Era estranho se tornar consciente de uma pessoa que era do convívio, mas antes passava completamente despercebida.
Quando deixou Gwen em casa, recebeu um beijo na bochecha e ela saiu correndo para a casa dela. Foi algo muito romântico e clichê depois de tudo que desabafou com ela e do filme de terror que viveram juntos com aquele demônio querendo tocar terror.
A casa dela era duas ruas antes da dele. Poderia ter dado carona da escola há tempos se soubesse disso, ficava no caminho. Agora estavam no último ano do colegial e logo iriam para universidades e outros mundos.
Ele viu uma mulher a recebendo em casa. Devia ser a mãe dela, que mirou o carro desconfiada, mas fez um aceno de gratidão para quem trouxe sua filha, mas puxou Gwen para dentro da casa como se estivesse brigando. Thomas acenou de volta, mesmo assim, para se mostrar educado.
E agora, por exemplo, quando Gwen chegou na sala naquela manhã e se sentou, ele notou que ela se arrumou mais para a aula de literatura deles, com um vestido bonito e preto de veludo que ia até abaixo das coxas grossas e macias. Mas notou só agora o padrão que ela sempre se arrumava mais provocante nas aulas de literatura mesmo.
Botas de cano longo. As formas dela destacadas no vestido e espartilho. Meia-calça com desenhos de caveiras.
A maquiagem focada mais nos olhos sombrios com delineado, sombra e os lábios sem batom evidente, mas só tão sensuais. O gosto deles era veneno e antídoto ao mesmo tempo. Doce e amargo. Dor e prazer.
Um colar choker e um que descia até o decote dos seios. Ele estremeceu. Queria sufocá-la com eles e meter enquanto ela chorava.
Nem notou que estava com o pescoço virado a mirando tanto, até sentir a bola de basquete de brinquedo quicando na cabeça e se virar furioso para quem jogou, porque caiu bem onde seu couro cabeludo estava ferido.
— Ela é bem linda, mesmo sendo gordinha. Daria uma modelo plus size como dizem. Mas o lance do gótico... não sei... se ela usasse algo mais alegre e menos maquiagem Cleópatra má, e mais princesa da Disney... ficaria ainda mais fofa, padrão e adorável. — Ele escutou Ian comentando. — As tatuagens também não ajudam. Que tipo de pessoa tatua o pescoço. Deve doer... Tem que ser muito masoquista.
Thomas sentiu o sangue ferver de repente de Ian ter notado a fofura dela também e ter intuído a tendência masoquista pela tatuagem de escorpião no pescoço.
Ian, sem ler a expressão ameaçadora do amigo, continuou brincando com a bolinha de basquete em miniatura, a jogando na mesa de Thomas e a aparando de volta.
Então, Ian soltou:
— Cê vacilou com a Williams ontem na festa, mano. A garota tem o lance dela de tirar o tarô. Todo mundo queria ir na mesa dela, até eu. O povo gosta. Devia pedir desculpas por derrubar a mesa dela daquela forma, você teve sorte que ela não mandou te tirarem da festa depois do quão rude e explosivo você foi.
Ian era o garoto que sentava ao lado de Thomas e era co-capitão do time de basquete. Era amigo, por isso, tinha liberdade de dizer coisas como:
— Aliás, cê sumiu depois. Ficou de porre em algum lugar porque viu a Samantha com o fodido do Aeron? Supera essa mina, mano. Ela te superou fácil.
— É, eu deveria pedir desculpas à Gwen. — Acatou Thomas ao conselho de Ian, surpreendendo o rapaz negro.
— Finalmente um pouco de juízo nessa sua cabeça dura. — Soltou Ian impressionado.
Thomas resmungou:
— E eu não fiquei de porre, nem de sofrência, só fui para casa, idiota. Só estava sem paciência para a festa.
— Saquei. Não ficou de sofrência e sumiu da festa do nada com a Gwen Williams. — Soltou Ian, avaliativo. Thomas não se ligou na insinuação. Mas Ian tinha visto ele saindo com a Gwen. E o notou mirando a Gwen agora, soube ligar os pontos. — É que o jeito que se cê virou a mesa da pobre... Você parecia meio alterado. Devia mesmo se desculpar e falar com ela. Pagar algo da cantina para se desculpar e a chamar para sentar com a gente no almoço. — Incentivou Ian.
— Soa uma boa ideia. — Concordou Thomas.
Ian deu uma risada irônica sem Thomas ver.
— Entendi, então chama ela para sentar com a gente. Ninguém vai te encher por isso. Ela é linda também, não o padrão Barbie da Sam... Mas muitos meninos do time já quiseram a chamar para sair, mas têm medo dela e da mãe dela. — Comentou Ian.
