O aperto ao redor de sua cintura se desfez com uma lentidão calculada. Ji-woo não perdeu tempo. Ainda com a cabeça latejando e o corpo doendo em lugares específicos, ele se sentou na beirada da cama e começou a recolher suas roupas espalhadas pelo chão. Vestiu-se com pressa, ignorando os protestos silenciosos do próprio corpo. Cada músculo gritava memórias da noite anterior — memórias que ele preferia ignorar por agora.
— Eu tô indo embora, tá ouvindo? — disse, voz firme, desafiadora, mesmo que as mãos tremessem levemente ao fechar o zíper da calça. — Não importa o que você diga.
Do outro lado do cômodo, Tae-hwan se espreguiçava como se tivesse dormido num spa e não transado como um animal. Os cabelos bagunçados caíam sobre os olhos semicerrados. O sorriso, aquele maldito sorriso de quem sabia de mais do que deveria, não deixava o rosto.
Ji-woo caminhou até a porta e a abriu, sentindo o ar frio do corredor bater em seu rosto. Mas a sensação de liberdade durou apenas um segundo.
A porta se fechou com um estalo brusco.
O corpo quente de Tae-hwan estava ali, prensando-o contra a madeira com uma força que, apesar de controlada, era impossível de ignorar. O alfa era maior, mais forte, e parecia não estar mais fingindo tanto.
— Você não tá bem pra sair. — A voz dele era arrastada, mansa, quase sonolenta. Mas Ji-woo percebeu o detalhe. A tensão no maxilar. A respiração mais pesada. O modo como seus dedos cravavam levemente nos braços do ômega. — Vai aonde com esse corpo todo fodido, hein?
Ji-woo sorriu. Um sorriso debochado, provocador. Um veneno doce escorrendo pelo canto da boca.
— Ué... Com esse corpo todo fodido... eu vou trabalhar, oras.
— Trabalho? — Tae-hwan riu baixo, com um ar de falsa surpresa. — Com essa camisa cobrindo as marcas que eu deixei? Com as pernas tremendo desse jeito?
Ji-woo tentou empurrá-lo, mas não adiantou. Ele sabia que não tinha chance contra aquele corpo. E pior: uma parte dele gostava disso. Do risco. Do controle perigoso. Do fato de estar sendo impedido de ir embora.
— Tá com medo de eu ir embora ou com medo de admitir que gostou? — provocou, a voz um pouco mais rouca agora.
Foi aí que Tae-hwan fez aquilo de novo. Inclinou-se, com calma, com precisão, e inspirou profundamente o cheiro na nuca do ômega. Como se fosse oxigênio puro. Como se precisasse daquilo pra sobreviver.
Ji-woo se arrepiou inteiro. O toque do ar quente, os feromônios se misturando, aquele cheiro amadeirado com tabaco e algo mais doce... algo perigoso.
— Você tem cheiro de vício, Ji-woo. — murmurou o alfa. — E eu sou péssimo em largar vícios.
— E eu sou péssimo em lidar com psicopatas. — rebateu o ômega, a voz oscilando entre o sarcasmo e um nervosismo real.
Tae-hwan ignorou. Ou fingiu ignorar. Ele apenas se afastou alguns centímetros, o bastante para Ji-woo respirar, mas não escapar.
— Sua amiga ainda tá dormindo no Mapo, achando que você tá entregando panfleto essa hora. — murmurou. — Quer que eu diga o que mais sei?
Ji-woo congelou.
Aquela frase... aquele tom...
Ele não sabia se era ameaça, aviso ou apenas mais um teste de controle. Mas soube de uma coisa: Tae-hwan não era só um bartender. E definitivamente não era um cara comum.
— Você me seguiu? — perguntou, tentando não soar apavorado.
Tae-hwan apenas sorriu e afastou-se por fim, dando espaço para Ji-woo sair se quisesse.
Mas o ômega não se moveu.
Ele estava livre. Mas se sentia preso. Preso num jogo que ele mesmo começou, mas que agora não sabia mais como terminar.
E Tae-hwan? Ele observava. Sempre observava. Como se já soubesse o próximo movimento antes mesmo que Ji-woo decidisse jogá-lo.
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Atualizado até capítulo 33
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