Reencontro: tempo atual.

...Hayato...

Quando me cansei de voar em círculos, encontrei um refúgio temporário no topo de um prédio, sentando-me na beirada para observar as estrelas. Apesar de tudo, este mundo onde eu estava não era tão feio; acho que eu poderia me acostumar com ele.

O silêncio era confortável, quebrado apenas pelo som do vento frio batendo no meu rosto e me fazendo arrepiar. A cidade, iluminada pelas luzes artificiais, parecia um labirinto brilhante, mas algo no ar estava errado. Então, o silêncio foi interrompido por um som que gelou meu sangue: o bater de asas.

— Yato, é você? — disse uma voz atrás de mim, carregada de uma alegria perturbadora. — Finalmente, finalmente te encontrei.

Eu me levantei lentamente, meus músculos tensos, tentando reconhecer aquela voz que parecia emergir de um pesadelo.

— Você sabe quantas pessoas chamadas Hayato existem nesta cidade? Centenas, mas mesmo assim eu te encontrei. — A pessoa que falava parecia estar recuperando o fôlego, a respiração ofegante como se tivesse corrido milhas. — Parece que estamos mesmo destinados a ficar juntos, passarinho.

Meu coração parou. Passarinho? A única pessoa que me chamava assim era...

— Luke do clã Nie, é você? — perguntei, o medo envenenando minhas palavras, enquanto ainda mantinha minhas costas voltadas para ele.

— Por que você não vira e olha? Está com medo de mim? — Perguntou ele, soltando uma risada que fez minha pele arrepiar. — Eu procurei tanto por você, Yato... meu Yato.

Eu não podia deixá-lo ver minha aparência neste mundo. Se eu me virasse, meu plano de identidade secreta estaria arruinado.

Sem hesitar, me lancei do prédio, abrindo minhas asas e planando rapidamente. Mas Luke também saltou, seguindo-me com uma velocidade impressionante.

O desespero começou a tomar conta de mim. Ele era duas vezes mais rápido do que eu, e era apenas uma questão de tempo até que me alcançasse.

— Desista! Você não vai escapar! Eu não vim para esse maldito mundo para te perder de novo — gritava ele, cada palavra carregada de uma fúria sombria e uma obsessão perturbadora. Enquanto eu tentava me esquivar, voando entre os prédios, a sensação de ser caçado se intensificava.

Abaixei meu voo, tentando escapar pelas ruas lotadas. A cidade estava em plena atividade; carros buzinavam e as luzes das vitrines brilhavam, dificultando minha percepção do ambiente.

Luke estava a apenas um metro de mim quando uma voz ecoou, cortando o ar com urgência.

— Yato, abaixe-se! — Gritou uma figura, enquanto um ‘flash’ de luz disparava, atingindo Luke.

Ele colidiu violentamente com dois carros, que foram lançados para longe com o impacto. Uma explosão seguida de fogo e destroços iluminou a noite, enquanto eu, num reflexo rápido, voei para retirar um homem ferido de dentro de um dos carros, colocando-o em segurança a uma distância segura.

— Hayato, vai embora! — Gritou o homem que escondia o rosto, enquanto a cena ao redor se tornava caótica. Pessoas começaram a se aglomerar, tirando fotos com seus celulares.

Meu coração disparou ao olhar mais de perto para aquele homem.

Asas brancas.

Pose majestosa.

Ryuk?

— Obedeça-me, agora! — Ordenou ele, com uma voz irritada. Imediatamente, ouvi Luke gemer de dor. — Antes que ele se recupere...

Tampando meu rosto, voei para longe o mais rápido que consegui. Meu coração transbordava de emoção e alegria; eu não estava sozinho. Mas como eles conseguiram entrar neste mundo? A dúvida pulsava em minha mente, misturando-se com a euforia da descoberta.

Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos turbulentos, e avistei a janela aberta do meu apartamento. Voei em sua direção, com as asas batendo freneticamente, e agarrei-me ao parapeito da janela. Enquanto me puxava para dentro, minha asa esquerda esbarrou na moldura da janela, desequilibrando-me e fazendo-me despencar no chão do quarto.

— Ai! — Gemi, sentindo o impacto dolorido contra o chão frio.

Antes que eu pudesse me levantar, as luzes se acenderam repentinamente. Olhei para cima e vi minha mãe na porta, com cara de sono e um olhar de perplexidade.

— Eu sabia! — Disse ela, com um olhar paranoico. — Você está usando drogas, não é?

— Drogas? — Perguntei, ainda no chão, tentando processar a situação. O olhar dela não era nada amigável. Eu não sabia exatamente o que eram drogas, mas entendi que era algo ruim. — Não! Eu não faço isso.

— Então, por que saiu no meio da noite?

— Estava com calor — Improvisei rapidamente, tentando parecer convincente.

— Com calor? — Ela ergueu uma sobrancelha, cética. — E resolveu voar para se refrescar?

— Isso... ajuda a ventilar — Respondi, meio sem jeito.

— Ah, claro — Disse ela, com um olhar de quem não acreditava nem um pouco. — E essas asas? Desde quando você é fã de cosplay?

— É uma fantasia, mãe. — Não sabia se ela acreditaria, mas era minha melhor chance. — Para uma festa de fantasia.

