O Amigo dos Meus Irmãos
O despertador tocou às 6h30 da manhã suspirei fundo, encarando o teto do meu quarto por alguns segundos antes de me levantar, primeiro dia de aula, segundo ano do ensino médio mesmo colégio, mesmas pessoas... mesma rotina.
Joguei as cobertas de lado e caminhei até o banheiro, prendi o cabelo em um coque desajeitado e liguei o chuveiro a água quente ajudou a espantar o sono, mas não a sensação de que tudo ia se repetir: colegas forçando amizade por causa dos meus irmãos, professores exigindo demais, e eu fingindo estar bem com tudo isso.
Saí do banho e segui com minha rotina: escovar os dentes, hidratante, cabelo solto e uniforme escolar nada de maquiagem, só um brilho labial e um rímel leve prático, rápido e o suficiente pra parecer viva às sete da manhã.
Desci as escadas já com a mochila pendurada no ombro, e como sempre, encontrei Lucas e Bruno na cozinha, os gêmeos estavam terminando de comer e discutindo sobre... nada importante como sempre.
— A gente vai te deixar na escola hoje, viu? — avisou Bruno, mastigando uma torrada.
— Eu sei, vocês me falam isso desde ontem — respondi, pegando uma maçã.
— A gente só insiste porque você vive querendo ir a pé sozinha — Lucas completou, erguendo uma sobrancelha.
— É só cinco quarteirões — murmurei, mas não discuti eles iriam de carro, e Breno com certeza estaria com eles, o trio inseparável.
Breno era... o Breno melhor amigo dos meus irmãos, praticamente mais um da família alto, olhos castanhos claros, sorriso fácil e aquele jeito carismático que fazia as garotas suspirarem, tradução ele é galinha igual meus irmãos, mas pra mim, ele era só o Breno o cara que sempre aparecia aqui em casa, que comia a comida do nosso armário como se fosse da casa dele, e que às vezes me irritava com piadas bobas demais pra um garoto do terceiro ano.
Quando saímos de casa, ele já estava encostado no carro, de braços cruzados e aquele ar preguiçoso de sempre.
— Até que enfim! — disse, abrindo a porta de trás pra mim. — Pensei que tivesse desistido de estudar esse ano.
— Ainda tô considerando — respondi, entrando.
Bruno e Lucas riram, e logo estávamos todos dentro do carro, rumo ao colégio, enquanto eles falavam sobre as matérias do último ano, vestibular e as "novas meninas" que talvez entrassem na escola, eu olhava pela janela.
Desejando, em silêncio, que esse ano fosse diferente, que alguém finalmente quisesse ser minha amiga porque gostasse de mim, e não porque queria se aproximar dos três garotos mais bonitos e populares da escola que, por azar ou castigo do universo, eram meus irmãos e o amigo deles.
Enquanto o carro seguia pelas ruas ainda meio vazias, Lucas olhou pelo retrovisor com aquela expressão de general em missão de guerra.
— Então é o seguinte: nada de garotos se aproximando de você hoje a gente vai ficar de olho.
— De novo essa história? — resmunguei, mordendo minha maçã.
— Claro, primeiro dia de aula é o campo ideal pra aqueles pervertidos ficarem de olho nas calouras e nas meninas mais novas — explicou Bruno, como se tivesse descoberto um segredo de Estado.
— Vocês sabem que uma hora eu vou ter que... sei lá... namorar, né? Tudo isso é para eu não ficar com alguém como vocês?
— Deus me livre — Lucas resmungou, fazendo uma careta.
— Sério, gente — insisti, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando pra eles. — Um dia eu vou namorar... e transar com alguém.
Foi nesse momento que Lucas quase bateu o carro.
— O quê?! — gritaram os dois ao mesmo tempo.
Bruno engasgou com o próprio café e Lucas deu uma freada brusca no sinal, o barulho do pneu chamou atenção de um ciclista na calçada, que quase caiu tentando desviar e, no banco de trás, Breno caiu na gargalhada.
— Vocês são ridículos — murmurei, revirando os olhos enquanto dava uma mordida nervosa na maçã, só pra não rir também.
— Você tem DEZESSETE anos, Alice! — Bruno falava alto, como se eu tivesse cometido um crime. — Deveria estar pensando em livros, filmes bobos e... e brigadeiro! Não em... em...
