Núpcias com o Inimigo
Yarin nunca foi boa com silêncio.
O que, convenhamos, tornava o fato de ter passado os últimos quatro anos em um convento um verdadeiro miLagre — ou uma punição divina mal calculada.
— Não foi blasfêmia. Foi só uma pergunta filosófica. — ela resmungava pela milésima vez, enquanto atravessava o jardim da clausura com a mala em uma mão e um sapo (literalmente) na outra.
— Irmã Yarin, você perguntou se Maria teria escolhido José mesmo se tivesse o Tinder! — reclamou a madre superiora, esbaforida, tentando acompanhar os passos largos da ex-noviça em exílio.
Yarin não olhou para trás. Preferia manter o pouco de dignidade que lhe restava depois do que chamaria de incidente do confessionário, que envolvia vinho, velas, e uma teoria questionável sobre as tentações de Santo Antônio.
— Eu só acho que a fé deve andar de mãos dadas com a lógica. E com um pouco de senso de humor! Deus criou o riso também, não criou?
A madre a abençoou com água benta. Duas vezes.
Yarin riu. Balançou a mala, colocou o sapo no bolso do casaco e disse um alegre "Até nunca mais!" antes de atravessar os portões com a alma leve e um futuro desconhecido pela frente.
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— Ela está atrasada — disse Leonardo, sem sequer erguer os olhos da pasta de documentos sobre a mesa de mármore da mansão Morelli.
— Ela é... peculiar — respondeu Dante Morelli, o patriarca, com um meio sorriso que dizia tudo e nada ao mesmo tempo.
— Peculiar é o eufemismo preferido de quem está escondendo um desastre.
— Ela vai ser sua esposa. Um pouco mais de diplomacia cairia bem, Leo.
O herdeiro não respondeu. Só virou a taça de vinho de uma vez, como se precisasse de coragem para enfrentar o destino. Quando o portão da frente bateu, ele ergueu os olhos. E então... o mundo fez silêncio.
Porque o furacão tinha nome.
E acabava de entrar pela porta da frente com uma mala rosa-choque na mão, um sapato na outra (o outro provavelmente perdido no caminho) e um hematoma roxo no joelho.
— Boa noite, família do meu noivo! — anunciou ela, com o sorriso de quem acabara de sair de um incêndio... que ela mesma causou.
Leonardo ficou de pé, rígido.
— Você é Yarin?
— Em carne, osso e dois boletins de ocorrência. Ah, e um sapo chamado Benedito. Ele é parte do pacote — disse ela, jogando a mala no chão com um estrondo e tropeçando no próprio pé.
— Meu Deus — murmurou Leonardo.
— Não. Só eu mesma. Mas entendo a confusão. Eu também fiquei chocada ao me ver no espelho hoje cedo. E você é o noivo gelado, certo?
Ele a olhou, como se cada célula do seu corpo gritasse por fuga. Mas Leonardo não recuava diante de inimigos. E Yarin… bom, Yarin era um campo minado usando batom coral e camiseta dos Ramones.
Ele estendeu a mão.
Ela a ignorou e o abraçou com força.
Leonardo congelou.
— Esse é o início de uma bela convivência forçada — ela sussurrou no ouvido dele, sorrindo largamente. — Ou da sua queda. Vai depender do seu senso de humor.
Yarin piscou.
Leonardo quis morrer.
O sapo coaxou.
E a paz dos Morelli acabou ali.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Bell Belmonte
eu já comecei rindo demais, estou gostando de Yarin
2025-07-16
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Vera Lucia Xavier
Diferente esse início, a mocinha vem com tudoooo
2025-07-15
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Ely Ana Canto
ameiiiiiii esse início, yarim é mais
2025-07-15
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