Ela me olhou com uma expressão de inocência, mas ainda desconfiada.

— Você foi para uma festa de fantasia? E por que não me avisou? — Perguntou, irritada, puxando minha orelha.

— Porque eu... não queria te preocupar — Improvisei novamente, tentando parecer sincero.

— Para mim, confiança vale mais que tudo. — Ela olhou para a janela aberta. — Ei! Como você saiu pela janela se estamos no décimo sexto andar?

O silêncio ficou pesado.

— Ah, esqueça, eu não quero saber. Só não faça isso de novo, pode cair. — Ela me encarou, séria. — Filho, quero ter confiança em você. Sei que não sou a melhor mãe...

— Não, você é a melhor mãe que eu poderia ter — Falei, e a abracei novamente. Ela parecia emocionada.

— Obrigada, filhote. Eu amo muito você.

— Também amo, mãe — Respondi, e ela acariciou meu rosto.

Chamá-la de mãe era uma sensação tão boa... Ela logo se levantou, fechou a janela e caminhou até a porta.

— Boa noite. — Disse, saindo do meu quarto e apagando as luzes do corredor.

Logo tudo ficou em completo silêncio, um silêncio carregado de tensão e dúvida. Eu podia ouvir apenas minha própria respiração, ecoando no quarto escuro.

Respirei fundo, tentando encontrar alguma calma naquela turbulência de pensamentos. Mas era difícil, pois cada respiração parecia trazer à tona mais perguntas do que respostas.

Será que o Ryuk havia se machucado? E se Luke o tivesse ferido gravemente?

Parei de pensar, abraçando minha cabeça com as mãos, como se isso pudesse conter a enxurrada de preocupações que inundavam minha mente.

Eu precisava esfriar a cabeça, encontrar uma maneira de lidar com essa situação antes que ela consumisse minha sanidade por completo. Mas como? A resposta parecia mais distante que as estrelas no céu noturno.

Dirigi-me ao banheiro que ficava dentro do meu quarto. Era um tanto diferente. Estava acostumado a entrar na casa de banhos e ela já estar pronta me esperando. No entanto, agora era eu que deveria realizar esse ato.

Enchi a banheira e, segundos depois, senti a água quente sair de um cano. Aquilo era relaxante. Logo todo o banheiro estava repleto de vapor e eu me encontrava dentro dela.

Olhava para meu corpo, confuso; as marcas de batalhas estavam todas lá, mas esse não parecia ser eu. Era estranho.

Suspirei, fechando os olhos. Amanhã será um dia melhor.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

— Bom dia, Yatinho! — Exclamou minha mãe, marchando como um soldado para dentro do quarto e abrindo a janela. — Olha que dia lindo está hoje.

— Han? Não. — Murmurei sonolento, cobrindo minha cabeça, piscando os olhos repetidamente debaixo da coberta para me acostumar com a luz.

— Não é você quem decide, se arruma e desce para tomar café. — Ela falou, saindo do quarto enquanto eu resmungava.

— Chatice. — Resmunguei em um sussurro.

— Eu ouvi isso. — Gritou ela da cozinha, me fazendo rir e balançar a cabeça de um lado para o outro.

Em alguns minutos, estava pronto. Eu vestia o uniforme e meu cabelo estava penteado para trás, com apenas duas mechas caindo sobre a minha testa. "Lindo como sempre", pensei para mim mesmo enquanto me admirava no espelho, antes de me virar e sair do quarto.

Ao descer, fui recebido pelo aroma tentador de ovos com bacon sobre a mesa. O cheiro era mais do que bom, era maravilhoso.

Na TV, um canal de notícias estava passando. Eu sempre preferi jornais em papel, mas a curiosidade me fez prestar atenção.

"Então, Jornalista Mase, poderia nos dizer mais sobre os seres que causaram a destruição do centro de Tóquio nesta madrugada?", perguntava o apresentador.

Neste exato momento, cuspi todo o café que estava na minha boca na mesa. "Que diabos?", pensei, atordoado.

"É, Satoru, muitas pessoas estão se perguntando quem são e o que são esses seres", respondeu a jornalista. "Já disseram ser alienígenas, anjos do Senhor, e muitos estão gritando pela rua, afirmando que o fim está próximo."

O homem na tela deu uma risada leve, mas sinistra.

"Mas o que espanta mesmo é que em uma das gravações feitas por universitários que passavam por lá, mostra um homem com asas negras salvando o motorista do ônibus", continuou ela. "Eles não foram identificados, porém, tivemos um vislumbre de que um deles é estudante, e a escola já foi confirmada."

Minha mãe olhou-me assustada.

— Yato, pode começar a explicar. — Disse ela, irritada.

Droga.

 Continua...                                        

 

Oie, voltei, perdoe-me pela demora. O dispositivo que eu uso para escrever está dando problema.

Esse é o capítulo e espero que gostem.

Não esqueçam de deixar o gostei e o seu comentário... mesmo que nele você esteja gritando por socorro pelos meus erros de ortografia.

Obrigada mais uma vez e até a próxima queridos.

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Comments

Loka por Yaoi 🏳️‍🌈🏳️‍🌈

Loka por Yaoi 🏳️‍🌈🏳️‍🌈

Estou amando !!!!!!!😍😍😍😍😍

2021-04-10

2

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