Capítulo 4

Ele a deitou com delicadeza sobre os lençóis macios, como se o corpo dela fosse sagrado.

E era.

O orgasmo ainda reverberava, mas ela estava mole, tremendo, não de dor — mas de intensidade. O coração acelerado, a pele hipersensível, os músculos frágeis como se tivessem se dissolvido por dentro.

Ele a cobriu com um cobertor de algodão leve, morno, e apagou a luz mais forte. Ficaram apenas as velas, lançando sombras suaves nas paredes. O ambiente mudara — do vermelho do domínio para o âmbar do acolhimento.

Sem dizer nada, ele trouxe uma toalha úmida morna, e começou a limpá-la com gestos pequenos, meticulosos. Primeiro entre as pernas, onde os resíduos do lubrificante e do suor ainda estavam presentes. Depois, os seios, os braços, o pescoço. Ela não precisava se mover. Ele fazia tudo.

Depois, massageou óleo de camomila e lavanda nas marcas vermelhas das coxas, com movimentos suaves, quase como quem pede desculpas através do toque. Os dedos dele sabiam o que estavam fazendo: não era mais um jogo, era cuidado. Ela sentiu que, mesmo vendada, podia confiar.

Ele soltou a venda com cuidado, e seus olhos piscaram ao ver a luz suave. Ela o encarou, e não disse nada. Mas o olhar dizia: obrigada por me guiar até o limite… e me buscar de volta com ternura.

Ele a puxou contra o peito, a cabeça dela no seu ombro, e a envolveu com os braços como se ela coubesse perfeitamente ali.

— Eu estou aqui. Te vejo. Inteira. Forte. Sublime.

O corpo dela ainda tremia, mas agora era de alívio.

Um choro baixo escapou, sem tristeza.

Era catarse. Era liberação. Era entrega honrada.

Ele a beijou no alto da testa e murmurou:

— Você me deu algo precioso. E eu prometo: sempre vou cuidar do que é meu.

E assim ficaram. Pele na pele. Respiração sincronizada. O domínio e a dor haviam ficado no outro lado da sessão. Agora só existia o calor. O toque. E o silêncio seguro de quem ama através da presença.

Quando acordou na manhã seguinte, ela já estava sozinha. A pele carregava marcas leves: vermelhidão nas costas, pressão onde as presilhas haviam estado, uma sensação interna de presença mesmo sem o plug. Era como se seu corpo tivesse sido redesenhado de dentro para fora.

Mas o que mais a assustava… era o silêncio dentro da própria mente. Não havia grito de revolta. Não havia repulsa.

Só uma pergunta: Por que isso me fez sentir viva?

No criado-mudo, uma jarra de água, toalhas novas e um envelope preto repousando sobre uma bandeja de prata.

Ayla sentou-se devagar, cobrindo-se instintivamente com o lençol. Com mãos trêmulas, pegou o envelope.

No centro, em letras prateadas, apenas uma palavra: CONTRATO

CONTRATO DE SUBMISSÃO TEMPORÁRIA

Prazo de Vigência: 6 meses

Dominador: D.

Submissa: Ayla (designada)

CLÁUSULA 1 – TERMOS GERAIS

Este contrato estabelece um acordo consensual de natureza íntima, psicológica e disciplinar entre Dominador e Submissa. O objetivo é a entrega progressiva, o despertar da submissão plena e o desenvolvimento emocional por meio de práticas sadomasoquistas e jogos de poder dentro dos limites do BDSM.

CLÁUSULA 2 – SEGURANÇA E GARANTIAS

2.1. Segurança Física

A submissa será monitorada periodicamente por equipe médica privada, com livre acesso a atendimentos sempre que necessário.

Nenhuma prática poderá gerar ferimentos permanentes, fraturas, cortes ou risco de vida.

Equipamentos utilizados deverão estar esterilizados e em perfeito estado.

2.2. Segurança Psicológica

A submissa terá sessões mensais com terapeuta licenciado, com sigilo absoluto.

Caso demonstre sinais de trauma, o contrato será suspenso até avaliação.

Palavras de segurança são inegociáveis e respeitadas com interrupção imediata da prática.

2.3. Segurança Financeira

Durante o período de contrato, todas as despesas da submissa estarão sob responsabilidade do Dominador: moradia, alimentação, vestuário, saúde e higiene.

Ao final do contrato, a submissa receberá um valor financeiro pré-determinado (cláusula confidencial) como compensação de tempo, além de acesso a estudos ou requalificação profissional, caso deseje.

Nenhum valor poderá ser descontado sem motivo formal e por escrito.

CLÁUSULA 3 – LIMITES E PALAVRAS DE SEGURANÇA

Palavras de segurança:

Verde: continuar.

Amarelo: desacelerar.

Vermelho: parar completamente.

Limites Absolutos (nunca praticáveis): mutilação, queimaduras, fezes, sangue, práticas ilegais ou exposição pública não consentida.

Limites Relativos (explorados com cautela): humilhação verbal, privação sensorial, bondage prolongado, treinamento comportamental.