— Em transar? — provoquei, só pra vê-los surtando mais um pouco.
— Para de repetir essa palavra! — Lucas praticamente implorou. — Meu Deus, onde a gente errou?
— Relaxa, caras — disse Breno, ainda rindo. — A Alice só tá zoando vocês ou... tá?
Ele me lançou um olhar divertido, e eu respondi com um sorriso discreto e um levantar de ombros que continuassem achando que era brincadeira.
Quando finalmente chegamos à escola, o efeito foi imediato: todos os olhares se voltaram para nós, era sempre assim, Lucas, Bruno e Breno o trio parada dura da beleza, popularidade e arrogância e ali no meio do sanduíche.
— Odeio isso — murmurei, ajeitando a alça da mochila enquanto descia do carro. — Ser o centro das atenções por causa de vocês.
— Acostuma, baixinha — murmurou Breno ao meu ouvido, tão perto que sua respiração me causou um arrepio involuntário. — Ainda tem um ano inteiro disso pela frente.
Engoli em seco e fingi que não senti nada, ele era só o amigo dos meus irmãos.
Ainda estávamos cercados de olhares quando Lucas e Bruno pararam no meio do caminho uma garota loira provavelmente nova passou por nós e lançou um sorriso direto pros dois.
— Vocês viram isso? — Lucas murmurou, já olhando por cima do ombro.
— Irmão... acho que o nosso último ano vai ser interessante — Bruno completou, se aproximando da tal garota com o típico sorriso conquistador.
Revirei os olhos bastou uma piscada bonita e pronto: meus irmãos se esqueciam até de onde estavam indo.
— Vamos, Alice — disse Breno, me puxando levemente pelo braço. — Eu te levo até a sua sala.
— Claro, né? Já que meus “guardiões” estão ocupados — comentei, cruzando os braços.
Enquanto caminhávamos pelos corredores já cheios de alunos animados ou sonolentos, como eu , Breno passou o braço pelo meu pescoço, me puxando levemente contra ele como costumava fazer desde que eu era criança era um gesto comum, sem segundas intenções ou pelo menos, era o que eu achava... até aquele momento.
— Você tá diferente — ele disse de repente, me olhando de lado.
— Como assim? — perguntei, franzindo a testa. — O que mudou?
Ele engoliu em seco, como se não soubesse o que dizer e eu percebi, o jeito que ele desviou o olhar o silêncio estranho como se tivesse pensado alto e quisesse voltar no tempo.
— Nada... esquece — murmurou, soltando meu pescoço rápido demais. — Tá entregue, princesinha se cuida.
E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele saiu quase correndo, me deixando sozinha no corredor um sorriso involuntário escapou dos meus lábios.
Idiota.
Entrei na sala e caminhei até o fundo, como de costume o lugar estava meio vazio ainda, então escolhi uma carteira perto da janela, alguns alunos estavam conversando entre si, outros olhando o celular ninguém me reconheceu de imediato como “a garota que anda com o trio sensação", o que foi um alívio temporário.
— Oi, posso sentar aqui? — uma voz doce perguntou.
Olhei pro lado e vi uma garota com cabelos castanhos ondulados, olhos grandes e um sorriso sincero.
— Claro — respondi, com um leve aceno de cabeça.
Ela se sentou e ajeitou o material com calma.
— Meu nome é Gabriela, mas pode me chamar de Gabi ,Sou nova aqui… acabei de me mudar pra cidade.
— Alice — respondi, tentando parecer simpática. — Bem-vinda ao caos.
Ela riu era uma risada leve, sem falsidade diferente do que eu estava acostumada e, pela primeira vez em muito tempo, eu me perguntei se talvez… só talvez… eu tivesse encontrado alguém que quisesse ser minha amiga de verdade e não como muitas que só queriam ir para cama com os meninos.
Alice 17 anos
Breno 18 anos, melhor amigo dos irmãos de Alice
Lucas, 18 anos, irmão de Alice e gêmeo de Bruno
Bruno, 18 anos, irmão de Alice e gêmeo de Lucas
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Atualizado até capítulo 34
Comments
Isabella Oliveira
começando 27/06/25 19:23
2025-06-28
1
Simone Rodrigues
são lindos
2025-06-02
1
Hanaki233
infartei aqui kkkk
2025-05-31
1