Ela ainda estava deitada no tapete, os olhos fixos no teto escuro da sala. O corpo enrijecido, a respiração acelerada. A pele quente, mas o sangue gelado.
Dante não tocava com pressa.
Ele caminhava ao redor dela como se estivesse avaliando uma obra rara — não apenas pelas curvas do corpo, mas pelos sinais invisíveis: o medo escondido sob a força, a raiva disfarçada de silêncio, a resistência que se recusava a morrer.
— Você está com medo, Ayla?
Ela hesitou. Depois, com um fio de voz:
— Sim.
— Boa resposta. Sinceridade vale mais do que obediência cega.
Ele parou ao lado dela, abaixou-se. Seus dedos deslizaram por sua clavícula, até o centro do peito. Leves. Frios. Apenas o suficiente para deixá-la em alerta. Ela queria se afastar. Mas ficou.
— Você sabe o que eu faço com mulheres como você?
Ela balançou a cabeça. Não confiava na própria voz.
— Eu moldo. Como barro. Mas não quebro. Não rápido demais. O prazer vem da resistência.
Dante levantou-se e foi até uma das gavetas da parede de veludo. Retornou com dois itens: uma fita de seda preta e uma coleira de couro com um anel prateado.
Ayla sentou-se.
— Você está tentando me transformar em quê?
Ele se ajoelhou à sua frente, olhos cravados nos dela.
— Em você mesma. Sem mentiras. Sem véus. Só desejo e instinto. O que você sente agora?
Ela engoliu em seco.
— Vergonha. Medo. Raiva.
Ele sorriu.
— Ótimo. Emoções puras. O que eu faço agora não é punição. É entrega. Com escolha.
Ele levantou a coleira.
— Você pode aceitar isso e me pertencer por esta noite. Ou recusar — e voltar para os outros. Mas comigo, você será exclusiva. Segura. E muito, muito bem treinada.
Ayla sentiu o ar sumir dos pulmões. Era escolha?
Não. Era a ilusão de escolha.
Mas naquele mundo, até a ilusão era luxo.
Ela estendeu o pescoço.
Dante prendeu a coleira com um clique firme, depois deslizou a fita de seda pelos olhos dela, vendando-a.
— A partir de agora, você não precisa ver. Apenas sentir.
E então, o toque mudou.
Não mais leve. Mas firme. Calculado. Os dedos traçaram suas costelas, descendo pelo ventre até a cintura do espartilho. Ele não a despiu. Queria manter o mistério. Queria que ela sentisse o calor da própria pele contra a prisão do tecido.
— O que você sabe sobre prazer, Ayla?
Ela abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela própria respiração — ele havia deslizado dois dedos por sua coxa, lentamente, subindo sem pressa até a base da liga.
— Nada —, ela sussurrou.
— Perfeito. Então posso será meu prazer te ensinar.
E ele ensinou.
Com toques lentos, ordens sussurradas no ouvido, comandos que exigiam entrega:
— De joelhos. Afasta mais as pernas. Diz o que está sentindo. Não goza sem minha permissão.
O silêncio da sala era denso. Carregado. Cada respiração de Ayla parecia ecoar nos cantos escuros como um sussurro de medo contido.
Ela estava de joelhos, mãos apoiadas sobre as coxas, os olhos baixos. A coleira de couro justo em volta do pescoço era um lembrete inegável: naquela noite, naquele espaço, ela não tinha domínio. Mas tinha voz.
Dante a observava com o olhar calmo e perigoso de um predador experiente.
— Você tem direito a parar tudo, Ayla. Sempre. _ Ele se aproximou, parando a centímetros dela. _ Palavras de segurança: verde para continuar, amarelo se quiser diminuir o ritmo, vermelho para parar. Tudo para. Entendeu?
Ela engoliu em seco e assentiu. Mas ele não aceitou silêncio.
_ Diga com a boca.
— Verde, amarelo, vermelho _, murmurou. A voz falhou, mas saiu.
— Boa menina.
Dante se afastou por um momento e abriu um armário discreto embutido na parede. De lá, tirou um flogger de couro macio, um plug anal pequeno com uma pedra negra na base e um vibrador de toque.
Ele os arrumou como peças sagradas sobre um estojo de veludo.
— Você vai aprender com o corpo antes de aprender com a mente —, disse ele, retirando o robe de seda dos ombros dela com delicadeza. — Deite-se para mim.
