cap 2 - ⋆˙၄၃

No dia seguinte, Ivan estava parado na frente da escola, segurando as alças da mochila com força. Seu corpo balançava levemente, de um pé para o outro, enquanto seus olhos varriam o portão, procurando uma única pessoa no meio da multidão que chegava.

Ele não costumava gostar daquele horário — muita gente, muitos sons, conversas altas, buzinas, passos apressados —, mas, por algum motivo, naquele dia, tudo parecia um pouco mais suportável. Talvez porque estivesse esperando por Max.

Ivan olhou para o relógio no pulso, conferindo se estava na hora certa. Estava, como sempre. Pontualidade fazia parte de sua rotina, e, internamente, ele esperava que Max também fosse.

Seus dedos tamborilaram na lateral da perna, um gesto automático quando estava ansioso. Seu cérebro já estava começando a criar cenários: E se Max não vier? E se ele mudar de ideia? E se ontem ele só estava sendo educado?

Ele balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Respirou fundo. Não. Max disse que entende. Disse que quer tentar. Max não mente pra mim.

E foi então que, no meio da confusão, ele viu.

Max vinha caminhando, mochila nas costas, sorrindo assim que seus olhos encontraram os de Ivan. Seus passos eram tranquilos, como se todo o movimento ao redor não existisse.

Ivan apertou ainda mais as alças da mochila, sentindo seu coração acelerar de um jeito estranho, meio desconfortável, meio... bom.

Max parou a poucos passos, respeitando aquela distância confortável que já parecia fazer parte do contrato silencioso entre eles.

— Bom dia. — Max disse, com aquele sorriso que fazia os olhos dele se apertarem.

— Bom dia... — Ivan respondeu, olhando fixamente para ele por alguns segundos antes de desviar o olhar para o chão. — Eu... eu tava te esperando... namorado. — disse, num tom baixo, quase como um sussurro, mas que chegou aos ouvidos de Max como um trovão no peito.

Max segurou a vontade de rir — não de deboche, mas de pura felicidade, de nervoso bom, daquele tipo que faz o peito parecer pequeno demais pra tanta coisa boa.

— Você... você tá me chamando assim de novo? — perguntou, sorrindo, passando a mão no cabelo, meio sem saber onde enfiar as próprias mãos.

Ivan assentiu, ainda olhando pro chão, chutando de leve uma pedrinha invisível.

— Sim... eu pensei... que se somos namorados... é assim que devo te chamar, certo? — levantou o olhar, direto nos olhos de Max. — Ou... você prefere que eu não chame?

Max sentiu o rosto corar na hora. Levou alguns segundos para responder, mas quando o fez, sua voz saiu mais doce do que imaginava ser capaz:

— Não... eu... eu gosto. — respondeu, mordendo de leve o lábio inferior. — Eu gosto muito, pra falar a verdade.

Ivan respirou fundo, seus ombros relaxaram, e, por um breve segundo, ele deu aquele meio sorriso tímido que Max já começava a reconhecer como sinal de felicidade genuína.

— Então... podemos... entrar juntos hoje? — Ivan perguntou, ajeitando a alça da mochila de novo, os olhos brilhando, apesar da expressão ainda serena.

— Podemos, sim. — respondeu Max, sorrindo, como se aquilo fosse a coisa mais simples e, ao mesmo tempo, mais especial do mundo. — E... acho que deveríamos fazer isso sempre.

E, lado a lado, respeitando o espaço, mas compartilhando uma conexão que nem precisava de toque para ser forte, eles entraram na escola, prontos pra descobrir, juntos, o que mais o mundo podia oferecer.

O sinal tocou, e as aulas da manhã passaram mais rápidas do que o normal — pelo menos para Max, que mal conseguia se concentrar direito. Seu pensamento escapava toda hora para Ivan, que, mesmo sentado algumas fileiras à frente, parecia estar tão focado quanto sempre.

Quando finalmente chegou o intervalo, Max pegou sua garrafa de água, levantou e, sem precisar combinar, sabia exatamente onde Ivan estaria.

No cantinho do pátio, onde havia um banco debaixo de uma árvore, meio afastado do barulho. Um lugar tranquilo, seguro, onde eles costumavam ficar juntos desde antes de tudo isso começar a mudar.

E lá estava ele. Ivan, sentado, balançando a perna no ritmo de alguma melodia interna, com uma caixinha de suco ao lado e os olhos atentos no livro que segurava.

Max se aproximou com passos suaves, sem fazer barulho. Parou a uma distância confortável e, sorrindo, falou com a voz baixa:

— Ei... namorado.

Ivan olhou pra ele na mesma hora, e, por um segundo, seus olhos se arregalaram. Depois, um sorriso pequeno, quase envergonhado, surgiu no canto da boca.

— Você... tá começando a gostar de me chamar assim também, né? — disse, ajeitando uma mecha de cabelo que caía no rosto.

Max riu, abaixando-se um pouco para ficar mais na altura dele, sem se sentar ainda.

— Talvez... — respondeu, mordendo o lábio, fingindo pensar. — Acho que... é meio impossível não gostar.

Ivan fechou o livro com cuidado, colocou ao lado e respirou fundo, olhando em volta, como quem verifica se não tem muita gente perto.

— Eu... trouxe algo. — disse, meio hesitante, abrindo sua mochila e puxando um saquinho pequeno, embrulhado em papel azul. — Eu fiz... pra você.

Max piscou, surpreso, olhando pro presente.

— Pra mim? O que é?

Ivan estendeu o saquinho, sem encostar, deixando em cima do banco, próximo de Max.

— É... um chaveiro. Eu fiz ontem, depois que cheguei em casa. — falou, olhando pro chão. — É... do nosso jeito.

Max pegou com cuidado, desembrulhou, e quase ficou sem ar quando viu. Era um chaveirinho feito de miçangas e linha, com duas estrelas pequenas, entrelaçadas, e um cordão azul — da mesma cor do moletom preferido de Ivan.

— Ivan... — Max sussurrou, segurando o chaveiro como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. — Isso é... incrível.

Ivan apertou as mãos no colo, claramente ansioso.

— Eu... pensei que... uma estrela é você... e a outra, sou eu. E... elas estão ligadas. Porque... agora estamos juntos, né?

Max sentiu os olhos arderem, segurando a emoção que veio de repente.

— Isso é... a coisa mais fofa e mais bonita que alguém já fez por mim. — falou, com a voz falhando um pouco. — De verdade, Ivan... muito obrigado.

Ivan desviou o olhar, encolhendo um pouco os ombros, mas sorrindo.

— Eu fico feliz que você gostou...

Max respirou fundo, segurando o chaveiro contra o peito.

— Eu adorei. E... prometo cuidar dele. Assim como eu quero cuidar de você... do nosso jeito, do nosso tempo.

Ivan olhou pra ele, mais sério agora, e assentiu lentamente.

— Do nosso jeito... sempre.

E ali, no banco debaixo da árvore, no meio de um pátio que parecia tão distante do mundo inteiro, eles compartilharam um momento que, sem precisar de toque, sem precisar de palavras grandes, era absolutamente perfeito.

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