Amor e Espinhos
Zara esse é o teu destino. Não faça amigos e nem se apaixone, viva apenas para salvar a humanidade.
"Sim mamãe."
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Eu Zara Garland ajustei o capuz negro, escondendo minhas feições marcadas por cicatrizes de batalhas passadas. O vento gelado fazia a capa esvoaçar ao meu redor, e o som dos meus passos se fundia ao silêncio da noite. Como caçadora de vampiros e demônios, a escuridão era sua aliada e sua inimiga.
A neblina densa envolvia as ruas sombrias de Duskfall, sussurrando segredos antigos enquanto eu perseguia minha presa. As gárgulas de pedra observavam do alto, suas expressões grotescas congeladas no tempo. O ar frio cortava minha pele, um lembrete constante do mundo sombrio que eu habitava.
A adaga em minha mão brilhava com runas antigas, absorvendo a luz fraca das lâmpadas de gás. Estava coberta de sangue demoníaco, um líquido espesso e negro que parecia dançar com vida própria. Eu havia acabado de eliminar um grupo de demônios que atormentava a cidade, suas carcaças decepadas espalhadas pelo beco escuro.
- Missão cumprida - murmurei para mim mesma, limpando a lâmina com um pano.
Foi quando meu comunicador vibrou. O rosto severo de meu chefe, Ethan, apareceu na pequena tela, seus olhos cinzentos refletindo a urgência da situação.
- Zara, preciso de você imediatamente no escritório. Temos uma nova missão.
Suspirei, guardando a adaga na bainha e começando minha caminhada pelas ruas sombrias. As sombras pareciam se estender, como se sussurrassem meus segredos mais profundos. As luzes das janelas piscavam no ritmo da decadência do nosso mundo.
Cheguei ao prédio do governo, uma estrutura gótica imponente com torres que se erguiam para o céu tempestuoso. As portas rangiam em protesto quando as empurrei, entrando na sala de Ethan. Ele estava de pé, com mapas e documentos espalhados pela mesa.
- Zara, temos um alvo especial desta vez - disse Ethan, seus olhos fixos nos meus. - Vlad Darko, o vampiro mais perigoso da região. Você deve eliminá-lo.
- Entendi. Estou pronta - respondi, meu tom frio como o aço.
Ethan entregou-me um dossiê detalhado sobre Vlad. Enquanto eu estudava os documentos, senti uma pontada de desconforto. Este não seria um alvo comum. Mesmo assim, a missão era clara.
Passei os próximos dias me preparando. Verifiquei minhas armas, afiei minhas lâminas e estudei cada detalhe do castelo gótico de Vlad, situado nas montanhas escuras além da cidade. A jornada seria longa e cheia de perigos, mas eu estava determinada.
Parti ao amanhecer, as primeiras luzes do dia mal conseguindo penetrar as trevas do horizonte. No caminho, fui atacada por mais demônios, suas figuras grotescas emergindo das sombras. Lutei ferozmente, cada golpe ecoando na noite silenciosa. Suas mortes apenas reforçavam minha determinação.
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Finalmente, avistei o castelo imponente no alto de um penhasco, envolto em névoa. As torres pareciam perfurar o céu, e a sensação de perigo iminente era palpável. Esta seria a batalha mais difícil da minha vida, e eu estava pronta para enfrentá-la.
— Finalmente cheguei ao castelo.
Aproximei-me devagar, com a mão já firme na adaga guardada. Meus olhos não paravam de correr por todo canto — eu estava pronta para qualquer coisa. O castelo era gigantesco, negro e frio... e, ainda assim, de uma beleza estranha. Havia detalhes que eu nunca tinha visto antes em toda minha vida. Em volta, rosas murchas emolduravam a cena como se a própria morte as tivesse beijado.
O portão, de um vermelho-vinho intenso, me encarava como se me conhecesse. Tudo naquele lugar era extravagante e misterioso, como se carregasse séculos de histórias humanas e, nelas, todas as guerras e pecados do mundo.
E então... o portão se abriu. Sozinho. Um convite direto para minha morte — ou minha glória.
Entrei.
Mal pisei no saguão e uma revoada de corvos avançou sobre mim, me derrubando no chão.
— Caramba! Odeio esses animais sujos — murmurei, cuspindo algumas penas pretas que caíram em meu rosto.
— Como ousa entrar no meu castelo? — uma voz ecoou pelo salão, grave e arrastada como fumaça fria.
— A porta abriu sozinha, tá? — respondi, me levantando. — Na verdade, eu tinha planejado uma entrada triunfal... mas esses malditos corvos estragaram tudo.
— Eu te conheço. Uma Garland, não é? Uma caçadora.
— Sim. E vim pra te matar, sangue-suga asqueroso.
