Alguns meses depois...
Eu sabia. Maldito seja o meu instinto — ele nunca falha. Desde o momento em que aceitei aquele maldito contrato, algo dentro de mim gritava. Uma voz rouca, fria, sombria. Uma premonição cruel que rasgava minha paz, anunciando a chegada do caos. E ele veio… muito antes do esperado.
Estar comprometido com a herdeira da máfia mexicana não era apenas um movimento estratégico. Era uma sentença. Uma provocação ao submundo. Um estopim que inflamou toda podridão escondida entre os becos da criminalidade internacional. Mafiosos do leste, do oeste, de cada canto deste planeta corrompido pelo poder, sentiram-se traídos, ameaçados... humilhados. Porque quem foi escolhido para selar a aliança entre os Ferrari e os Martinez... fui eu.
Jean Ferrari.
Subchefe da Camorra.
O irmão do Don.
O maldito "felizardo" que agora carrega um alvo cravado nas costas.
Maldição. Que todos se explodam.
Eles acham que sorte é estar no centro de uma tempestade de ódio e inveja? Eles acham que é uma bênção ser jogado no meio do fogo cruzado por um acordo que nunca pedi para assinar? Estúpidos.
Eu não perdoo. Nunca perdoei. Não há redenção para quem ousa cruzar o caminho de um Ferrari. O sangue é cobrado com sangue. A dor é devolvida em dobro. E a morte... só vem quando eu decido.
— O cachorro já começou a cantar? Não podia fazer isso em outro lugar, Jean? A Verena vai surtar. — A voz de Anthony rompe o silêncio do autódromo. Seu tom é ácido, mas carregado de exaustão.
Verena vai me odiar por isso. Mas eu não tenho tempo pra gentilezas. O mundo está em guerra, e eu sou o primeiro na linha de tiro.
— Era o lugar mais perto. E eu não quis perder tempo. — respondo, seco. — Você resolve com sua mulher depois.
— Você tá maluco?! — ele se aproxima, o olhar irritado e tenso.
Viro-me com lentidão. Encaro o Don. O rei. Mas sou a sombra por trás da sua coroa, e ele sabe disso.
— Fala sério, Anthony... — resmunguei.— Preocupado com o chão sujo do templo da sua rainha?
— Eu amo minha esposa. E ela ama esse lugar. É sagrado pra ela. E além disso, ela tá uma bomba-relógio prestes a explodir. — ele esfrega o rosto, tenso. — Mantenha distância da rainha da máfia, irmão. Ela está levando o título a sério demais. Só quero que esse bebê nasça logo pra trazer minha Verena de volta.
Solto uma risada amarga.
Relembrando a nossa rebelde Verena.
— "Doce" Verena... essas palavras não combinam. — murmuro. — E se esse bebê é minha liberdade, que demore séculos pra nascer. Porque quando ele chegar... minha prisão começa.
Anthony apenas suspira, impaciente.
— Para com esse drama. Me leva até o infeliz.
Conduzi meu irmão até o galpão improvisado. O cheiro de sangue invade nossas narinas. O ar é denso, sufocante. Richard está pendurado pelas correntes, braços erguidos acima da cabeça, corpo exausto sustentado pelas pontas dos pés. O sangue escorre, manchando o chão. Seu rosto é um mosaico de dor: hematomas, cortes, olhos inchados.
Já me diverti bastante. Agora é hora do fim.
A única lâmpada balança sobre ele, lançando sombras macabras. Aproximo-me. Dois tapas secos.
— Acorda, miserável. Ainda não acabou.
Ele desperta, arfando. Os olhos se abrem com dificuldade. Ainda assim, ele sorri. Um sorriso torto, sangrento, debochado.
— O Diabo finalmente apareceu. — cospe sangue. — Eu estava esperando.
— Diga o que queremos saber e terá uma morte rápida. — Anthony fala com uma calma cortante. — Ou Jean vai te manter nesse inferno por dias.
— Vou morrer de qualquer jeito. — ele responde, a voz embargada pela dor. — Então, foda-se.
Puxo seus cabelos com força, obrigando-o a me encarar.
— Quem te mandou, Richard?! Quem armou essa merda de emboscada?!
Ele ri, cuspindo mais sangue.
— Eu não temo vocês... temo quem me comanda.
— Você não entendeu ainda. — sibilo, o veneno escorrendo em cada palavra. — Você mexeu com os Ferrari. Não existe misericórdia para isso.
Ele cospe mais uma vez. O sangue suja minha bota. Estendo a mão. Anthony entende.
O celular já está pronto. Riccardo deixou o vídeo no ponto. Dou play.
A imagem de um casal amarrado aparece. Chorando. Apavorado.
— Pai...? Mãe...? — ele gagueja, a voz tremendo de desespero.
— Sim. São eles. — confirmo. — Você tem dez segundos.
— Filhos da puta! Soltem os dois! — ele se contorce nas correntes.
— Coloca os dois na linha. — Anthony ordena.
A voz da mulher irrompe pelo viva-voz.
— Filho! Por favor! Diz o que eles querem! Nos tira daqui!
Ele chora. Mas não fala.
— Acabem com eles. — ordeno, a voz dura como pedra.
Bang. Bang.
— NÃÃÃO!!! — o grito dele ecoa como um trovão. Ele se debate, soluça, enlouquece.
Me aproximo. Seguro seu queixo com brutalidade.
— Você os matou. Com seu silêncio. Não eu. Você.
Anthony entrega o celular novamente.
— Seu filho ainda está vivo. — sussurro. — Mas isso pode mudar. Quem é seu chefe?
Ele levanta o rosto. Agora, não há medo. Só fúria.
— VOCÊS VÃO CAIR! A CAMORRA VAI SANGRAR! VAMOS TOMAR O MÉXICO! DOMINAR A DROGA! MATAR O DON! ACABAR COM A FAMÍLIA FERRARI!
Foi o bastante.
Anthony não hesita. Três tiros. Um. Dois. Três. Rápidos. Precisos. Fatais.
Silêncio.
Meu irmão guarda a arma, ainda ofegante. Seus olhos estão vermelhos de ódio. A guerra foi declarada.
— Acabou. — ele diz, com a voz pesada. — A guerra começou. E agora, Jean… você precisa se casar.
— Anthony...
Para vocês lembrarem meninas.
— Você vai assumir o seu lugar. Vai liderar como o novo Don da máfia mexicana. Vai proteger essa família comigo. Mesmo que tenha que banhar o mundo em sangue.
E naquele instante, soube: o tempo da fuga acabou. Agora é matar... ou morrer. E por essa família... eu não pouparei nem a minha alma.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Irene Saez Lage
Começou o Deus nos acuda o pega pra capar querendo ou não tem que casar
2025-06-06
2
Tania Cassia
não demora muito você vai estar de quatro por ela Jean
2025-06-11
0
Dulci Oliveira
não tem pra onde correr
2025-06-13
0