A chegada de Gabriel

Enquanto Laura encarava o vestido vermelho em suas mãos, uma mistura de desejo, medo e adrenalina explodia dentro dela. A presença de Enzo era sufocante, intensa, como se tudo ao redor desaparecesse quando ele estava perto.

Mas, a poucos quilômetros dali, uma história diferente começava.

O relógio marcava 6h da manhã no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O céu ainda estava pintado em tons de cinza e laranja quando um avião vindo de São Paulo pousou. Entre os passageiros que desembarcavam, estava Gabriel Almeida.

Alto, moreno, olhos verdes, que contrastavam com a pele dourada pelo sol. Barba bem feita, sorriso fácil, mas olhar sério. Vestia calça jeans escura, jaqueta de couro preta, camiseta branca justa no peito atlético e, discretamente, uma arma presa na cintura, sob a jaqueta.

Ele era policial federal. E não estava ali a passeio.

Carregava uma missão clara: infiltrar-se e derrubar a maior organização criminosa do país. E essa organização tinha um nome que o fazia cerrar os punhos só de ouvir: Família Moretti.

Enquanto caminhava pela área de desembarque, seu telefone vibrou. Ele puxou o aparelho do bolso e atendeu.

— Fala. — a voz saiu seca.

Do outro lado da linha, uma voz feminina, profissional:

— Agente Gabriel, sua cobertura está garantida. O nome novo já está no sistema. A partir de agora, você é Gabriel Costa, empresário do ramo de investimentos.

Ele respirou fundo, olhando para o reflexo próprio no vidro da parede do aeroporto.

— Entendido. E a localização do alvo?

— Confirmada. O alvo principal, Enzo Moretti, está operando no Rio, movimentando dinheiro sujo através de construtoras e casas de apostas clandestinas. — respondeu a agente. — Seu primeiro ponto de contato é um bar na Zona Norte, chamado "Noite Sem Lei". Local frequentado pelos braços menores da organização.

Gabriel apertou o celular com força, como se quisesse esmagar a própria raiva.

— Entendido. Início da operação imediato. — desligou sem esperar mais.

Enquanto guardava o telefone, não pôde evitar lembrar de um arquivo que tinha lido na noite anterior. Nele, uma foto chamou sua atenção mais do que deveria. Não era de Enzo, nem de outro criminoso.

Era dela. Laura Silva.

A foto era de uma câmera de segurança do bar. Cabelos longos, pele morena, olhos que pareciam olhar direto pra alma. No relatório, ela aparecia como “possível informante”, embora nunca tivesse colaborado oficialmente.

"Talvez ela nem saiba que está no meio disso", pensou.

Mas uma coisa era certa: ela estava próxima demais do perigo. E ele não sabia se isso fazia dela uma vítima… ou uma ameaça.

🌙 Enquanto isso…

Na cobertura, Laura estava diante do espelho do banheiro. O vestido vermelho se ajustava ao corpo como se tivesse sido feito sob medida. A seda brilhava contra sua pele, valorizando cada curva. Nos pés, os saltos altíssimos completavam o visual que ela nunca imaginou usar.

Ela se olhou no espelho e quase não se reconheceu.

"Quem é essa mulher? Será que sou eu? Ou é só mais uma que vai se perder nesse mundo de promessas vazias?", pensou, mordendo o lábio inferior.

Quando abriu a porta do quarto, Enzo estava sentado no sofá, com uma taça de vinho na mão. Assim que a viu, seus olhos escureceram, percorrendo cada centímetro dela.

— Caralho... — murmurou, se levantando. — Você tá... — se aproximou, segurou o queixo dela — ... perfeita.

Laura desviou o olhar, desconfortável com a intensidade dele.

— Eu ainda não disse "sim". — lembrou, cruzando os braços.

Ele sorriu, passando o polegar no lábio inferior dela.

— Mas seu corpo já tá respondendo por você. — respondeu, olhando-a de cima a baixo. — Vem. Tem uma coisa que quero te mostrar.

Eles desceram juntos até a garagem. Enzo apertou um botão no controle e uma porta automática se abriu, revelando um cofre embutido na parede. Dentro, pilhas de dinheiro, maços de dólares, euros, reais. E armas. Muitas armas.

— Isso aqui... — apontou — ... é só uma fração do que eu controlo.

Laura olhou aquilo, o estômago embrulhado. Nunca tinha visto tanto dinheiro junto. Nunca.

— Tudo isso... é teu? — perguntou, surpresa.

Ele riu.

— É nosso. Se você quiser. — se aproximou dela, segurando pela cintura, puxando-a devagar, até encostar seus lábios no ouvido dela. — Você nunca mais vai precisar abaixar a cabeça pra ninguém, Laura. Ninguém.

Ela fechou os olhos, sentindo o cheiro dele, o toque dele. E, por um segundo, pensou em ceder. Em esquecer do mundo. Do certo e do errado.

Mas, antes que qualquer coisa acontecesse... o celular dele vibrou.

Ele olhou a tela. Seu rosto endureceu.

— Droga. — disse, apertando os olhos.

— O que foi? — ela perguntou, desconfiada.

Ele respirou fundo, jogou a cabeça pra trás e soltou um suspiro pesado.

— Tem alguém novo na cidade. — respondeu, encarando a tela. — E parece que tá querendo se meter onde não deve.

Laura franziu a testa, sem entender.

E, do outro lado da cidade, sentado no carro alugado, Gabriel observava o bar "Noite Sem Lei" de longe, com os olhos atentos, o coração acelerado e um único pensamento:

"Hora de entrar no jogo."

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