Capítulo 2
O relógio da parede marcava 17h48 quando a primeira batida ecoou pela porta.
Tum. Tum. Tum.
Seca. Rígida. Sem pressa. Sem hesitação.
Elliot, que embalava Lorenzo no colo, congelou. O bebê dormia com a cabecinha apoiada no ombro do pai, o corpinho quente e pequeno encolhido contra o peito do ômega. Ele segurava o filho com as duas mãos, mas o coração parecia querer escapar pela garganta.
Tum. Tum. Tum.
Mais três batidas. Agora mais impacientes.
Elliot.
— Não pode ser agora... por favor... — Elliot sussurrou para si mesmo.
Foi até a janela com passos leves e cuidadosos. Espiou pela fresta da cortina.
Dois homens de preto. Parados na porta do apartamento. Não eram do prédio. Um mascava chiclete com arrogância. O outro tinha uma tatuagem escura que subia pelo pescoço e sumia na gola da camisa social.
Elliot conhecia aquele tipo. Eles não estavam ali por acaso.
Estavam ali por ele.
Com os braços ainda em volta de Lorenzo, ele caminhou até o sofá e deitou o bebê no colchão velho que usava como berço. O cobriu com uma manta fina e beijou a testa dele com delicadeza.
Elliot.
— Fica quietinho, tá? Mamãe já volta...
Caminhou até a porta, respirou fundo e girou a maçaneta com mãos trêmulas.
Capangas.
— Elliot Nunes? — perguntou o homem da tatuagem, a voz grossa, com um leve sotaque do leste da cidade.
Capangas.
— Tem uma dívida com a Família Morelli. R$3.400. Atrasada há sete meses.
Elliot.
— Eu sei. Mas... por favor, eu só preciso de mais um pouco de tempo. Só uma semana. Eu tô tentando... tô tentando conseguir o dinheiro. Juro por tudo que é mais sagrado. Eu só...
Capangas.
— Só nada, ômega. — o homem do chiclete falou pela primeira vez, rindo com deboche. — Você teve meses. Agora é tarde pra choramingar.
Elliot.
— Eu tenho um filho... só um bebê. Ele depende de mim. Não posso perder ele, não posso ir embora... por favor...
Capangas.
— Então paga. — respondeu o outro, simples. Frio. — Ou então... você vem com a gente. E o chefe decide o que fazer com você.
Elliot.
— Não... não, por favor! Ele não pode...
Capangas.
— Ele pode tudo. É o Dante Morelli.
Silêncio.
O nome pesou no ar como um veredito de morte. Elliot já tinha ouvido histórias sobre Dante. A maioria sussurradas entre vizinhos, outras escondidas em jornais que ninguém lia. Um alfa cruel, marcado por sangue e fama, dono de uma das redes criminosas mais poderosas do país. Ninguém falava com ele. Só implorava pra não ser visto.
Elliot.
— Eu faço qualquer coisa... por favor... só... não me levem ainda. Só mais alguns dias, eu consigo alguma coisa...
Os dois homens trocaram um olhar rápido.
Capangas.
— Você tem até amanhã. Uma van vai te buscar. Sem desculpas. Sem fuga. Se não estiver aqui... não garantimos que seu filho continue com você.
E com isso, viraram e foram embora.
Elliot fechou a porta com força e escorregou até o chão, os olhos marejados e as mãos cobrindo o rosto.
Elliot.
— Eu vou perder tudo... vou perder ele... meu bebê... — sussurrou, com a voz quebrada.
O choro de Lorenzo começou baixinho, como se sentisse a tensão na casa.
Elliot levantou e correu até o colchão.
Elliot.
— Shh, shh... tá tudo bem, meu amor. Tá tudo bem... — murmurou, embalando-o contra o peito.
Mas não estava.
Nada estava.
E no dia seguinte, ele saberia exatamente o que significa ter uma dívida com Dante Morelli.
Comments
Mariah_off
nossa, eu fiquei tão tensa lendo, acho q pq tem um bebê na história, fico com medo d matarem o neném 🤡
2025-06-11
0
boing fortificado
Já estou viciada, não pare😜
2025-06-05
0