— Por que tem medo da mãe dela? — Thomas ficou muito curioso agora.
— A mãe dela é conhecida como a médica dos milagres. Mas ninguém nunca viu elas na igreja e bem... Comentam que a avó da Williams era benzedeira e curandeira. Essas coisas. Aí, dizem que são bruxas. A Williams não ajuda na impressão e a mãe dela também não. A mãe dela mora com outra mulher.— Relatou Ian. — Você não sabia mesmo disso?
— Não sabia. — Respondeu Thomas vagamente.
— Mas se ela sentar conosco e você apresentá-la... Esse tipo de fofoca se esquece fácil. — Acalentou Ian suave e sútil, dando tapinhas de incentivar no ombro de Thomas.— A dar popularidade seria um ótimo pedido de desculpas e todos esqueceriam o evento micoso da festa de Halloween.
O professor Jason Aimos chegou na sala. A bolsa estilo carteiro preta, óculos, rosto de nerd, magro e alto. Thomas o mediu. Uma camisa de botões preta, arregaçada até os cotovelos, calça social e sapatos italianos bem lustrados. Desengonçado. Thomas se perguntou o que diabos a gostosa da Gwen viu naquele cara patético.
Thomas notou pela primeira vez a troca de olhares entre Gwen e Jason. Como ela deu um pulinho fofo na cadeira de empolgação. Era algo muito discreto, e o professor correspondeu com um meneio de cabeça de “oi” e um curvar de lábios. Algo que sempre acontecia, mas agora a diferença é que Thomas estava ciente.
Uma raiva surgiu de repente dentro de Thomas, uma explosão, mesmo que ela dissesse que o professor nunca tocou nela. Algo incompreensível rugiu dentro dele. Haviam conversado tantas coisas, e agora ela ficava empolgada só por ver aquele professor nojento e tarado que se fingia de bom, só porque esperaria ela se formar na escola. Ah, ele conhecia homens como o tipo dele. Que se fingiam de íntegros, mas ainda davam esperança a uma aluna.
Foi um sentimento de repulsa tão forte que o fez socar a mesa. Isso desviou o olhar de Gwen de Jason e a fez se voltar para Thomas com uma expressão acuada e de olhos arregalados. Encurralada como um coelhinha assustada. Thomas ofegou e gostou da expressão dela por alguma razão.
— Algum problema, Thomas? — Exigiu o professor.
— Nada não. — Respondeu o garoto, forçando um riso. — Só vi uma mosca nojenta rondando minha mesa e bati sem querer. Odeio que invadam meu território, professor. Desculpe o alarde desnecessário.
— Certo. A aula não começou oficialmente. Que não se repita ou te mando para a direção. — Avisou Jason, olhando acima dos óculos.
Thomas se levantou com a bile na garganta e foi até a mesa da Gwen sem pensar. As duas mãos na mesa dela. Parou na frente dela, que se mantinha sentada e com o livro de poemas de Byron na mesa.
Thomas falou em alto e bom som:
— Será que a gente pode conversar lá fora, rapidinho, Williams? Eu sinto que te devo um pedido de desculpas por ontem e queria falar algo contigo antes do sinal tocar e da aula começar.
— Faltam só cinco minutos. — O professor Jason se meteu. — Fale o que tem para falar aqui, Thomas, e pare de atrapalhar a Gwen.
Thomas fingiu que não ouviu.
— Você vem ou não, Gwen? — Perguntou Thomas com o brilho perigoso nos olhos que fazia o coração de Gwen bater mais forte por gostar do perigo.
— Vou... claro. — Ela respondeu enfeitiçada. Thomas gostou do modo que ela o estudou de cima abaixo e mordeu os lábios. Mas aí ela olhou por trás de Thomas para o professor e isso irritou o garoto na frente dela. — Vai ser rapidinho, senhor Aimos. Já a gente volta.
Gwen estudou Thomas, confusa, por notar a expressão fechada dele, porque já estava tudo resolvido entre eles, mas concordou com um meneio de cabeça, se levantando e o seguindo sob o olhar surpreso de muitos.
Os amigos de Thomas aprovaram a atitude e ficaram surpresos, mas não debocharam. Ninguém tinha abertamente nada contra a Gwen e Thomas foi mesmo um idiota, ela era só a menina que se vestia de forma alternativa da turma e uma menina mais cheinha. E eles gostavam de brincar de tirar cartas com ela.
