Já vi o céu se partir em sangue e a terra engolir promessas.
Mentiras… traições… pactos assinados com sangue quente e mãos sujas.
E eu? Fui jogada no meio desse campo minado chamada máfia mexicana com uma única missão: nascer, calar e obedecer.
Sou Isabelle Martinez. Filha única de Ruan Martinez, o homem que comanda as cinco famílias sob o título temido de El Señor de la Sangre.
Mas não me iludo. Ter seu sangue não me deu poder.
Apenas me transformou em uma peça de xadrez, sacrificável e ornamental, vestida de noiva para selar alianças que não são minhas.
O acordo maldito foi revelado meses atrás. Uma promessa antiga, selada entre meu pai e o velho Don da máfia italiana: unir herdeiros. Fundir impérios.
Minha mãe gritou, implorou, resistiu como uma leoa. Mas a palavra de um Don é lei. E ela foi silenciada — pela dor… e depois pela morte.
Achei que o acordo seria esquecido quando o filho mais velho dos italianos se casou com outra. Quis crer, por um breve suspiro, que eu estaria livre.
Mas liberdade é um luxo raro quando se nasce Martinez.
Foi então que colocaram Jean Ferrari no meu caminho. O subchefe. O braço direito do novo Don da Camorra. Um homem com olhos frios e coração de chumbo, enviado para me “reivindicar”.
Meu destino? Ser apagada. Ser doada. Ser substituída.
Porque para o mundo dos homens do meu pai, meu maior erro é ter nascido mulher.
Mas não sou fraca.
Sou filha da máfia.
E mesmo carregando esse maldito anel como coleira dourada, ainda sou uma bomba prestes a explodir.
— Vamos, fedelha. Seu pai te espera pra jantar. — A voz grave de Genaro me arranca dos pensamentos.
Ele é como uma pedra esculpida pela guerra. Alto, marcado, perigoso. Um leão em forma de homem… e, ainda assim, meu escudo mais fiel.
— Já deixei de ser fedelha faz tempo. Me viu crescer, Genaro. — rosno, irritada.
— E continuo vendo. Agora entra no carro. — Ele abre a porta de trás. O tom é seco, mas o olhar permanece protetor.
Entro. O motor ruge, e partimos.
No banco da frente, outro soldado vigia o horizonte, tenso, como se soubesse que algo está prestes a acontecer.
— E a distribuição da droga? Está fluindo? — pergunto, entediada.
— Não é da sua conta, Isabelle. — Genaro responde, sem nem me olhar.
— Claro que é. Se não tivessem me arrancado da faculdade por ameaças idiotas...
— Também não é da sua conta. Se preocupe com o seu casamento. — rebate, impaciente.
— O pirralho italiano ainda nem nasceu. Ainda tenho tempo para sabotar isso.
— Olha o que diz. Ele será o futuro Don. Seu sobrinho.
— Sobrinho dos infernos… Tenho nojo desse teatro. — cuspo, cruzando os braços.
— Aceite seu destino, garota. Você sempre soube que esse dia chegaria.
— E você sempre soube que eu nunca engoliria isso calada.
Mas então…
Tudo muda em um segundo.
O silêncio da noite é engolido por um ronco grave. Um zumbido de morte.
— Estamos sendo seguidos. Seis SUVs pretas. — o motorista avisa, gelado.
O mundo desacelera.
Como em câmera lenta, uma das SUVs acelera furiosamente pela lateral.
BOOOOOM!
O carro atrás de nós explode, iluminando o céu como fogos do inferno.
— MERDA! — gritei, jogando o corpo para frente.
— Pegue sua arma! — ruge Genaro, desmontando o painel e puxando uma metralhadora.
O som de tiros ecoa. Estilhaços de vidro voam como chuva de navalhas. O metal geme sob o impacto.
— Você está bem, fedelha?! — ele grita por cima do caos.
— Estou viva… mas quero sangue! — respondo, arfando.
A adrenalina queima nas veias. É como se minha alma acendesse.
— Porra, me passa a metralhadora, Genaro! — exijo com os olhos em chamas.
— Debaixo do banco. Faça valer a herança da sua mãe.
Levanto o assento com pressa. Meus dedos encontram o metal frio.
Ah… minha velha amiga.
A metralhadora militar. Pesada. Afiada. Letal.
— Lembra como funciona?
— Como se fosse parte de mim. — sussurrei, com os olhos incendiando.
— Então dança, menina.
Abro a janela. O vento entra como um sopro de guerra.
A estrada vira um campo de batalha.
Os SUVs disparam contra nós. O carro balança. O motorista grita de dor, com o braço sangrando.
— Isa, AGORA!
Aperto o gatilho.
O rugido da metralhadora preenche o mundo.
Balas dançam como serpentes de fogo.
Meus cabelos voam no caos. Meus olhos brilham como os de uma loba em fúria.
— VÃO TODOS PRO INFERNO! — urro, rindo como uma louca.
— Cuidado com a boca, garota. — Genaro resmunga.
Sério?! Em pleno inferno, ele se preocupa com palavrões?
Os SUVs se aproximam como predadores famintos. Mas eu sou a presa errada.
Explode o primeiro.
BOOOOOM!
Faíscas, fumaça, caos.
A segunda SUV tenta desviar, mas meu dedo é mais rápido.
— QUEIMEM, DESGRAÇADOS! — disparo de novo.
A terceira SUV gira no ar, capota e explode numa bola incandescente.
O céu vira vermelho.
O chão treme.
O sangue ferve.
— CARALHO, EU AMO ISSO! — berro, eufórica.
Genaro olha para mim com uma mistura de horror e orgulho.
— Você é mais louca que sua mãe…
E ele está certo.
Louca por justiça. Louca por vingança. Louca por liberdade.
Quando finalmente chegamos à mansão — o carro esburacado, chamuscado, ensanguentado — a fachada impecável dos Martinez parece zombar de nós.
Meu pai nos espera diante da escadaria, impassível como uma estátua.
Mas quando me vê… algo quebra.
Ruan Martinez, El Señor de la Sangre, empalidece.
— Pai… estou bem. Relaxa. Só um tiroteiozinho básico. — Desço o carro, debochando.
Mas ele não responde.
Avança, me envolve num abraço apertado. Forte. Quase desesperado.
Eu, enrijecida, não retribuo. Não sei como. Não sei se quero.
— A metralhadora, Isabelle? Não dava pra escolher uma menor? — ele murmura, com voz trêmula.
— Se fosse menor, eu estaria em um caixão agora. — digo, fria.
Ele fecha os olhos.
Respira fundo.
E quando abre… já não é mais meu pai que me encara.
É o Don.
O homem que vendeu minha vida por poder.
E agora... ele sabe.
Sabe que a filha que tentou calar…
Acaba de despertar o inferno.
Tiro, porrada e bomba. Nossa mafiosa não é mole não.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Dayane
eita amando a história, o primeiro livro tbm foi bom apesar que Verena sofreu bastante com o brutamonte
2025-06-07
3
Tania Cassia
nossa que mulher porreta kkkkk o Jean que se prepare mesmo gostei da Isa
2025-06-11
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Irene Saez Lage
Genteee a mulher é um furacão é só alegria e emoção
2025-06-06
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