A primeira coisa que Ji-woo sentiu foi uma fisgada aguda na têmpora esquerda. A dor irradiava como um prego sendo lentamente cravado entre os ossos da testa. Ele soltou um gemido rouco, virando o rosto contra o travesseiro que não era o dele. O cheiro também não era o dele. Amadeirado, quente, espesso. Quase inebriante.
Ele abriu os olhos.
A claridade entrava pela janela com cortinas semiabertas, revelando um cômodo masculino, espaçoso e bagunçado de um jeito esteticamente funcional. Nada familiar. Definitivamente não era o pequeno apartamento em Mapo que dividia com sua amiga. O estômago virou. A memória voltou em fragmentos: o bar, o beijo, a boca do Alfa, a cama, o corpo...
— Merda. — sussurrou, tentando se sentar.
Assim que fez isso, uma dor pesada atravessou suas costas, coxas, braços. Tudo doía como se tivesse sido jogado contra a parede repetidas vezes — o que, de certa forma, não estava muito longe da verdade. Ele olhou ao redor, nu sob os lençóis embolados, procurando pelas roupas. Tinha que ir. Agora. Antes que tudo ficasse mais estranho do que já era.
Mas então um braço quente, pesado, absurdamente maior que o dele o envolveu pela cintura e o puxou de volta.
Ji-woo soltou um suspiro sufocado quando caiu de novo sobre o colchão — colado ao peito do Alfa. A pele dele era quente demais. O corpo, sólido como pedra. Era impossível não se sentir pequeno ali.
— Onde pensa que vai, hmm? — a voz de Tae-hwan soou baixa, arrastada, carregada de um falso tom de tranquilidade que escondia algo muito mais afiado.
Ji-woo engoliu seco.
— Tenho que ir. Trabalho. Bico de entrega. Panfletagem. Sei lá. Me deixa levantar.
— Trabalhar nesse estado? — Tae-hwan soltou um riso curto, o queixo roçando contra os cabelos vermelhos bagunçados. — Tá mal, Ji-woo. Olha pra você. Tá todo marcado, anda torto, e sua cabeça... deve estar explodindo.
Ji-woo tentou se soltar, mas o braço ao redor dele apenas apertou um pouco mais. Ele cerrou os dentes.
— Eu... preciso voltar pra casa.
— Que casa? — Tae-hwan arqueou uma sobrancelha. — Você nem tem casa. Mora com a Hye-jin naquela espelunca de dois cômodos em Mapo. Nem cama sua tem.
A frase caiu como um soco no estômago.
Ji-woo congelou.
Virou o rosto devagar, os olhos arregalados. — Como você...?
Mas antes que pudesse completar a pergunta, sentiu o calor da respiração de Tae-hwan contra sua nuca. O Alfa se aproximou lentamente, quase reverente, até encostar o rosto ali, bem na junção onde o cheiro de ômega era mais intenso. E então inspirou. Longo. Fundo. Como se sorvesse veneno por prazer.
Ji-woo estremeceu inteiro. Não era só o medo. Era a maldita reação corporal. Era o cheiro do Alfa misturado ao dele. Era o cio submerso tentando vir à tona. Era a porra da biologia vencendo de novo.
— Eu tenho que ir... — tentou insistir, a voz falhando. — Sério. Eu...
— Não parece que você consegue nem ficar em pé, Ji-woo. — a voz de Tae-hwan agora era como mel quente com lâminas escondidas. — Que tipo de Alfa eu seria se deixasse você se arrastar pela rua desse jeito? Trabalhar machucado... suado... marcado...?
— Você tá exagerando — Ji-woo resmungou, mas já não parecia tão convencido. Sua postura desafiadora começava a vacilar.
— Fica. Só mais um pouco. — Tae-hwan murmurou, os dedos deslizando pela cintura fina do ômega, desenhando círculos suaves na pele pálida. — Só até você conseguir andar sem mancar.
Ji-woo fechou os olhos com força.
Ele sabia que tinha que fugir.
Mas o corpo... o corpo já estava traindo a mente outra vez.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 33
Comments