Zara Garland;
Acordei disposta. Mas a alegria durou pouco: lembrei que estou presa num castelo com um vampiro… e sem comida.
E, convenhamos, meu dia só começa de verdade com o estômago cheio.
Desci as escadas às pressas e dei de cara com Vlad… bebendo sangue de uma sacola?
Sério? Uma sacola?
— Bom dia, Zara — disse ele, limpando a boca com a tranquilidade de quem está saboreando um cappuccino.
— Então, você sabe o meu nome? — rebati, desconfiada.
— Sente-se. Cacei um servo. Como vou usar só o sangue, pode pôr ele no forno e se alimentar.
— Como sabe meu nome? — insisti, ignorando o “cacei um servo” como se fosse algo normal.
— Já disse que conheço a sua família… ou melhor, conheci.
— Esclareça, por favor — retruquei, cruzando os braços.
— Tem coisas que não devem ser contadas, pequenina — disse ele, se levantando da mesa com aquele ar de mistério irritante.
— Não tente fugir, ok? Irei te encontrar. Mas pode andar por aí. Tem um jardim enorme — ele acrescentou, antes de sair.
— "Não tente fugir e mimimi"... vampiro chato — murmurei.
— Eu escutei daqui.
— Era pra escutar mesmo.
Suspirei. Tá, vamos lá. Vou assar esse... animal e comer. É a única opção.
Mas aí, do nada, uma sombra negra com capuz apareceu atrás de mim.
Ficou me observando.
Quando me virei — puf, sumiu.
Franzi a testa. Não era o Vlad.
Era uma presença mais fria.
Mais sombria.
— Quem está aí? É você, sangue-suga? — gritei, olhando em volta.
Silêncio.
Fui até a biblioteca.
O lugar parecia infinito de tantos livros.
Velas aromáticas iluminavam o ambiente.
Vlad estava lá.
— O que a traz aqui? — sua voz soou como um eco entre as estantes.
— Desculpa incomodar. Senti uma presença estranha. E não era a sua.
Sou uma caçadora. Minha intuição não falha.
Ele não respondeu. O silêncio era espesso.
Me aproximei.
— Você está bem? — perguntei, tocando sua testa.
Ele desmaiou.
Desmaiou.
O vampiro mais forte que já conheci, simplesmente... desmaiou.
— Vou aproveitar e escapar. Buscar reforços — sussurrei.
Mas quando olhei para trás…
Ele estava tão vulnerável.
Se quisesse me matar, já teria feito.
Suspirei. Voltei.
Cuidei dele. Como se fosse um humano qualquer.
Então Vlad abriu os olhos e agarrou minha mão com força.
Como se dissesse: fica.
E eu fiquei.
— Obrigado — disse ele, com a voz rouca.
— Pelo quê?
— Por não ter ido embora.
Eu preciso de você.
E então, apagou de novo.
Fiquei ali. Pensando.
Por que ele precisa de mim? O que ele quer de mim...?
Passei o dia lendo na biblioteca. Sempre com um olho nele.
Foi quando notei um buraco mal tampado. Me aproximei.
— O que é isso...? — sussurrei.
Alho.
— Então foi isso. Mas quem colocou isso aqui?
Será que foi aquela sombra?
Tirei o alho e joguei fora.
Vlad acordou quase que imediatamente.
Ele nunca havia sido atacado com alho.
Alguém descobriu sua fraqueza.
— Obrigado novamente, Zara. Tenho uma recompensa para você.
Ele tirou uma presilha do bolso e a prendeu no meu cabelo.
— Caramba… de onde veio isso?
— Fiz ontem. Vai te proteger se algo invadir o castelo.
Não quero que morra. Pelo menos, não agora.
Não agora?
Ele que vai morrer primeiro, pensei.
E eu que tava começando a gostar dele...
— Obrigada… eu acho.
Mas aí, um barulho no portão.
Vlad se teletransportou imediatamente.
Fui atrás.
Lá estava ele.
Parado diante da mesma figura encapuzada que eu vi mais cedo.
Mas agora… eles conversavam.
— O que está fazendo aqui? — perguntou Vlad, com a voz firme.
— Vim buscar o que você guarda aí, querido irmãozinho — respondeu a figura.
Irmãozinho?
— Jensen…? Você está vivo? Eu achei que tinha partido antes da guerra.
— Vocês me abandonaram.
Mas você tem algo que me pertence.
Uma Garland.
Aí eu apareci.
E vi a figura encapuzada…
Era ele.
A presença que me observava.
O irmão do Vlad.
E, aparentemente… alguém que me quer por algum motivo.
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Atualizado até capítulo 63
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