Zara observava a cena, tensa, enquanto Vlad se posicionava à sua frente como escudo contra Jensen. A atmosfera pesava, como se o próprio castelo contivesse o fôlego.
— Jensen, você não tem o direito de estar aqui — declarou Vlad, a voz firme e carregada de autoridade.
— Ah, mas eu tenho, querido irmão — respondeu Jensen com um sorriso cortante. — Tenho o direito de buscar o que é meu.
— O que quer dizer com isso? — questionou Zara, dando um passo à frente. Seu nome ecoava em sua mente como um alarme.
— Quero dizer que você, Zara Garland, é a chave. A chave para um segredo antigo... Um segredo capaz de reescrever a história dos vivos e dos mortos.
Vlad apertou o punho da espada.
— Você não vai tocá-la. Ela está sob minha proteção.
— Interessante... Ela não quis te matar outro dia? — Jensen virou o olhar gélido para Zara. — Por que, então, a protege?
Zara estremeceu. Como ele sabia disso?
— Isso não é da sua conta — Vlad cortou, o olhar fixo no irmão.
Jensen apenas riu, um som que parecia arranhar as paredes de pedra.
— Eu vou voltar, Garland. E quando voltar, você vai me dar o que eu quero.
E desapareceu.
— O que ele quis dizer com aquilo? — perguntou Zara, ainda tentando decifrar a expressão de Vlad.
— Ele guarda rancor do... dia da guerra — murmurou Vlad, se afastando.
— Por favor, me conta o que houve — insistiu ela, tentando segui-lo pelos corredores. Mas ele apenas bateu a porta na cara dela.
— Que filho da...
VLAD DARKO
Eu não consigo lembrar daquele dia sem sentir enjoo de mim mesmo. Durante aquela maldita guerra... eu achei que ele tinha morrido. Eu deixei meu irmão para trás.
Lágrimas escorriam de seus olhos enquanto ele desabava sozinho.
Na guerra – anos atrás
— Precisamos recuar! — gritou um vampiro, golpeando um humano com fúria.
— Não! Jensen está caído! Preciso buscá-lo! — gritou Vlad, tentando atravessar a multidão.
Mas foi puxado por outro vampiro. Seu corpo lutava, mas seus olhos viram... os humanos se aproximando de Jensen. E ele cedeu. Fugiu.
JENSEN DARKO
Acordei ofegante no chão ensanguentado, fraco.
— VLAD?! NÃO ME DEIXA AQUI! — berrei, mas só o silêncio me respondeu.
Ele me abandonou.
Ergui-me com fúria, consumido pelo ódio.
— Mataram meus pais, minha amada. Vlad me deixou... Todos vão pagar. Eu vou trazer Khaos de volta ao mundo.
Apenas o sangue de uma Garland pode reviver o Deus do Caos. E só resta uma: Zara.
ZARA GARLAND
O espelho refletia meu rosto exausto. Estava pálida, zonza.
— Sangue...? — murmurei ao notar os fios escorrendo do meu nariz. — O que tá acontecendo comigo?
Tentei conter, mas o sangramento não parava. Quando enfim cessou, lavei o rosto e fui cambaleando para o quarto. As escadas pareciam infinitas, o castelo mais antigo do que nunca.
Deitei... e apaguei.
VLAD DARKO
Senti o cheiro do sangue vindo do banheiro. Era doce. Humano. Zara.
Controle-se.
Esperei ela se deitar e a observei por um tempo, o rosto tranquilo em meio à febre de coisas que não entendia. Minha mão se ergueu sozinha, tocando de leve sua face.
Tão bela. Tão... perigosa.
Mas então os olhos dela começaram a se abrir — e desapareci na sombra.
Ainda assim, algo me dizia que não era o único a observá-la naquela noite.
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Atualizado até capítulo 63
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