Ayla obedeceu, os músculos tensos, a respiração entrecortada. O tapete macio tocava sua pele nua enquanto ela se posicionava de bruços. Cada gesto de submissão era um confronto interno, mas ela seguia.
Então veio o som: o couro cortando o ar. O flogger não bateu de imediato. Primeiro, Dante o arrastou pelas costas dela, como se apresentasse cada tira ao corpo que aprenderia a sentir.
O primeiro toque real veio segundos depois — sobre a parte alta das coxas. Não foi dor. Foi choque. Uma mistura de medo e surpresa que se transformou em calor.
A segunda e terceira batidas vieram logo em seguida, ritmadas, simétricas. O corpo dela se contraiu a cada estalo, mas não de recusa. Era o nervo tentando entender o que sentia. E aos poucos... gostando.
Dante variava os locais: ombros, nádegas, lombar. Sempre com controle. Sempre com intenção.
E entre cada sequência, ele passava os dedos por onde o couro havia tocado. O contraste entre ardência e afago fez o corpo dela vibrar. Os sentidos dela estavam todos ali — na pele. Na entrega. No calor crescente que se acumulava como uma tempestade silenciosa.
Quando o flogger foi deixado de lado, Ayla sentia as pernas trêmulas. O corpo pulsava com energia nova — como se estivesse acordando de um longo sono.
Dante ajoelhou-se atrás dela. Abriu um frasco de lubrificante e espalhou entre suas nádegas com os dedos. O frescor gelado do gel a fez arfar. Ele não se apressava. Os toques eram circulares, suaves, atentos.
— Relaxa —, ele murmurou. —Deixa seu corpo receber.
Ela tentou. Respirou fundo. E os dedos dele, precisos, trabalharam com paciência. O plug foi introduzido devagar, respeitando cada limite. Não foi doloroso — apenas intenso. Uma pressão íntima que parecia mais emocional que física.
Ayla mordeu o lábio, surpresa por não querer que parasse.
— Seu corpo está aprendendo — , Dante disse, tocando a base do plug com a ponta dos dedos. O simples gesto a fez se contrair levemente, como se aquele toque despertasse algo escondido entre seus músculos mais secretos.
E então ele trouxe o terceiro elemento: o vibrador.
Ligou-o com um toque e o posicionou sobre o clitóris dela, por cima da renda da calcinha. A vibração era baixa, constante — mas devastadora. O estímulo parecia acender nervos adormecidos. Ayla arqueou o quadril num reflexo, buscando mais contato.
— Você não vai gozar —, ele disse, firme. — Não sem minha permissão.
Ela mordeu o punho para conter um gemido.
O plug aumentava a sensação. Cada movimento involuntário do quadril provocava fricção interna. O vibrador, em contrapartida, dançava sobre um centro de prazer que se tornava insuportavelmente sensível. Era um tormento doce.
E quanto mais ela sentia, mais ela queria.
Dante segurava o controle. Literalmente.
Dante ainda estava de pé, observando Ayla como se fosse um experimento de arte viva. Os olhos dele passeavam lentamente pelo corpo dela — arrepiado, quente, vulnerável.
— Você está no limite —, ele disse com voz grave, quase gentil. — Mas não terminou ainda.
Ele voltou ao estojo e pegou um novo item: presilhas ajustáveis com correntes de metal fino, reluzentes sob a luz baixa.
— De joelhos.
Ayla obedece, e então ele desliza a ponta dos dedos pelas alças do sutiã, até que abre o fecho. Os mamilos, já endurecidos pela vibração residual, estavam hipersensíveis.
Dante passou o polegar sobre um deles, apenas testando. Ayla ofegou. O toque era leve, mas seus nervos estavam em brasas. Quando ele posicionou a primeira presilha, ela se encolheu — o leve beliscão era agudo, mas breve. Uma pontada que se transformou, quase instantaneamente, em pulsação quente.
A segunda presilha veio em seguida. E então a corrente, pendendo entre os dois cliques metálicos, os unindo. O peso era mínimo, mas a consciência daquilo... esmagadora.
— Vai se acalmar — , ele continuou, apalpando os seios dela. — Seu corpo precisa aprender a suportar o prazer... e não fugir dele.
Cada respiração fazia os mamilos reagirem. Cada pequeno movimento do quadril puxava a corrente, provocando um eco sutil de dor e prazer. Era como se o corpo inteiro estivesse sendo comandado por fios invisíveis.
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Atualizado até capítulo 29
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