Thomas notou o olhar contrariado de Jason com um leve franzir de sobrancelhas, que denunciava que não gostou, que como professor se estabelecia na mesa dele com os livros, apagadores, pincéis... mas mantinha a vigília sobre Gwen. Thomas passou o braço pelo pescoço de Gwen de forma reivindicativa e cheirou o pescoço dela.
Viu o maxilar de Jason travar, um semicerrado de dentes. Iam saindo quando Samantha ia entrando com Aeron na sala.
Foi um momento que seria estranho para Thomas antes, causaria vergonha, vontade de morrer, ver Samantha entrando acompanhada de Aeron.
Ainda doía um pouco, mas agora estava milhões de vezes mais irritado e enojado com o olhar de um professor para uma aluna, Gwen tendo o enfeitiçado ou não, do que pela ex dele traidora.
Thomas continuou guiando Gwen para fora da sala sob o olhar surpreso de Samantha e Aeron. Aeron que deu uma risadinha debochada como se dissesse sem palavras para Sam, que se mantinha séria: “Ele te trocou por isso?” Mas não havia deboche em Samantha. Só preocupação por Gwen e pelo que sabia de Thomas.
Gwen e Thomas caminharam juntos pelos corredores com alguns alunos zanzando. 1,55m dela versus os 1,90m dele. Andaram perto, mas distantes em suas mentes, e alguns olhares estavam sobre eles. Thomas não se importou, caminhava com a mão nos bolso, e a mão do braço que passou ao redor do pescoço dela, acariciava a tatuagem de serpente da garota um tanto sombrio. Ele a guiou até um lugar no ginásio que alguns meninos levavam garotas para se pegar, que era como uma despensa e onde ficavam as bolas.
Abriu a porta, a jogando lá dentro e contra a parede a beijou cheio de frustração, empurrando a porta com o pé até se fechar.
— O que foi? Você parece irritado... Eu fiz algo, ..
— Não fez. — Constatou Thomas, sorrindo para soar menos assustador. — Só queria uma desculpa para ficarmos a sós e darmos uns pegas. Vamos ser amigos coloridos não vamos? E brincar um pouco de BDSM. Você disse isso...
Ele notou um rubor nas bochechas dela, mas ela assentiu com a cabeça.
Passou os braços fortes na cintura da moça e deixou os dentes irem ao pingente do decote. Gwen estremeceu.
Os dedos dele se agarraram no cabelo curto dela, a reivindicando de repente, e movendo a boca contra a dela sem chance de escapar, com o pingente do segundo cordão ainda na boca, partilhando de saliva e com o metal pesando entre as línguas numa doce dor.
As mãos ao redor das coxas dela, apertando sem medir força, subindo a barra do vestido e expondo o começo da meia calça de caveiras e da calcinha preta de renda.
Ela passou os braços pelo pescoço dele e ele a tirou do chão, a apoiando contra a parede e com as pernas ao redor da cintura dele. Se roçando nela. Segurou os braços dela acima da cabeça enquanto descia o vestido e mamava os seios com mamilos roseoa.
— Seu mestre deve comprar um colar para você colocar no seu pescoço para o ter na sua pele e no meio dos seus seios? Quer isso... hm... — Thomas começou a falar o que queria... — Como devo marcar sua pele... Me aceitou como mestre... Como devemos selar isso? Quer o colar com minha inicial?
— Hunrum, se isso te agradar, mestre, eu aceito seu presente e usarei com prazer.. — Soltou manhosa.
Ele lambeu a tatuagem de escorpião e beliscou o mamilo dela. A garota colapsou. Ele achou ela linda.
— Vou comprar então. — Avisou mordiscando o escorpião no pescoço dela, a vendo gemer e se entregar. — Me chama de mestre e diz que quer que eu te coma aqui e antes da aula. — Mordiscou a orelha dela dominante. — Você quer... eu te faço gozar bem gostoso agora... — Provocou, mordendo o lábio inferior dela.
— Mestre... por favor... se for do seu agrado... me come e me deixa gozar! — Pediu Gwen no ouvido dele, submissa.
Thomas estremeceu inteiro, rendido. Tremeu todo. Era melhor do que ele pensava com alguém que realmente curtia e não se obrigava.
Acariciou o rosto dela repleto de gratidão muda. Queria agradecer por ela gostar também, mas, ao mesmo tempo, não queria perder a pose de mestre e só a punir. Contudo, havia gentileza pela amizade e, em contraponto, vontade de experimentar tudo que estava guardado dentro dele ao mesmo tempo. Emoção genuína e tesão e fetiches sombrios a serem explorados.
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Atualizado até capítulo 34
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