A voz gargalhou, debochada. Senti a provocação escorrendo pelas paredes. Uma sombra veloz passou diante dos meus olhos. Era tão rápida que parecia se teletransportar.
— Chega de joguinhos! Apareça logo! — gritei, puxando minha adaga. — Não tenho o dia todo. Passei dias me preparando pra isso!
— E acha que vai me matar com essa... espadinha? — riu a voz, zombeteira.
— Não é apenas uma espadinha. É uma arma ancestral, passada de geração em geração, feita especialmente para monstros como você.
— Ah, pare com isso. Monstro? Eu estava aqui quieto, e você veio encher meu saco. Saia antes que eu mude de ideia e te mate. E, para sua informação, meu nome é Vlad Darko. Eu não morro fácil, querida.
— Apareça, se tiver coragem.
Olhei em volta, em alerta. Meu coração já batia acelerado. Minhas mãos suavam.
— Conheço sua família. Todos vieram tentar me matar. Nenhum conseguiu — disse ele antes de surgir bem diante de mim.
Saquei a adaga e avancei, acertando seu peito. Mas... ele se desfez em dezenas de corvos e reapareceu atrás de mim.
— Já disse que não é fácil me matar. Mas se quer uma luta, vai ter.
Comecei a atacar sem parar. Golpe após golpe. E ele... apenas desviava. Sem nem erguer a mão.
— Tenho que te matar. Você é um mal que precisa ser eliminado!
— Eu não mato humanos há séculos. São vocês que são o verdadeiro câncer. Só pensam em si mesmos. Egoístas nojentos.
Continuei tentando. Meu braço ardia. Minha respiração já estava falhando. Mas então, num golpe de sorte — ou piedade dele — acertei bem no coração.
Ele caiu, sangrando.
— Consegui...? — pensei.
— Claro que não — ele respondeu, surgindo sentado numa mesa próxima, girando uma taça de vinho entre os dedos. — Fiquei entediado e deixei você me acertar.
— Droga... — sussurrei.
Tentei atacá-lo novamente. Meu corpo não obedecia mais. Nada parecia funcionar. E ele... continuava calmo.
Percebeu minha fraqueza, e, num movimento rápido, me empurrou com força. Caí com tudo no chão, sentindo o ombro estalar.
— Agh! Caramba... meu braço...
Tentei me levantar. Cambaleei. E pensei:
— Melhor eu voltar outro dia... mais preparada. Do jeito que estou agora, quem vai morrer sou eu.
Me virei em direção à porta, mas ela se fechou bruscamente.
Antes que eu pudesse reagir, ele se teleportou e apareceu em cima de mim. Fui jogada ao chão, de novo.
— Não vai fugir agora... — sussurrou no meu ouvido.
Seus olhos vermelhos estavam fixos nos meus. Suas presas maiores do que antes. Ele podia me matar ali mesmo, mas... algo o impedia.
Eu tremia. Pela primeira vez, de verdade.
— N-Não me mate... por favor — pedi, a voz falhando.
— Por que eu teria piedade? Você veio aqui pra me matar.
Minhas lágrimas começaram a cair. Eu matava monstros desde os quinze. Mas ele... ele era diferente. Ele bagunçava tudo. Meus planos. Meus sentimentos. Meus pensamentos.
Vlad se transformou em corvos novamente e apareceu ao meu lado. Agora, de pé.
— Não vou te matar. Não hoje. Não mato humanos há muito tempo. E confesso... você foi corajosa, garotinha. Ninguém me enfrenta há séculos. Como você tirou o meu tédio, vou deixar você viver. Mas com uma condição.
Antes que eu pudesse perguntar, ele já estava atrás de mim, tocando meu cabelo.
— Merda... meu chefe vai me matar por falhar nessa missão — resmunguei.
— Diga — soltei, sem opção.
— Você vai ficar aqui. Comigo.
— De jeito nenhum! — respondi, quase gritando.
Ele rosnou, mostrando as presas e os olhos brilhando ainda mais em vermelho.
— Então vou te matar. Já nem lembro mais o gosto de um humano... Deve ser delicioso.
Engoli seco.
— Tá bem... Eu fico...
— Ótimo.
— Mas não irei ceder a você por completo, Eu sou uma Garland.
Ele desapareceu.
Fiquei ali, sozinha, no meio daquela sala gelada. Tremendo. Meus joelhos falhavam.
Minha vida tinha mudado completamente.
Falhei como Garland.
E agora... teria que implorar para sobreviver.
Era fraca.
E a única coisa que me restava... era obedecer.
Por enquanto.
"Zara, você irá desapontar a todos. Esse é o teu destino. MATE-O."
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Atualizado até capítulo 63
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