CLÁUSULA 4 – OBRIGAÇÕES DA SUBMISSA

1. Será submissa 7/24, Cumprir pontualmente horários e ordens determinadas dentro das sessões.

2. Estar emocional e fisicamente disponível durante os encontros.

3. Apresentar-se com a aparência solicitada (roupas, postura, asseio).

4. Respeitar o silêncio e a hierarquia designada.

5. Comunicar ao Dominador qualquer desconforto ou dúvida após sessões.

CLÁUSULA 5 – OBRIGAÇÕES DO DOMINADOR

1. Garantir o bem-estar físico, emocional e financeiro da submissa.

2. Cumprir limites acordados e supervisionar práticas com vigilância constante.

3. Oferecer cuidados pós-sessão (aftercare) físicos e emocionais.

4. Desenvolver gradualmente a entrega da submissa, sem pressa ou coação.

5. Garantir que tudo ocorra com propósito transformador, e não destrutivo

CLÁUSULA 6 – PRÁTICAS, GOSTOS E BRINQUEDOS PREFERIDOS

> A submissa deverá estar ciente de que estas práticas representam os desejos pessoais do Dominador e serão aplicadas conforme o nível de entrega e desenvolvimento da submissão.

Brinquedos e acessórios:

Floggers e chicotes leves (uso em costas, coxas).

Plug anal (treinamento, sessões de contenção).

Vibradores clitorianos e internos (controle por app ou controle remoto).

Presilhas com corrente (uso em mamilos, genitais).

Dildos e dilatadores vaginais/anais.

Máscaras de privação sensorial (venda, mordaça, abafadores de som).

Ropes (shibari simples, bondage).

Colar de submissão (uso simbólico em sessões).

Bancos de spanking e mobiliário específico.

Ganchos de suspensão (com limites de tempo e suporte físico adequado).

Práticas psicológicas e físicas:

Controle de orgasmo e abstinência programada.

Punições por rebeldia (negação, imobilização, jogos mentais).

Sessões de dominação verbal, obediência cega e instrução erótica.

Leitura em voz alta de confissões íntimas.

Chamadas noturnas para reforço de posse (uso de título: “Senhor”).

CLÁUSULA 7 – PENALIDADES E RESCISÃO.

Caso a submissa viole os termos, será advertida formalmente.

Três advertências resultam em revisão do contrato e possível afastamento.

O Dominador pode encerrar o contrato caso sinta quebra de confiança.

A submissa pode solicitar término com aviso prévio de sete dias e análise emocional.

CLÁUSULA 8 – FINALIDADES

Ao fim do contrato, ambas as partes terão liberdade para:

Renovar por período estendido com novos termos.

Encerrarem a relação com suporte emocional mútuo.

Firmar compromisso exclusivo, se assim desejarem.

DATA DE INÍCIO: ________

DATA DE TÉRMINO: ________

ASSINATURAS:

Ayla

---

D.

 

A ponta dos dedos de Ayla tremia enquanto repousava sobre o papel. As palavras do contrato ainda dançavam diante de seus olhos — cada cláusula, um peso; cada linha, um laço invisível que parecia apertar-se ao redor do pescoço dela.

Ela se sentia marcada. Mesmo nua de joias, roupas ou coleiras, era como se o toque dele ainda estivesse preso à sua pele.

Havia um gosto estranho na boca. Não era medo, não exatamente. Era algo mais denso. Como se tudo dentro dela estivesse em guerra: a parte ferida que gritava para fugir… e a parte silenciosa que, envergonhadamente, queria ficar.

Queria entender por que tinha gozado sob comando. Por que tinha se arrepiado ao ouvir a própria respiração acelerando entre ordens.

Por que, mesmo depois, sentia falta das mãos dele no controle.

Ela pegou o contrato de novo, agora com os olhos mais firmes.

“Garantia de segurança emocional.”

“Desenvolvimento da submissão.”

“Cuidados pós-sessão.”

Não era amor. Não era carinho. Mas havia estrutura. Regras. Coisa que o mundo dela nunca ofereceu.

Será que é isso que ele quer de verdade? Me moldar? Me quebrar e remontar como uma estátua feita por desejo?

O nome dele, ainda oculto no papel, era quase um sussurro na mente dela.

D.

Ela sabia. Desde o momento em que ele a olhou pela primeira vez — não como vítima, mas como algo que ainda poderia ser lapidado.

Ela leu pela última vez.

Se assinasse, deixaria de ser apenas uma peça no bordel. Passaria a ser propriedade de alguém. Dele.

Mas não como antes, quando foi vendida e jogada nas mãos de homens que a viam como objeto descartável.

Dante não queria descartar. Ele queria possuir.

E isso… era perigosamente mais íntimo.

O silêncio do quarto parecia vibrar.

Ela esticou o braço.

Pegou a caneta.

Segurou firme.

E então — com a mão ainda trêmula, mas com os olhos fixos na linha pontilhada — assinou.

Um traço firme. Definitivo.

Ao terminar, pousou a caneta sobre o papel e respirou fundo. Foi quando percebeu: o peito ardia. O coração batia alto, como se tivesse cometido algo proibido.

Mas não sentia arrependimento.

Ela sentia… liberdade camuflada de prisão.

A porta se abriu logo depois, silenciosamente.

Não era preciso que ele falasse.

Ela já sabia: Agora, ela era dele. Por contrato. Por escolha. Por desejo.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!