Capítulo 4

NovelToon
.
Dante.
Dante.
— Você... tem coragem de entrar na minha casa cheirando assim? — Dante repetiu, se inclinando levemente para frente, como se desafiasse Elliot a responder com algo estúpido.
Elliot.
Elliot.
— Eu não vim por coragem, senhor. Vim por necessidade. — respondeu, a voz baixa, mas firme. Respeitosa, mas não submissa.
Mas Elliot não tremia. Não agora. Segurava Lorenzo firme contra o peito, como se aquele bebê fosse tudo o que ainda o mantinha inteiro.
Dante o encarou.
A maioria dos ômegas já estaria de joelhos, implorando. Elliot estava ali. De pé. Exausto, pálido, com olheiras profundas, mas... inteiro. Um olhar que misturava medo e instinto de sobrevivência. Ele tinha algo nos olhos que Dante não via fazia tempo: uma força silenciosa.
Dante.
Dante.
— Senta. — disse, apontando com o queixo para a cadeira à sua frente.
Elliot obedeceu, sem hesitar. Sentou-se com cuidado, ajustando Lorenzo no colo. O bebê resmungou, esfregando o rostinho contra o peito do ômega, e soltou um suspiro antes de adormecer de novo.
Dante observou cada detalhe.
Dante.
Dante.
— É seu? — perguntou, mesmo já sabendo a resposta. O cheiro dos dois... era inconfundível. Laço de sangue.
Elliot.
Elliot.
— É, senhor. Lorenzo. — respondeu Elliot, com um carinho involuntário na cabeça do bebê.
Lorenzo.
Lorenzo.
— Dormindo —
Dante.
Dante.
— Cadê o pai?
Silêncio. Elliot encarou Dante, sem mudar a expressão.
Elliot.
Elliot.
— Foi embora quando soube que eu tava grávido. — disse, simples. Sem drama. Sem lágrimas. Já tinha chorado o suficiente por isso.
NovelToon
Dante encostou as costas na poltrona, cruzou os braços e avaliou o ômega com mais calma. Tinha os cabelos bagunçados, um moletom fino e largo demais pro corpo magro. Estava visivelmente mal cuidado. Mas ainda assim... bonito. Com aquele tipo de beleza que não era feita pra ser exibida, mas descoberta.
Dante.
Dante.
— Você tem uma dívida. E não pagou. Isso, normalmente, custaria caro.
Elliot abaixou os olhos por um segundo, então se inclinou e abriu o zíper da bolsa do bebê. Tirou um envelope surrado e amassado, que segurava com os dedos trêmulos.
Elliot.
Elliot.
— Aqui tem mil e duzentos reais... são todas as minhas economias. Eu sei que não é nem a metade do que devo, mas é o que eu consegui guardar... entre fraldas, leite e aluguel atrasado.
Ele colocou o envelope sobre a mesa de centro, como se fosse um pedido de misericórdia disfarçado de pagamento.
Dante.
Dante.
— Dante ergueu uma sobrancelha. —
Dante.
Dante.
— Você está se oferecendo como moeda de troca? — perguntou, quase com sarcasmo.
Elliot apertou o envelope com mais força, como se as bordas amassadas fossem tudo o que ele tinha para segurar.
Elliot.
Elliot.
— Não é isso... — murmurou, com a voz um pouco trêmula. — Eu não tenho como pagar o que devo. Não tenho família, nem trabalho fixo. Eu só… achei que talvez, com isso, — ele indicou o envelope — o senhor visse que eu tô tentando. Que eu não tô fugindo.
Lorenzo se mexeu no colo dele, emitindo um resmungo sonolento. Elliot olhou imediatamente para o bebê, a mão deslizando com cuidado sobre as costas pequenas.
Elliot.
Elliot.
— Eu sei que o valor não cobre nem metade… Mas esse dinheiro é tudo que consegui juntar. Entre fome e fralda, eu guardei o que deu. Porque ele merece pelo menos um pouco de dignidade. E se pra isso eu tiver que engolir meu orgulho e vir aqui... então eu venho.
Dante permaneceu em silêncio por um instante, apenas observando.
Dante.
Dante.
— Você fala como se estivesse acostumado a se humilhar.
Elliot.
Elliot.
— Elliot respirou fundo. —
Elliot.
Elliot.
— Não. Eu falo como quem aprendeu a perder. Mas não a se entregar.
O olhar de Dante se fixou nele com mais intensidade. Um ômega que não se entregava... não era algo comum. Especialmente não ali. Especialmente com ele.
Um silêncio pesado caiu sobre o cômodo, e Elliot achou que aquele seria o momento em que seria mandado embora — ou eliminado.
Mas então Dante se virou devagar, andando em direção à lareira, os passos ecoando como uma sentença.
Dante.
Dante.
— Fique. Por enquanto. — disse por fim, sem sequer olhar para trás. — Mas lembre-se, Elliot... o abrigo que você quer pode muito bem se tornar sua prisão.
E Elliot soube, ali, que havia entrado num lugar onde as regras não eram feitas para serem justas — apenas obedecidas.
Mais populares

Comments

Mariah_off

Mariah_off

n sei pq me deu vontade d chorar lendo, tá pra sentir o medo do Eliot, diz q ele vai acabar feliz com um alfa q trata ele feito princeso? eu n aguento mais ver os pobes sofrendo, o elio é doce demais 😭

2025-06-11

0

Ver todos
Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!