caído, cruza os braços, encarando-a com cautela. Lugue, com seu corvo espelhado familiar sobre os ombros, observa em silêncio. Linkhin e Sazenac cochicham, cutucando um ao outro. Karuara entra na floresta a procura de algo que ele acabou ver, mas antes de ir, ele avisa os outros.

Sazenac, com seus olhos negros brilhando de curiosidade, dá um passo à frente.

Sazenac (curioso):

“Você vai ficar aqui com a gente?”

O grupo silencia. Neyla hesita, olhando ao redor. Antes que ela responda, Prize bufa, virando o rosto.

Prize (sarcástica):

“Vai depender de quem manda... e spoiler: não é você, Saz.”

Billeyn estala os dedos, levantando a mão com um sorriso debochado.

Billeyn:

“Na real, quem manda mesmo ainda é a véia. O Nahgar tá só na fila de espera.”

Todos se viram quando Nahgar surge da beira da mata, com uma expressão séria, mas contida. Ele encara Neyla brevemente e entra na tenda improvisada onde sua mãe repousa.

Cena Interna – Tenda da Mãe

A mãe, pálida, mas com olhos atentos, ergue o olhar para Nahgar.

Mãe (fraca, mas firme):

“Chegou mais alguém?”

Nahgar:

“Sim. Uma garota chamada Neyla. Sobreviveu sozinha a noite toda, de acordo com ela... pelo visto é esperta.”

Mãe:

“Qual a idade dela?”

Nahgar:

“Ela parece ter quase a mesma da Prize.”

Ela respira fundo, fechando os olhos por um momento, como se avaliasse a situação. Então, fala com determinação e calma.

Mãe:

“Deixe. Mas avise: a partir do momento que ela pisa nesse acampamento... ela é uma Tamendê. Se falhar com isso, a floresta vai julgar por nós.”

Nahgar assente e sai em seguida.

Cena externa – Retorno ao Grupo

Nahgar volta, encarado por todos em silêncio.

Nahgar (direto):

“Ela vai ficar.”

Zefalla (séria):

“Você confia?”

Nahgar:

“Não. Mas a mãe disse que ela merece uma chance. E aqui... isso vale mais que qualquer voto nosso.”

Linkhin e Sazenac pulam, animados. Prize revira os olhos. Lugue olha diretamente para Neyla, falando algo para ela pela primeira vez.

Lugue (calmo):

“Se precisar de ajuda, é só chamar. Mas não mente. Nunca. Tá bom?”

Neyla sorri, aliviada, mas nervosa, sentindo o peso de sua nova posição. Um drone invisível passa entre as nuvens, indicando que alguém, em algum lugar, observa os Tamendê, sem que eles saibam.

Começo de tarde no Acampamento – O ataque inesperado contra os Tamendê

Neyla se levanta, os olhos marejados de alívio.

Neyla:

“Então... eu posso ficar com vocês?”

Zefalla sorri levemente, Yague a observa com curiosidade, e Sazenac corre até ela, estendendo a mão.

Sazenac:

“Eba! Agora a gente tem uma irmã nova!”

De repente... um som agudo, como vento cortando aço, atravessa o acampamento. O tempo parece congelar. Um traço de luz vermelha corta o ar, e Neyla, ainda sorrindo, cai. Sua cabeça se divide por milímetros, e seu corpo desaba, sem dor ou aviso.

Sazenac (gritando):

“PRIZE, ELA TÁ DORMINDO?!”

Prize arregala os olhos, Billeyn engasga, e Sazenac fica paralisado, a mão ainda esticada. Nahgar se levanta num salto.

Nahgar:

“…Tiro de energia. Silencioso. Alguém de classe alta.”

Billeyn (rosnando):

“Eles tão testando a gente…”

Nahgar:

“Não. Eles tão lembrando que isso aqui é uma guerra.”

Prize se ajoelha ao lado de Neyla, sussurrando.

Prize:

“Foi por segundos… Ela nem viu oque a atingiu.”

Cercados na Mata

Karuara surge correndo entre os arbustos, sujo e ofegante.

Karuara (gritando):

“GENTE! ELES TÃO VINDO!”

Nahgar:

“Quantos?”

Karuara:

“Uma família inteira! Classe alta! O filho mais velho me atacou com um feixe! Ele...!”

Karuara para assustado ao ver o corpo de Neyla no chão, morta.

O chão treme com passos sincronizados. Billeyn arregala os olhos.

Billeyn:

“Isso são... réplicas!”

Lugue (sussurrando):

“Eles estão nos cercando.”

Dezenas de cópias idênticas de um garoto da classe alta, com o mesmo sorriso frio e lâminas de luz sólida, emergem das árvores. No topo de uma pedra, o original observa com superioridade.

Filho Mais Velho (o original):

“Não precisa correr... Só estamos aqui pra garantir que a escória não fuja da purificação.”

Chermy segura seus fios, Prize ergue a espada, Zefalla prepara suas borboletas elétricas, Nahgar posiciona as mãos para combate, com suas garras crescendo em seus dedos, e Billeyn começa a concentrar energia em sua capa.

Nahgar (rosnando):

“Vocês escolheram o alvo errado…”

Filho mais velho da família inimiga:

"Ah! É? Vamos ver o que acontece então..."

O cerco se fecha, e a batalha... agora está prestes a começar.

Fim do Capítulo 4

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