o despertar da verdade

O toque de Samy queimava sua pele. Adriele tentou, inutilmente, se desvencilhar, mas a força dele era como uma corrente invisível, envolvendo-a e impedindo qualquer tentativa de fuga. Ela sentiu o calor de seu corpo próximo ao dela, e por um momento, o mundo parecia ter parado de girar. O som de seus corações batendo em uníssono era o único som que ela ouvia, e ela odiava que, em algum nível, isso a atraísse. Ela sabia que algo estava errado, mas não conseguia lutar contra isso. Não contra ele.

— Você acha que pode sair ilesa, anjo? — A voz de Samy soou novamente, e ele sorriu de um jeito que a fez sentir um nó na garganta.

Ela queria gritar. Queria mandar ele embora, correr para longe, mas suas palavras se dissiparam na garganta. O que ela temia mais do que a presença dele era o que ela começava a sentir. A maneira como ele a fazia questionar tudo, até o que acreditava ser verdadeiro sobre si mesma.

— Eu não quero jogar, Samy — disse ela, finalmente encontrando sua voz, mas sua dúvida era clara. — Eu só quero entender o que está acontecendo. O que você sabe sobre mim? Por que isso tudo envolve meu nome?

Ele a olhou, um brilho cruel nos olhos. Estava se divertindo, mas havia algo mais ali. Algo mais profundo. Algo que não ela ainda não conseguia identificar.

— Ah, Adriele, você ainda não entendeu, não é? Não se trata só de você. Não se trata só de mim. Trata-se de algo muito maior, algo que vai te engolir antes que você perceba. Porque você, anjo, foi escolhida para essa parte do jogo. E você não pode escapar.

Adriele tentou resistir, mas ele a puxou mais uma vez, seus corpos agora tão próximos que ela podia sentir a respiração dele em seu pescoço. O cheiro de couro e algo mais, algo metálico e familiar, fez o estômago dela embrulhar. Ele não era só o mistério da escola, ele era o centro de tudo. O ponto que conectava todos os fios soltos na teia do Colégio Saint Raven.

— O que você quer de mim? — ela sussurrou, agora mais fraca, mais confusa. Ela odiava o fato de estar sendo puxada para ele. O ódio que sentia por ele misturava-se com uma atração que ela não podia controlar.

Samy se afastou um pouco, mas o sorriso dele não desapareceu. Ele parecia satisfeito, como se estivesse esperando por aquele momento há muito tempo. Ele se afastou um passo, mas seu olhar não deixava os dela. Ele parecia saber o que ela estava sentindo, o que ela não queria admitir.

— O que eu quero? — Ele fez uma pausa, sua voz baixa e quase divertida. — Eu quero que você acorde, anjo. Quero que você entenda que essa escola, esse lugar, está cheio de segredos. E você faz parte de um deles. Você não vai sair ilesa disso. Ninguém sai ileso. Você não foi escolhida por acaso. E agora, a única escolha que você tem é seguir as regras do jogo, ou ser engolida por ele.

Aquelas palavras cortaram Adriele como uma lâmina afiada. Engolida. Era isso que ele queria dizer com tudo aquilo? Ela estava prestes a se perder completamente em um jogo do qual nem sequer sabia as regras? O que ela sabia era que ele não estava mentindo. Não era apenas o desejo, ou o medo, que a arrastavam para esse abismo. Era algo mais forte, algo que ela sentia em cada célula do corpo.

Adriele tentou dar um passo para trás, mas a parede estava atrás dela. Ela estava encurralada. Ele a havia deixado sem saída. Seu corpo estava tenso, mas, de alguma forma, ela sabia que não poderia ficar ali, aprisionada pela presença dele. Ela tinha que reagir. Tinha que descobrir mais, entender o que estava acontecendo. Mas, a cada palavra, a cada gesto de Samy, ela sentia que estava sendo puxada mais para dentro da escuridão.

— Eu não sei o que você quer de mim, mas você vai me dizer. Ou vai me deixar ir — ela falou com mais firmeza, embora soubesse que não tinha poder algum sobre ele. Mas algo dentro dela se recusava a ceder, a se deixar levar sem mais nem menos.

Samy soltou um riso baixo, quase como um rosnado. Ele parecia divertido, mas havia uma crueldade ali, algo que Adriele não podia ignorar. Ele se aproximou de novo, a distância entre eles reduzida a centímetros.

— Você realmente acha que pode me desafiar, anjo? Você é minha agora. E isso não é sobre o que você quer ou o que você acha que sabe. Isso é sobre o que vai acontecer quando o jogo terminar. E você não pode impedir o fim.

Aquelas palavras a atingiram como um golpe. O fim. O que ele queria dizer com isso? Adriele não sabia mais o que pensar. Sua mente estava uma confusão de emoções e receios. Ela não sabia quem ele era mais. O garoto misterioso, o enigma que a consumia por dentro, ou o monstro que a ameaçava com cada palavra, com cada toque.

— Eu não tenho escolha, tenho? — ela perguntou, mais para si mesma do que para ele.

Samy olhou-a por um momento, como se estivesse avaliando suas palavras. Então, ele se inclinou em direção a ela, seus lábios tão próximos que ela quase podia sentir a umidade deles. Ele sussurrou, e suas palavras saíram como uma promessa sombria.

— Você sempre teve, Adriele. Sempre teve escolha. Mas a verdade… a verdade é que você vai querer jogar. Porque não há nada mais viciante do que o perigo. E o que você sente por mim é só o começo. Você vai ver.

E, com isso, ele se afastou. Deixou-a ali, sozinha, tremendo, com a sensação de estar sendo arrastada para algo do qual não poderia escapar. Não havia como voltar atrás. O jogo tinha começado, e agora, não restava mais nada além de seguir em frente.

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