Semelhante reconhece semelhante

O estacionamento tinha vários carros em movimento nos cantos escuros. Bem, o carro dele era um Honda Civic branco, mas de segunda mão. Ele abriu a porta do carro para Gwen, e ela o fitou com um sorriso debochado.

— Nossa! Que cavalheiro. — Deixou escapar com um curvar de lábios maldoso.

— Ah, só para. Se for pra debochar assim, não faço mais essa gentileza pra você. — Ameaçou Thomas, constrangido, e coçou o pescoço.

— Não está mais aqui quem falou. — Retorquiu ela, rindo abertamente e mostrando as mãos em sinal de rendição.

— Haha, muito engraçadinha você, hein...

Não era comum garotas o deixarem constrangido, era mais o contrário. Não era pra meninas gostarem disso? De que os rapazes fossem educados? Mas ela parecia ler as ações dele intuitivamente.

Contudo, curioso, ele quis realmente saber:

— É educado ou não?

— Sim, é. Claro que é. Obrigada. Só zoando contigo. Valeu! — Gwen soltou, agora corada.

A luz do poste do estacionamento enfatizou o rosado que ele gostou de ver nas bochechas dela, por só assim ter notado a ter desarmado um pouco, porque ela era muito brincalhona e debochada e era difícil captar o que ela sentia realmente.

Então, ela entrou no carro ainda sorrindo silenciosamente. Já ele foi para o lado do motorista e entrou também. O carro tinha um cheiro de aromatizante de lavanda. Um painel com som e um ar-condicionado. Apesar de usado, era bem cuidado. Tinha sido do pai de Thomas antes.

— Eu só acho engraçado te provocar. Só isso. — Justificou ela, de repente, quando um silêncio tenso pairou entre eles.

— Posso saber por qual razão, senhorita?

— Você fica bonitinho quando tá estressado. Igual quando joga basquete e tenta acertar a cesta... É fofo o modo que franze a testa e seu olhar fica perdido, como o de um cachorrinho que caiu da mudança ou alguém que encara as questões mais difíceis de álgebra na prova.

Ele ainda não tinha ligado o carro e deixou o rosto virar-se para ela, negando com a cabeça e rindo do jeito que ela falou tudo isso. Como se o observasse. Ela que era meiga, mesmo tentando parecer sombria. Ela não era nada sombria. Era como um chocolate que queria parecer amargo, mas era doce ao paladar.

De novo num lugar apertado com ela. O estacionamento quase vazio e com carros se movendo em atos que eles sabiam o que deveriam ser. O colar quase como uma coleira no pescoço macio e alvo. Pensamentos perversos de corrompê-la e marcar a pele dela como as tatuagens que ela tinha. O que era estranho, a ideia de corromper, já que ela lidava com demônios, e ele viu isso em primeira mão. Mas era um outro tipo de corrupção. Carne, dor, mestre... Dono da carne dela, prazer e dor. Eram jovens pra isso?

— Você faz magia de sedução? — Perguntou ele de repente, tentando entender o que era que acontecia com ele. Porque com ela, o monstro que tentava esconder vinha com tanta frequência à superfície.

— Conheço uns truques. — Afirmou, de novo o pegando desprevenido. — Mas só uso no nosso professor. Usar o tempo todo exigiria muita energia vital. Se acredita nessas coisas. — Explicou prática e colocando o cinto, antes que ele o usasse como desculpa.

Ele moveu a cabeça num “certo” um tanto vago. Mas então a puxou pelo colar, roubou um beijo dela e a puxou pelo cabelo.

— Eu sou mesmo bonitinho quando fico tentando acertar a cesta? Você já me notou tanto assim? — Rosnou contra os lábios dela, maldoso e impetuoso.

Ela se calou, surpresa.

— RESPONDA, GWEN! Se eu tentar te dar umas palmadas e brincar de sadomasoquismo um pouquinho com você... Ele vai me punir de novo? Você quer que eu te puna por dizer coisas que não gostei de ouvir? Quer que eu tire meu cinto, te sufoque com ele enquanto meto bem fundo em você e mordo seus mamilos, os mamando até tirar sangue?

— Ele só estava te testando, meu bem. — Respondeu ela, ofegante, sustentando o olhar dele sem medo e sem sair do carro. Ele respirou aliviado que ela não fugiu mesmo quando revelou seus pensamentos perversos. Ela engoliu em seco. A mão dele ainda no colar dela. — Gosto de esportes, gosto de basquete, e você é o melhor do time, tanto que é o capitão. Não tem como não te notar jogando, Thomas...

— Você quer... ser punida? Você me irritou. — Cheirou o cabelo dela, alucinado.

— Sim... — Falou com convicção e sem se abalar, mas trêmula de êxtase quando os dedos dele se fecharam no pescoço dela, e ele a sufocou. O brilho doentio no olhar dele era como as regiões inexploradas do oceano.

— Não tem medo de mim... — Perguntou provocante no ouvido dela, apertando... — Somos jovens... Mas me deixa ser seu mestre... Serei um bom mestre, se gosta também.

Se ele tivesse tocado a calcinha dela, a perceberia ensopada e como o ponto no meio das pernas dela pulsava.

— Sim, mestre...

— Me elogie mais... Me faça sentir especial...

— Você é bonito e se destaca... Sinceramente, mais bonito que o sem sal do Aeron... Que é terrível jogando. Só escolheram ele como capitão do time de futebol americano porque ele é rico. Quem não tem talento como você compra as pessoas, como ele. Já viu quantas vezes ele cai? É patético.

Ele soltou o pescoço dela, um som no pescoço dela, um rosnado quase como se pedisse consolo.

— Acha mesmo que sou melhor que ele ou só está dizendo pra me agradar? — Murmurou contra o pescoço dela, mordendo perigosamente a pele, pra deixar marca. — Então por que ela me traiu com ele? Por quê...

— Ele é bem mais rico que você. Acho que seja isso. — Respondeu honesta e suspirou, tentando avaliar se o deixaria com raiva. Mas o momento se foi. Ele voltou a pensar e a se conter. — É o único motivo que eu vejo. Você não é um atleta idiota, é um rapaz sensível, ou não teria interpretado tão bem Romeu na peça do professor de teatro. É inteligente, é gentil e não faz bullying com os outros alunos.

Ele gargalhou de tudo que ela disse.

— Eu não sou tão gentil, Gwen. — Explicou, rindo amargo. — As coisas feias que quero fazer com você. Que eu quis fazer com ela... Samantha tem medo do tipo de sexo violento que eu gosto. Ela viu os vídeos que eu assisto no meu notebook e ficou horrorizada. Tudo o que você disse é a fachada que eu uso pra que eles gostem de mim... Ela tem medo de mim... Você está errada sobre ser só sobre o dinheiro. Ela disse que eu a assustei. E que ele é doce com ela quando fazem amor... Não um monstro como eu. Foi por isso que terminamos. Eu sou um monstro. Foi por isso que até seu demônio me impediu de te foder. Semelhante reconhece semelhante.

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