C.02

Um café, um jogo e um começo disfarçado . Dois dias após o encontro no hotel, Isabella já havia esquecido parcialmente do homem de olhar magnético. Paris estava cheia de compromissos, desfiles, reuniões com fornecedores e decisões a tomar para a nova campanha. Mas naquela manhã, ela resolveu se permitir um momento de respiro. Sentou-se no Café de Flore, o favorito da mãe quando jovem.

Enquanto lia um relatório no tablet, ouviu a voz familiar atrás de si:

— Espero que esteja menos apressada hoje... ou vai me culpar por outro tropeço?

Isabella ergueu o rosto com uma expressão surpresa — mas não desconfortável.

— Gael D’Angelo. Paris é pequena, ou você me seguiu? — ela provocou, com um sorriso nos lábios e sobrancelha arqueada.

Ele riu, sentando-se na mesa ao lado, como quem apenas se aproveitava da coincidência.

— Digamos que o destino tem um gosto peculiar por cafés clássicos e mulheres elegantes.

— Você sempre flerta assim? — ela perguntou, colocando o tablet de lado.

— Só quando vale a pena.

Ela se esforçou para não sorrir mais do que deveria. Havia algo nele... perigoso. Enigmático. Mas ao mesmo tempo cativante.

— E o que faz um empresário italiano em Paris? Além de tropeçar em estilistas?

— Negócios. — ele respondeu, mas seus olhos não mentiam. Havia algo mais ali. — Mas hoje, se você permitir, posso fingir que é apenas prazer.

— E o que exatamente você está fingindo? — ela retrucou.

— Que não fui até o concierge do hotel perguntar o nome da mulher com o croqui nas mãos.

Isabella piscou, surpresa. Ele não disfarçava. Era ousado.

— Sinceridade demais para alguém que disse que está fingindo. — ela disse, cruzando as pernas, jogando o cabelo para trás.

Gael a observava como se a estudasse.

— Você desperta isso em mim. Verdades sem filtros. E olhares que não consigo disfarçar.

Isabella engoliu seco, desviando por um momento o olhar para o movimento da rua. Mas seu coração já registrava o nome dele com mais força do que gostaria.

Ele pediu dois cafés, mesmo sem perguntar se ela aceitava. E enquanto conversavam — sobre moda, arquitetura, arte e os paradoxos do poder — Isabella se viu sorrindo mais do que deveria. Como se algo dentro dela estivesse começando.

O que ela não sabia... era que Gael já sabia quem ela era antes mesmo do primeiro encontro. E tudo, desde aquele café até aquele olhar, era parte de algo muito maior.

Mas o que ele não esperava… era sentir de verdade.

--

O Adeus de Uma Promessa Não Feita . O segundo encontro entre Isabella e Gael foi ainda mais inesperado do que o primeiro.

Ele a convidou para uma tarde no Musée d'Orsay, fingindo despretensão, mas Isabella percebeu nos detalhes: o modo como ele parecia saber o que ela gostava, como antecipava suas reações, como escolheu o lugar exato que ela havia mencionado casualmente no café anterior. Nada nele parecia exatamente casual… e isso, por algum motivo, a instigava e a fazia recuar ao mesmo tempo.

— Quero te ver de novo, Isabella — ele disse, enquanto caminhavam pelo Sena no fim da tarde, o céu tingido em tons de laranja e dourado. — Não quero que essa seja a última vez.

Ela parou, virou-se para ele e respirou fundo. Seus olhos sustentaram o olhar dele com firmeza, mas havia algo em sua expressão… um certo medo.

— Você é encantador, Gael. Mas eu não sou o tipo de mulher que se entrega fácil. Tenho meus focos, meus muros e… meu faro. — Ela sorriu de lado. — E meu faro me diz que você não é só o que parece.

Gael sustentou o sorriso, mas os olhos escureceram por um instante. O suficiente para que Isabella sentisse: estava certa.

— Talvez o destino decida se nos veremos de novo — ela disse, dando um beijo rápido no rosto dele e se afastando.

---

De volta à casa dos pais, Isabella se sentiu estranhamente confortável. O vinhedo da família Valmont ainda era um refúgio de paz e memórias. Adam e Leonor a receberam com amor e uma curiosidade silenciosa sobre o brilho nos olhos da filha — que ela tentava esconder com trabalho.

Durante os dois meses seguintes, Isabella mergulhou nos projetos da nova coleção, nas reuniões com influenciadores, na definição das campanhas e em organizar desfiles nas principais capitais da moda. Seu nome estava em ascensão. A marca estava viva como nunca. E tudo que ela mais precisava… era manter-se no controle.

Mas às vezes, sozinha no quarto, ela lembrava do sorriso de Gael. Da voz grave. Dos olhos que a liam como ninguém.

Ela não falou mais com ele. E achou que assim ficaria.

---

Dois meses depois, em um evento beneficente promovido por uma das marcas parceiras da Valmont, Isabella foi a última a chegar. Seu vestido vermelho carmim era elegante e firme, o tipo de roupa que diz “eu comando minha vida”. Estava conversando com um investidor francês, quando sentiu aquele arrepio conhecido.

Virou o rosto. E lá estava ele.

Gael D’Angelo.

Sozinho, de terno preto impecável, um leve sorriso nos lábios.

— Bonsoir, Isabella.

Ela piscou, surpresa. O coração acelerou. Mas seu rosto manteve a compostura.

— Você de novo... Paris não é mais suficiente?

— Parece que o destino quis nos testar... — ele disse, se aproximando devagar.

Ela riu, cruzando os braços, defensiva.

— Você diz isso como se não tivesse vindo exatamente me encontrar.

Ele não respondeu. Só a olhou. Profundo, silencioso. Como quem carregava algo entre os olhos.

E pela primeira vez… Isabella sentiu mais que atração. Sentiu alerta.

Havia algo nele. Algo que não fazia sentido.

E por mais que seu corpo se lembrasse do desejo, seu coração dizia: “Cuidado.”

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Fim do capítulo!

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🖤ate proxima tchau

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Comments

Marsane

Marsane

Nem sempre seguimos nossos instintos, às vezes eles gritam, mas , por falta de preparo, os ignoramos ou não sabemos entendê-los, que é o meu caso!!!

2025-05-21

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